Sempre que o Grêmio perde, o presidente do clube Flávio Obino é chamado pela imprensa gaúcha para tentar explicar novo fracasso. Jornalista, Obino escapa da pressão usando uma frase feita: “O importante é que este é o Grêmio centenário”.
Verdade – segunda, o tricolor gaúcho completou 100 anos e relembrou as inúmeras glórias, como o título mundial de 83, as Libertadores de 83 e 95, o bicampeonato brasileiro (81 e 96) e as quatro conquistas da Copa do Brasil.
E o que o Coritiba tem a ver com isso? Tudo. Para o técnico Paulo Bonamigo, o adversário de amanhã, às 16h, no Couto Pereira, é esse Grêmio, e não o lanterna do campeonato. Claro que o péssimo retrospecto do adversário conta, mas o treinador quer lembrar ao elenco – e à torcida – que o jogo será difícil, porque do outro lado estará uma equipe que leva cem anos de história nas costas. E isso pode fazer a diferença.
Bonamigo fala com propriedade. Ele fez sua carreira no Grêmio, e esteve nas maiores conquistas do clube – no total, foram sete campeonatos gaúchos, o título brasileiro de 81, a Libertadores e o mundial em 83. A marca tricolor está tatuada no treinador coxa, apesar de ele confessar que tinha o Internacional como time do coração. “Eu tenho muita ligação com o Grêmio, gosto muito do clube”, confessa.
E é por isso que o técnico alviverde pede que os jogadores tenham respeito ao adversário. “O clube tem uma estrutura muito boa, tem história e tradição. E ainda tem na equipe vários jogadores de qualidade: Danrlei, Roger, Claudiomiro, Baloy, Carlos Miguel, Gavião, Tinga, Gilberto, Caio…”, enumera Bonamigo.
E ele tem consciência que, se o Coxa encarar o Grêmio levando em conta tudo que o time gaúcho já fez, será o primeiro passo para a vitória.
Outro que passa o recado é o goleiro Fernando, que se formou nas categorias de base do tricolor gaúcho. “Nós temos que olhar para o todo. Se o Grêmio é o lanterna hoje, em um passado recente estava disputando a Libertadores. E, além disso, é um time de história”, comenta o jogador.
Os outros titulares parecem ter entendido o alerta. “Não temos que nos empolgar. O jogo será muito difícil, um dos mais complicados do campeonato”, diz o atacante Edu Sales.
E tanto Fernando quanto Bonamigo não escondem que querem ver o Grêmio na primeira divisão. “Um time de tradição tem que ficar entre os grandes”, diz o goleiro. “Espero que eles não sejam rebaixados”, confirma o técnico. Mas ambos – e todos no Coritiba – querem que a salvação comece depois da rodada de amanhã. “Gosto do Grêmio, mas que eles não contem com o jogo de sábado, porque precisamos do resultado”, finaliza Fernando.
Sem mistérios na escalação
Não há porque fazer mistérios. Apesar da antecedência, o técnico Paulo Bonamigo confirmou o Coritiba para a partida de sábado, contra o Grêmio, no Alto da Glória. O time trabalhado nos últimos dias está confirmado, e segundo o treinador é uma formação que necessita apenas de ajustes técnicos, já que todos conhecem a formatação tática. E foi isso que baseou o trabalho alviverde ontem.
Para Bonamigo, não há muito o que trabalhar na parte tática. “Os atletas já sabem o que precisam fazer dentro de campo, e isso me deixa mais tranqüilo”, comenta. Ele apenas alertou para detalhes específicos do Grêmio, como as jogadas pela esquerda realizadas por Gilberto, a chegada de Tinga e a velocidade de Caio e Flávio, que devem formar no ataque.
Tirando isso, o treinador quer melhorar tecnicamente o time. “Acho que tem detalhes que a gente precisa ainda melhorar, pois serão importantes para essa reta final do campeonato”, explica. O primeiro passo realizado ontem foi o trabalho de arremates a gol, que vem se tornando freqüente nos últimos dias.
Depois, em campo reduzido, Bonamigo comandou um coletivo, e ele pediu muita movimentação do time. Em certos momentos, ele reclamou do imobilismo dos jogadores de meio-campo e ataque, além de pedir para Lima voltar para recompor o setor de marcação. Esse é um ponto preponderante para o treinador, já que ele quer “compactar” o time. “É importante, porque daí saímos mais rapidamente com a bola dominada e diminuímos os erros”, explica.
O meio-campo, por sinal, foi o setor mais exigido por Bonamigo. A trinca formada por Roberto Brum, Jackson e Lima será a titular a partir de agora, e eles ainda estão em processo de adaptação. “A vantagem é que o Jackson e o Brum já jogavam juntos, e espero que isso facilite”, afirma o treinador. O Coritiba que enfrenta o Grêmio terá Fernando; Ceará, Odvan, Edinho Baiano e Adriano; Reginaldo Nascimento, Roberto Brum, Jackson e Lima; Edu Sales e Marcel.