Pepo treinou na zaga e Reginaldo
Araújo volta à lateral.

A dúvida permaneceu. Depois de testar três formações no coletivo de ontem, o técnico Paulo Bonamigo preferiu deixar a definição da equipe para hoje, véspera da partida contra o Atlético-MG, às 20h30, no estádio Independência.

Para completar, ele perdeu um dos jogadores que vivia boa fase – lesionado, Ceará é o quinto desfalque alviverde.

A lesão do lateral-direito aconteceu no final do treino. O jogador sentiu dores na coxa, e acabou constatada uma contratura muscular no local, tirando-o da partida. Com isso, Reginaldo Araújo ganha nova chance no momento que ele já parecia resignar-se com a reserva. Por sinal, Araújo foi um dos destaques do treino, marcando um belo gol.

Além do problema de última hora, Bonamigo ainda precisa decidir como vai montar o time na defesa. A primeira opção testada foi a que pontuou o treino de segunda. Pepo foi usado como terceiro zagueiro, jogando na mesma função de Nascimento.

Depois, Danilo foi usado na função, formando o trio de zagueiros de ofício com Picolli e Juninho. Mas, para tentar facilitar o trabalho deles, Bonamigo alterou as posições: Picolli passou da direita para o meio; Juninho foi do meio para a esquerda e Danilo (que deveria jogar na esquerda) acabou ficando na direita.

A opção final é justamente aquela que Bonamigo mais gostaria de usar, mas ainda não sabe se poderá usá-la. Reginaldo Nascimento chegou a treinar ontem, mas ficou todo o tempo na equipe reserva. Por isso, Reginaldo será ainda avaliado hoje, no treino que acontece na Toca da Raposa, em Belo Horizonte. “Quero conversar com ele e sentir como será a reação dele aos treinos. Se ele estiver bem, é claro que pretendo colocá-lo”, admite o treinador. Se Nascimento não jogar, o titular deverá ser mesmo Pepo, jogando como terceiro zagueiro.

Disputa

Paulo Bonamigo ainda não confirmou a equipe e, portanto, Lima e Da Silva ainda não podem se considerar titulares para a partida de amanhã. Os dois treinaram durante todo o coletivo, mas Marcel ainda está cotado para enfrentar o Atlético-MG. Este disputa posição com Da Silva, já que o treinador coxa acredita que Marcel e Da Silva ocupam a mesma faixa do gramado.

Coxa não se importa de ficar enclausurado em um hotel

Já imaginou? Ontem o elenco do Coritiba completou exatas três semanas em regime de concentração. Desde o dia 22 de outubro os jogadores estão reunidos em um hotel para focar-se exclusivamente na classificação para as quartas-de-final do campeonato brasileiro. Eles abdicaram das famílias e do convívio social para encarar a mais dura batalha da temporada.

E não imagine que eles reclamam. “É uma iniciativa positiva, porque tudo que for feito em benefício do elenco é importante”, elogia o capitão Pícoli. “Acho que a diretoria fez a coisa certa, pois nessa hora é importante estarmos totalmente voltados para esse momento do campeonato. Apesar de ficarmos longe da família e dos amigos, está tudo bem”, concorda o volante Roberto Brum.

Esse talvez seja o primeiro grande adversário: a saudade da família. “Para quem tem família morando perto, como eu, é complicado”, confessa o zagueiro Juninho. Tentando diminuir a falta dos mais próximos, a diretoria promove encontros regulares dos jogadores com as famílias, além das folgas semanais (que não chegam a durar 24 horas) e mesmo ‘surpresas’, como convidar todos os parentes dos atletas para um jantar festivo logo após a vitória sobre o Cruzeiro. “E quando dá, minha esposa assiste ao treinos que acontecem no Alto da Glória”, completa Juninho.

