Bonamigo fica no Coritiba para tentar recuperação

Bonamigo segue, firme e forte. A ameaça do final de semana se esvaiu, e o treinador assume agora a obrigação de recuperar a equipe no campeonato brasileiro. Ao lado dele – e para reforçar a ajuda ao treinador – estão os jogadores, que buscam uma reabilitação técnica dentro da competição.

No meio disso está o Coritiba, que precisa desesperadamente da vitória amanhã, contra o Cruzeiro, para manter as chances de classificação.

O treinador encarou ontem a última reunião com a diretoria. Esta foi mais abrangente, inclusive nos componentes: participaram o presidente Giovani Gionédis, o vice José Arruda e o secretário Domingos Moro, além de toda a comissão técnica. “É o momento de apoio. Tudo que a diretoria poderia fazer já fez. Estamos dando todo o nosso auxílio”, diz Moro.

Bonamigo mostrou serenidade ao comentar o assunto. “Eu sei que no futebol vivemos de resultados, e dentro do nosso planejamento nós tínhamos como objetivo conquistar o maior número de pontos na primeira fase da competição. Mas ninguém pensava que isso fosse acontecer”, analisa. O treinador acredita que fatores técnicos complicaram o caminho coxa na competição. “Perdemos aquele poder de marcação que era tão importante na nossa equipe”, diz.

Além disso, ele aponta um outro problema. “Nós parecemos não ter mais aquela vontade de vencer os jogos”, afirma o treinador, que garante saber da sua situação. “Eu estou trabalhando normalmente. Sei da minha responsabilidade e sei que o Coritiba precisa urgentemente de um resultado positivo, para readquirir aquela confiança que nós perdemos”, completa.

Mas ele não vai tentar sozinho. Os jogadores, também conscientes da crise do time e das dificuldades de Bonamigo, entraram no espírito de ?reabilitação já?. “É duro você ver a equipe que foi líder agora estar em décimo-segundo. Mas fomos nós que construímos aquela situação, e por isso temos todos as condições de reverter esse quadro”, diz Tcheco, que tem mais motivos para querer a recuperação do Cori. “Não tenho nada contra o Malutrom, mas quero permanecer no Coritiba”, garante.

E eles sabem que nessas horas a personalidade forte aparece. “Eu prefiro viver sob pressão, e sei que meus companheiros também vão se recuperar. Tenho certeza que vamos chegar entre os oito”, afirma Sérgio Manoel. Tcheco tem até uma receita para a classificação. “Nós conversamos com a comissão técnica e nos convencemos que estamos falando muito e jogando pouco. Está na hora de jogarmos mais”, finaliza.

Bonamigo chuta o balde e monta um novo time

O Coritiba que entrar em campo amanhã, contra o Cruzeiro, no Alto da Glória, deverá ser muito diferente daquele que o torcedor está acostumado. Com quatro desfalques certos, o técnico Paulo Bonamigo deve mexer na equipe. Mas não somente nessas posições. Alguns titulares absolutos podem acabar barrados. É uma das formas que o treinador está usando para agitar o elenco. Apesar disso, ele não deve prescindir do esquema tático usado desde o início do campeonato brasileiro.

Para quem talvez não acreditasse que o treinador pudesse tomar essa atitude, o time-base do trabalho de ontem seria uma surpresa: Fernando; Ceará, Pícoli, Juninho e Adriano; Willians, Roberto Brum, Tcheco e Sérgio Manoel; Alexandre Fávaro e Marcel. “Acho que está na hora de dar uma mexida na equipe”. A frase de Bonamigo nunca foi tão profunda.

O técnico sabe que a hora é de tomar atitudes. Ele já teria que fazer isso obrigatoriamente, já que não tem os suspensos Danilo e Da Silva, e os lesionados Edinho Baiano e Reginaldo Nascimento. Edinho sentiu uma fisgada na coxa direita e foi vetado para as duas próximas partidas (amanhã e sábado, contra o Inter).

Já Nascimento segue com dores no joelho, e também desfalca o Cori nos próximos dois jogos. A lesão chega a intrigar quem acompanha o dia-a-dia do clube (até mesmo dirigentes), mas os médicos garantem que a recuperação não é demorada. “Uma torção de joelho como a dele demora um mês para a recuperação completa. Fizemos o máximo para colocá-lo em condições antes, mas agora decidimos que ele só volta quando estiver bem”, explica o médico William Yousef.

Além deles, Lúcio Flávio também está entregue ao departamento médico coxa. Ele está com dores musculares, e será reavaliado na tarde de hoje, antes do treino que acontece no Couto Pereira. Mas, mesmo recuperado, Lúcio pode ficar de fora da equipe. A má fase que ele atravessa pode acabar tirando-o do time. Outro que pode passar pela ‘guilhotina’ é Reginaldo Araújo, que também não vive bom momento.

Faltam doze pontos para alcançar a vaga

“Fato novo” é uma locução fartamente usada no futebol brasileiro. Geralmente ela é usada quando os clubes decidem mudar o seu comando, trazendo um novo técnico ou mesmo alterando a diretoria. Mas, para o Coritiba, o fato novo nem precisa ser tão novo. Saudado como a surpresa da primeira parte do campeonato brasileiro, a equipe quer voltar a ser essa surpresa a partir do jogo de amanhã contra o Cruzeiro.

O fator surpresa é usado como explicação pelos alviverdes. Segundo muitos, quando poucos conheciam o Coritiba, a equipe conseguia impor seu jogo com mais facilidade, tanto dentro quanto fora do Alto da Glória. “Agora isso é mais difícil, porque todo mundo sabe como nós jogamos”, confessa o técnico Paulo Bonamigo. Somando isso à má fase técnica de alguns jogadores, o Cori chega ao pior momento na competição, sem vitórias há seis jogos.

E um dos objetivos principais do treinador é acabar com o imobilismo tático da equipe, que de surpreendente passou a ser burocrática. “Nós temos que voltar a conseguir ter aquele equilíbrio de atacar bem e defender da mesma forma”, resume o zagueiro Picolli. Esse equilíbrio tático, muito citado na semana passada, foi visto (segundo Bonamigo) em alguns instantes do clássico contra o Atlético. “Depois nós sofremos o gol, e a equipe sentiu muito”, analisa o treinador.

Esse é outro sintoma da crise técnica coxa. Em outras oportunidades, como contra Flamengo, Goiás e Santos, o Coritiba conseguiu recuperar-se e deixou o campo com a vitória – era a época dos sucessos e da liderança, que chegou contra a Portuguesa. “Tem horas que também a sorte não ajuda. As bolas não andam entrando”, reclama o goleiro Fernando.

Agora, na marra ou não, o Cori precisa de no mínimo doze pontos, nos jogos que restam (Cruzeiro, Internacional, Atlético-MG, Paraná, Figueirense e Gama). Tendo uma partida a mais que os adversários, a equipe tem chances maiores que alguns rivais diretos, mas muito menos que tinha há um mês. “Precisamos de atitude, porque nosso tempo está passando e temos que ganhar quatro jogos, seja dentro seja fora de casa”, finaliza Picolli. (CT)

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