E Paulo Bonamigo não vai para o Grêmio. A confirmação da permanência de Tite no Olímpico é o fecho de uma história que agitou os bastidores do futebol brasileiro no final de semana, e respingou no Alto da Glória. O assédio aconteceu, mas no final das contas todo mundo vai ficar em seu lugar. E Bonamigo fica tranqüilo para pensar no Coritiba, que enfrenta o Goiás no domingo.
A vida de Tite no Grêmio está relacionada com a possível saída do vice-presidente de futebol Luís Eurico Vallandro e do diretor de futebol Luís Onofre Meira. Eles são os dirigentes que chamaram os jogadores de “ovelhinhas” e estão afastados do elenco e do treinador gaúcho. Este, por sinal, já avisou que só sai se for demitido, enquanto o presidente Flávio Obino disse que Tite só sai se quiser.
Mas os fatos de domingo não pareciam chegar a esse final. Em Porto Alegre, já se contava como certa a saída de Tite para o São Paulo, tanto que se comentava que Hugo de León já estaria no Rio Grande do Sul para assinar contrato. Outro nome forte era o de Renato Gaúcho (Portaluppi para os conterrâneos), do Fluminense. Até mesmo Adílson Batista, que sequer tinha estreado pelo Paraná, era citado no Sul.
No caso de Bonamigo, a história tinha alguns pontos mais profundos. O treinador coxa já havia sido sondado por emissários, e a todos eles disse que cumpriria o contrato com o Cori. Ele não quis dizer se foi procurado no domingo, mas garantiu que não sairia de forma alguma. “Eu tenho que pensar no crescimento do Coritiba, e no que vai acontecer daqui para frente”, comenta o técnico.
Isso inclusive inclui falar em possíveis multas rescisórias – no contrato de Bonamigo com o Coxa, existe uma multa que não foi especificada pelo treinador nem confirmada pela diretoria. Por sinal, o secretário alviverde Domingos Moro nem parecia preocupado com a enxurrada de notícias. “Não nos preocupamos com as especulações porque sabemos o caráter do nosso técnico”, confirma.
A atitude do treinador alviverde foi semelhante à tomada quando surgiu o interesse do Internacional – que inclusive é citado por ele quando conversa sobre uma possível saída do Alto da Glória. “Fala-se muito, como foi quando o Inter estava sem treinador, mas eu nunca deixei de pensar no Coritiba. Não sou técnico de tiro curto, tenho um trabalho no clube que já deu frutos e que ainda tem objetivos a serem alcançados”, finaliza o treinador.
Vizotto assume a culpa
Não era a mesma pessoa. À frente dos jornalistas, falando pela primeira vez sobre a acusação de doping, o goleiro Fernando Vizotto fez transparecer mais o ser humano que o jogador de futebol. Arrependido, ele confessou o erro e admitiu que tentar esconder o problema médico só fez piorar sua situação. Ainda assim, o goleiro quer ?aproveitar? a pequena punição imposta pelo STJD e se anima para jogar domingo contra o Goiás.
Era a primeira vez que Vizotto conversava abertamente sobre o problema vivido por ele, que está suspenso até sexta-feira por causa do aparecimento do esteróide clostebol no exame anti-doping, depois da partida contra o Vasco. “E queremos que seja a última, já que precisamos preservar o homem”, comentou o secretário Domingos Moro, que esteve ao lado do goleiro, do médico Walmir Sampaio e do advogado do clube Fernando Barrionuevo.
E o homem Fernando Vizotto abriu-se. “Acho que eu cometi um grande erro ao procurar um médico sem avisar o clube”, confessou o goleiro. O problema que o fez procurar o médico urologista não foi declinado, assim como quem prescreveu a pomada Novaderm. “Nós temos que manter a ética médica”, justificou Walmir Sampaio.
Pego no exame, Vizotto percebeu que a atitude tomada transformou-se em uma bola de neve. “Eu pensei em me preservar, e acabei me expondo ainda mais”, completou. “Quando eu vi a notícia no Jornal Nacional, veiculada de uma forma preconceituosa, me preocupei com o Fernando”, contou o médico alviverde, que chegou a pedir na preleção que os jogadores vencessem o Guarani e oferecessem o resultado para o goleiro.
Enquanto isso, Vizotto encarava a dura realidade. “Foram momentos muito complicados, porque eu tive que encarar a minha família, depois de expô-los nessa história toda”, relatou. O goleiro passou o final de semana em Americana (SP), e disse ter voltado mais forte. “Foi muito importante para mim receber o apoio dos meus familiares, que entenderam a minha situação”.
E, animado, Vizotto até pensa em jogar contra o Goiás, já que sua suspensão preventiva expira na sexta-feira. “A opção é toda da comissão técnica, mas eu estou pronto para jogar”, garantiu o goleiro, que voltou ontem a treinar. “A suspensão que nós aplicamos foi um posicionamento contrário à atitude dele, mas a partir de agora o Fernando Vizotto está liberado para jogar”, confirmou Domingos Moro.
Só o simples fato de poder jogar animou Vizotto, que teme ser suspenso. “Quem pode ser proibido de praticar sua profissão fica com medo, mas eu espero que eu possa continuar jogando”, afirmou. Segundo Fernando Barrionuevo, a defesa coxa pretende absolvê-lo. “Com as provas que temos, nossa intenção é liberá-lo”, garante o advogado coxa. Entretanto, se for suspenso, o goleiro pode pegar de quatro meses a um ano de gancho.