Os países sul-americanos levaram a maioria dos seus votos para Joseph Blatter e garantiram suas vagas na Copa do Mundo. Neste sábado, a Fifa se reuniu e definiu os lugares para cada confederação nos Mundiais de 2018 e 2022. A América do Sul temia perder uma das vagas diante da pressão internacional. Mas, assim que venceu, Blatter declarou: “Não mexeremos na Copa do Mundo”.
A declaração de Blatter foi comemorada pelo presidente da Conmebol, Juan Napout. “Vamos manter as mesmas vagas até 2022”, disse, ao deixar a reunião nesta manhã em Zurique.
Antes da vitória de Blatter, Napout admitia que a perda da vaga era “uma chance real”. Para complicar, a ausência de Del Nero poderia afetar a votação deste sábado. O brasileiro é um dos 25 membros do Comitê Executivo da Fifa e um dos três representantes da Conmebol no organismo que seria “o governo da Fifa”. Sem o voto de Del Nero, que não pode ser substituído pelas regras, a Conmebol ficaria enfraquecida na decisão sobre a vaga para a Copa.
Os sul-americanos têm quatro vagas garantidas para a Copa e uma quinta vaga passa por uma repescagem. Mas a pressão era para que essa meia vaga fosse transferida a outro continente. A redução ainda ocorreria no momento de maior rivalidade entre as seleções sul-americanas, com o fortalecimento do futebol da Colômbia, Chile e outros. Antes de ser detido, em entrevista ao Estado, José Maria Marin indicou que o Brasil teria “sérios problemas” para se classificar para o Mundial de 2018.
BARGANHA – A disputa pelas vagas passou a fazer parte da campanha eleitoral e Blatter colocou a reunião para deste sábado justamente para poder barganhar apoio para sua eleição. “Ele está jogando com isso”, declarou Michel Platini, presidente da Uefa. O francês insistiu que não vai aceitar ter menos de 14 lugares para as seleções europeias em 2018, incluindo Rússia, e 13 no Catar.
Mas a pressão sobre os sul-americanos não vinha apenas da Uefa. Outros continentes insistiam que, se de fato o evento é global, não seria equilibrado manter um sistema em que quase metade dos sul-americanos vão ao Mundial. Blatter, em buscas de votos para sua reeleição, declarou diante dos países da Concacaf (América do Norte e Central) que a região deveria passar de três vagas e meia para quatro. “Se a Copa ficar com 32 times, defendo que a Concacaf tenha quatro lugares”, disse.
Grupos, como o da Oceania com onze seleções, deixaram claro a Blatter que iriam apoiá-lo se conseguissem pela primeira vez uma vaga automática no Mundial. A atitude de Blatter de sair em busca de votos usando o Mundial foi duramente criticada por seus adversários durante meses. “Minha preocupação é a de que essa decisão de vagas seja usada por razões políticas ao se fazer promessas que podem não ocorrer”, alertou Ali bin Al Hussein, candidato derrotado.