A discussão toma conta de muitos clubes do futebol brasileiro e se tornou uma prática comum, mas os atrasos de salários e o não cumprimento de acordos financeiros com atletas e funcionários podem estar com os dias contados. Se depender do Bom Senso FC, os clubes serão obrigados a seguir regras para evitas os calotes.
O “Fair-Play financeiro”, como está sendo chamada a proposta, parte de três tópicos: garantir mecanismos para que os salários sejam pagos em dia e encorajar os clubes a competir apenas com valores das suas receitas; assegurar que os clubes resolvam os seus problemas financeiros, introduzindo mais disciplina e racionalidade na gestão de suas finanças; e diminuir a pressão sobre salários e verbas de transferências, limitando o efeito inflacionário e encorajar investimentos a longo prazo nas categorias de base e em infraestrutura.
Hoje poucos clubes podem dizer que pagam seus funcionários em dia. “Por todos aqueles clubes que passei aqui no futebol brasileiro eu tive dificuldade para receber, principalmente nos últimos meses de contrato. Aí você tem que entrar na Justiça e esperar um período de cinco a dez anos para receber”, contou o goleiro Dida, do Inter, em depoimento no site do Bom Senso FC.
Em são Paulo foi criado um Fair-Play financeiro, mas na prática não funciona. Pela regra existente no estado, sete jogadores de uma equipe têm que ir ao sindicato reclamar o atraso de salário, e só a partir de uma denúncia é que o clube é cobrado. “O que acontece? Quando o cara é de um time pequeno ele prefere ficar no clube mesmo sem receber porque é a única oportunidade de jogar e ser visto. Em contrapartida, em um time grande quando você está sem receber o que você faz, você não pode reclamar, porque senão você não pode andar na rua por pressão da torcida. Imagina qualquer jogador de um time grande que faz seu time perder três pontos dentro de uma competição porque está com salário atrasado”, afirmou o zagueiro Paulo André, um dos líderes do movimento e que atua no Shanghai Shenhua, da China.
Segundo o Bom Senso, nos últimos 5 anos – apesar do crescimento das receitas dos principais clubes brasileiros – as dividas aumentaram em 90%. Segundo Alex, a nova proposta deve equilibrar o mercado. “A gente vê clubes menores perdendo jogadores para clubes maiores devido a oferta salarial e essa oferta salarial não vai ser paga, vai ser assinada. Mas se esse clube maior não pagar seu jogador, o jogador vai ter que ir para a justiça para brigar. Aí que entra o Fair Play para equilibrar. Se um clube X ganha 100 mil ele vai gastar 100 mil, não pode gastar 150 mil”, disse o camisa 10 do Coritiba, um dos comandantes do Bom Senso FC.