Não se sabe se é para fazer mistério. Mas o Coritiba viaja esta manhã para Goiânia sem Reginaldo Nascimento, e com quatro opções de formação para a partida de amanhã contra o Goiás – das mais defensivas às mais ofensivas. O técnico Paulo Bonamigo quer, no final das contas, surpreender o adversário, e principalmente o técnico Cuca, que até duas semanas atrás treinava o Paraná Clube.
A primeira opção seria Willians, que fora liberado pelos médicos. Só que ele não resistiu à exigência do coletivo de ontem e nem vai compor a delegação para o Centro-Oeste. Era provável, pela preocupação demonstrada antes por Bonamigo. “Não posso esquecer que no outro final de semana tem o Atletiba”, admite o treinador.
Abriria-se a possibilidade da entrada de Pepo jogando na função de Nascimento. Mas Bonamigo ainda tem dúvidas quanto à utilização do volante. “Eu não sei se ele conseguiria fazer a função pela esquerda”, explica o treinador. Mesmo assim, a opção mais ?próxima? do que o técnico imagina da estrutura tática da equipe é essa. Outro pensamento seria mudar o esquema tático, jogando em um 4-4-2 e escalando Pepo como primeiro volante.
Tentando manter o esquema tático, a opção de Bonamigo seria Nivaldo, que não só faria seu primeiro jogo no Brasileiro, como estrearia com a camisa alviverde. “Eu posso tentar o Nivaldo, jogando com três zagueiros de ofício”, confirma o treinador. “Eu ganharia no porte físico e na força de marcação, mas teria problemas”, confessa o técnico, sem querer especificar que problemas seriam.
Resta então a proposta de jogo mais ofensiva. Ontem, Bonamigo não usou nem Pepo nem Nivaldo no coletivo. Trabalhou sim, e durante todo o tempo, com Edu Sales no ?lugar? de Reginaldo Nascimento. A formação recua Jackson e Tcheco, enquanto Lima e Edu Sales ficam como pontas-de-lança – e o time fica mais forte no ataque. No treino, a equipe foi bem. “Gostei da transição entre defesa e ataque. O time ficou mais rápido, e mais agressivo”, elogia o treinador. Mas seria essa a opção de Bonamigo? Ninguém sabe. “Quero conversar com os jogadores, e depois tomo a decisão”, desconversa.
Bonamigo conta com um tempero extra para vencer o Goiás
Que o Coritiba tem uma das melhores campanhas do campeonato brasileiro jogando fora de casa, todo mundo sabe. Mas o Coxa também dá mostras de saber como jogar longe do Alto da Glória. Os três bons resultados foram conseguidos contra equipes que sofriam forte pressão, e que acabaram sucumbindo a ela. Melhor para o Cori, que tem mais uma chance para provar o bom momento, na partida contra o Goiás, amanhã, às 16h, no Serra Dourada.
Logo na primeira rodada do campeonato brasileiro, o Coritiba conseguiu um empate contra o Flamengo no Maracanã e quase saiu de lá com uma vitória, não fosse o gol de André Bahia aos 46 minutos do segundo tempo. O time carioca ainda penava nos primeiros dias do comando de Nelsinho Baptista, e na geral a torcida apresentava notas de um real e chamava os jogadores de “mercenários”.
Depois, o Cori aproveitou-se da pressão que envolvia o Atlético-MG, que começara o brasileiro na liderança e já a tinha perdido para o rival Cruzeiro. A torcida que comparecera ao Mineirão vaiou o Galo desde o gol de Tcheco, no primeiro tempo, ?queimou? o ex-coxa Lúcio Flávio e enervou ainda mais o time de Celso Roth que, por sinal, também era homenageado com o coro de “burro, burro”.
A segunda vitória fora de casa aconteceu contra o Paysandu, que dias antes tinha sido eliminado da Taça Libertadores pelo Boca Juniors em pleno estádio Mangueirão. A crise se desenhava, e o técnico Darío Pereyra estava ameaçado. Não deu outra: jogando bem e aproveitando-se do nervosismo dos paraenses, o Cori venceu com tranqüilidade e chegou a ser aplaudido pelos torcedores locais.
O caso do jogo contra o Goiás é bem semelhante: mesmo trocando Candinho por Cuca, o time segue na lanterna do Brasileiro, e pressionado por diretoria, torcida e imprensa. É um cenário quase ideal para o Cori conseguir mais três pontos longe do Couto Pereira. “Nós temos a possibilidade de explorar esses fatores em nosso favor”, concorda o técnico Paulo Bonamigo.
Os jogadores também concordam que é o momento do Coritiba aproveitar a crise goiana. “Se mantivermos a calma, poderemos buscar a vitória, que seria importante na nossa soma de pontos”, admite Jackson, um dos mais empolgados com a evolução da equipe. “Em Belém, nós jogamos bem e enervamos o adversários. É isso que temos que fazer em Goiânia”, completa o lateral Maurinho. Mas Bonamigo não quer pensar muito nisso. “Nossa responsabilidade é com o Coritiba. Não posso ficar olhando para o que está acontecendo com o Goiás, e sim com as soluções que podemos criar na partida”, finaliza o treinador coxa.