O segundo adversário dos jogadores é a falta de diversões – ou o excesso de tempo livre. “Quando treinamos em dois períodos, como foi na segunda, o tempo que a gente fica no hotel serve só para descansar”, confessa Pícoli. “De resto, tem muita conversa”, aponta Juninho. “Falamos quase todo o tempo sobre futebol. Quando o tema do momento é outro, como foi durante as eleições, até mudamos de assunto”, admite Roberto Brum.

O terceiro – e que seria o maior – adversário é o convívio. Se na família, onde os desejos e opiniões são mais próximos, acontecem brigas, seria natural que acontecessem problemas de relacionamento em uma concentração tão longa. Mas os jogadores mais experientes conseguiram uma fórmula para aliviar o ambiente. “Fica claro que todos nós temos que ceder um pouco. Não podemos só pensar na nossa vida, mas sim no que cada um aqui pretende. E o ponto principal disso tudo é o desejo de todo o grupo, que quer a classificação”, resume o goleiro Fernando.

Com isso, o Coritiba pós-concentração é mais unido e mais entrosado. “É natural, porque a gente conversa entre si sem preconceitos e com liberdade. De manhã forma-se um grupo para conversas, e de tarde já falamos com outros companheiros. Com isso, aos poucos todos estão mais próximos, e assim vamos ganhando mais força para as decisões que vem pela frente”, analisa Roberto Brum, em sua forma peculiar.

Comando

Somente os jogadores estão todo o tempo concentrados. A comissão técnica montou um rodízio de acompanhamento no Hotel Vernon. “Quase sempre tem um de nós com o elenco. Quando necessário, ficam dois”, explica o preparador físico Róbson Gomes. Na noite de terça, por exemplo, o ‘escolhido’ foi justamente o técnico Paulo Bonamigo.

Tcheco sempre teve confiança

No pior momento do Coritiba, Tcheco foi sincero. Disse que esperava a recuperação da equipe porque sentia nos jogadores capacidade para isso, e que necessitava dessa reabilitação para, quem sabe, permanecer no Alto da Glória. E, pelo jeito, ele está conseguindo os seus objetivos. O dínamo do time de Bonamigo fez a sua melhor atuação no Cori contra o Inter, sendo de novo fundamental para uma vitória alviverde.

E, neste jogo do Beira-Rio, Tcheco ganhou uma ‘motivação’ a mais: quinze minutos antes do gol, ele fizera uma arrancada semelhante, acabou derrubado por Ronaldo e o árbitro Edílson Pereira de Carvalho não marcou a falta.Pior, deu o cartão amarelo ao coxa. “Eu fiz a jogada para cavar a falta. E o cara me acertou e o juiz não deu nada. O gol poderia ter saído antes”, lamenta o meio-campista.

Por isso, quando ele roubou a bola de Claiton, aquela história voltou à sua cabeça. “Eu acreditei na jogada e parti com tudo. Mas se o Lima não acreditasse no lance, nada teria acontecido. Eu tenho que agradecer a ele por ter confiado em mim”, diz Tcheco, que também valoriza o preparo físico comandado por Róbson Gomes. “Jogar com um a menos como jogamos e conseguir vencer no final é uma prova de que estamos muito bem fisicamente.”

E a evolução física coincide com a recuperação moral. Ainda mais agora, que o Cori retornou ao grupo dos oito melhores classificados. Quando dos seis jogos sem vitória, Tcheco chegou a dizer que os jogadores (incluindo ele) estavam “falando muito e jogando pouco”. Essa, entre outras fortes declarações, acabou ajudando a recuperação do time. “Deu certo, porque nós pudemos nos concentrar apenas nos jogos. A força do grupo e o trabalho do Bonamigo foram fundamentais na nossa reabilitação”, afirma.

Mais ainda para ele, que olha para o presente pensando no futuro. “Não tenho nada contra o Malutrom, mas estou no Coritiba para permanecer. Quero ficar aqui”, garante Tcheco, que está cada vez mais confiante na classificação alviverde. “O Coritiba está crescendo na hora certa, e nós vamos estar entre os oito”, finaliza. (CT)

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