Esqueça o silêncio total para a concentração dos atletas. Na disputa do BMX freestyle park, modalidade do ciclismo que estreou nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Buenos Aires, e estará no programa da Olimpíada de Tóquio, em 2020, a música alta serve de combustível para os competidores saltarem rampas e fazerem manobras ousadas. A cada voo, o público vai ao delírio.
Na região mais turística de Buenos Aires, em Puerto Madero, o Parque Urbano tem recebido milhares de fãs para acompanhar a disputa do BMX freestyle, além de basquete 3×3, escalada esportiva, remo, canoagem e até o breakdance. Apenas esta última não estará nos Jogos de Tóquio. “Foi uma jogada de mestre a inclusão dessas modalidades”, disse a ciclista Duda Penso, que competiu nesta quinta-feira.
A garota de Francisco Beltrão, no Paraná, fez uma boa apresentação, melhor que no dia anterior, mas ficou longe do pódio, na sexta posição. Wesley Moraes, o representante brasileiro no masculino, foi um pouco pior. “A experiência aqui valeu demais. Competi com pessoas de alto nível e agora é treinar cada vez mais. Já competi na minha cidade, mas nunca nesse nível, com muitas pessoas vibrando”, afirmou o garoto, elogiando a atmosfera local.
O público realmente vibrou bastante, ainda mais por causa da medalha de ouro conquistada pela Argentina. Para Duda, a experiência valeu a pena, mesmo sem o pódio. “Eu pretendia ter ido muito melhor, principalmente no primeiro dia. O que mais queria era a medalha, mas acabei caindo na primeira volta e isso é coisa que acontece no esporte”, comentou.
Para ela, a modalidade vai crescer bastante ao se tornar olímpica. “A inclusão dessas novas modalidades é fundamental para o crescimento do movimento olímpico. Acho incrível ter o BMX freestyle, o basquete 3×3, a escalada, além do surfe e do skate, no programa dos Jogos, pois isso vai atrair muito mais o público jovem em torno do esporte”, explicou.
Ela começou a andar em sua cidade no interior do Paraná desde pequena. Quando ganhou a primeira bicicleta, gostava de pular a calçada e montava rampinhas com tijolo e madeira. Foi então que viu, perto da casa de sua avó, que algumas pessoas andavam de bicicleta em uma pista de skate que ficava próxima. Então ela começou a praticar, mesmo sem o equipamento adequado, até conseguir juntar dinheiro ter uma bicicleta melhor. Foi aí que passou a evoluir rápido.
Claro que a pista de sua cidade é mais simples que as usadas em competições internacionais. Em sua cidade, o piso é de cimento e quando um atleta cai, a chance de se machucar é maior. “Os tombos são imprevisíveis e acontecem com frequência. Já quebrei dente, tive várias torções no pé, mas de tanto que gosto do esporte vou me acostumando”, contou. “Já fui várias vezes para São Paulo, que é um grande polo do BMX, e também fui para os Estados Unidos. A preparação para os Jogos da Juventude foi intensa.”
Para ela, os Jogos de Tóquio estão logo ali. “Todo atleta que está aqui sonha em estar em Tóquio daqui a dois anos ou em Paris, em 2024. Tudo depende de garra, treino e determinação e isso não vai faltar. Vou ralar cada vez mais para ir em busca dessa vaga. O nível olímpico é ótimo, mas eu fiquei em quarto no Mundial juvenil, fiquei entre as seis do mundo no adulto. Estou na briga”, disse.