O Bom Senso FC reagiu de forma dura à ameaça de punição aos atletas que protestassem contra o calendário brasileiro. Nesta quinta-feira, o grupo de jogadores que reivindica melhorias nas condições de trabalho emitiu mais uma nota oficial, desta vez para lamentar a “tentativa de censura” na partida entre São Paulo e Flamengo, ocorrida na noite anterior, em Itu (SP).
Foi combinado pelo Bom Senso que, antes de todas as partidas da 35.ª rodada do Brasileirão, seria respeitado um minuto de silêncio, com os jogadores permanecendo de braços cruzados. Mas, no jogo em Itu, o árbitro Alicio Pena Junior, atendendo ordem da CBF, comunicou os jogadores que não permitiria o minuto de silêncio e que daria cartão amarelo a todos os 22 jogadores se eles cruzassem os braços.
Rogério Ceni então liderou os dois elencos para que chutassem a bola de um lado para o outro do campo, por um minuto, enquanto a maioria de jogadores ficava de braços cruzados. Alicio Pena Junior nada fez e apenas correu de um lado para o outro, seguindo a bola, ainda que os jogadores não se deslocassem.
“O Bom Senso reprova toda e qualquer tentativa de se evitar que os atletas se expressem de maneira pacífica e sem prejudicar o andamento do espetáculo. Os jogadores não estão descumprindo nenhum item do regulamento da competição. Em todas as partidas houve o pontapé inicial e o início do jogo. Ninguém foi prejudicado”, anota o texto, que usa letras maiúsculas para “nenhum”, “todas” e “ninguém.
Nesta quinta-feira, a rodada segue com mais três jogos e a CBF, principal alvo das críticas, tem tempo para se precaver contra os protestos. Mas o Bom Senso ameaça endurecer as críticas se foram inibidos de se expressar.
“Demonstramos nossa preocupação com os jogos restantes desta rodada, esperando que nenhum profissional ou clube seja prejudicado ou punido. Que todos tenham Bom Senso. Caso haja a tentativa de evitar que os jogadores se expressem de forma pacífica, providencias drásticas serão tomadas. Esperamos uma posição oficial, seguida de atitudes benéficas para o futebol brasileiro”, completa o texto.
Ao cruzar os braços, os jogadores deram sinal claro de que o gesto, por enquanto literal, pode ir para o campo simbólico, com a ameaça de greve. Essa postura já havia sido avisada na nota emitida terça-feira. “Enquanto não obtivermos um retorno oficial, as manifestações aumentarão a cada rodada”, avisava o Bom Senso, na terça.
Esta é a segunda manifestação do grupo antes de partidas do Brasileirão. Na 30.ª rodada, os atletas se abraçaram antes do apito inicial, intercalando jogadores das equipes adversárias, de forma a mostrar união num momento em que o movimento ganhava força.
Os jogadores cobram da CBF uma calendário que contemple maior período de pré-temporada, além de fair play financeiro. A confederação já prometeu que em 2015 serão 30 dias de férias e 30 de pré-temporada, mas os atletas querem mais. Defendem número máximo de jogos por mês (sete) e a punição a clubes que atrasam salários e impostos.