Quando César Cielo caiu na água para a final dos 50 m livre do Troféu Maria Lenk, nesta manhã, no Parque Aquático Júlio Delamare, havia grande expectativa de que ele nadasse abaixo dos 21s73 conquistados na terça-feira, o melhor tempo da temporada no mundo. No entanto, o nadador do Flamengo fechou com 21s95 e levou o ouro. Apesar de se dizer satisfeito com a marca e a vitória, Cielo lamentou o tempo nublado e o fato de não estar em 100% de suas condições. Seu treinador, Alberto Silva, julgou que o pupilo não “encaixou a saída”. Mesmo sem procurar desculpas para o desempenho de Cielo, Alberto deixou transparecer chateação com os blocos de saída utilizados na competição.
Os novos blocos utilizados no Campeonato Brasileiro Absoluto de Natação são um dos personagens do torneio e centro de uma polêmica. Fabricados no Brasil, eles tentam simular aqueles utilizados nas Olimpíadas e no Mundial, da marca Omega. No entanto, Alberto aponta diversas diferenças técnicas que dificultam a preparação dos atletas de ponta do País para as grandes competições internacionais.
“Uma coisa é ter um bloco parecido, outra é o bloco que vai ser usado (no Mundial). Se você tem o mesmo bloco, pode fazer todos os ajustes, a preparação ideal. O genérico serve para um determinado momento. Para apurar os detalhes não dá”, comentou o técnico do campeão olímpico e mundial.
Segundo Alberto, um pedido foi feito ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e à Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) para a aquisição dos blocos da Omega, utilizados desde as Olimpíadas de Pequim, em 2008. Ele espera que a solicitação seja atendida ainda para o segundo semestre deste ano. Depois, portanto, do Mundial de Xangai, em julho.
“Existe uma série de dificuldades. São poucos os locais do mundo que têm esses blocos. Você tem que autorizar a verba, importar, tem o tempo de fabricação, de envio e instalação. Não é simples”, argumentou Ricardo de Moura, superintendente técnico de natação da CBDA. “O custo é muito mais alto”.
O dirigente disse ainda que a confederação faz o possível para dar aos atletas as melhores condições de treinamento, dada a “pressão para buscar a excelência” que sofrem os nadadores. Mas o que mais aborrecia Alberto Silva era que os competidores não foram procurados antes da produção do bloco similar nacional.
“Bastava que nos procurassem com o protótipo. Em cinco minutos, os atletas já identificaram vários problemas que poderiam ser modificados antes que mandassem fabricar em série”, apontou o técnico.
A preparação de Cielo a partir de agora vai justamente privilegiar competições que já possuem o bloco do Mundial, para deixá-lo completamente adaptado ao equipamento. Ele vai treinar, juntamente com outros integrantes da seleção brasileira, em Crystal Palace, em Londres, e participar do Open de Paris, em junho, para chegar a Xangai em sua plena capacidade.
