O presidente da Fifa, Joseph Blatter, lamentou nesta segunda-feira os cânticos racistas proferidos por torcedores da Roma no clássico diante do Milan, no último domingo, em Milão, pelo Campeonato Italiano, e prometeu que a entidade irá agir para coibir este tipo de prática.
O dirigente disse ter ficado “chocado” quando soube que o atacante Mario Balotelli, que é negro e atua pelo Milan, foi alvo de coros de teor racista, fato que motivou o árbitro Gianluca Rocchi a paralisar a partida no segundo tempo, antes de reiniciá-la quase dois minutos depois. Kevin-Prince Boateng, que também é negro, teria sido outro jogador do Milan alvo de racismo durante o confronto.
“Chocado por ler sobre abuso racista na Série A (italiana) na última noite. Abordar esta questão é complexo, mas estamos comprometidos a agir, não são apenas palavras”, disse Blatter, por meio do Twitter, no qual lembrou que a Fifa criou uma força-tarefa específica para combater práticas racistas no futebol. “A Força-Tarefa Contra o Racismo e Discriminação é séria e empenhada junto com seus 209 membros”, completou o dirigente suíço.
Na partida entre Milan e Roma, que terminou empatada por 0 a 0, Gianluca Rocchi resolveu paralisar o confronto depois que o próprio sistema de alto-falantes do Estádio San Siro alertou aos torcedores que os atos racistas teriam de parar, depois de terem começado já no primeiro tempo. O próprio capitão da Roma, Francesco Totti, pediu, sem sucesso, para que os seguidores do time encerrassem esse tipo de manifestação durante o clássico.
O diretor-geral da Roma, Franco Baldini, contestou, porém, se os cantos da torcida romana foram realmente racistas. “As vaias foram dirigidas a Balotelli porque ele é um jogador temido. A natureza das vaias não foram claras. E eu claramente ouvi torcedores do Milan cantando ‘romano bastardo’ _ o que é uma discriminação. É difícil imaginar onde está a fronteira entre discriminação racial e simples vaias”, analisou o dirigente, segundo declaração reproduzida pelo jornal italiano Gazzetta dello Sport.
Essa foi a primeira vez que um jogo da Série A do Campeonato Italiano foi paralisado por causa de racismo. Antes disso, porém, Kevin-Prince Boateng chegou a abandonar um amistoso do Milan contra um rival da quarta divisão italiana após ser vítima de cantos racistas, em janeiro. E seus companheiros acabaram saindo de campo junto com ele antes do fim do confronto.
“A percepção ainda é a de que, em certas áreas do estádios, você pode fazer algo (para combater o racismo). É importante fazer estas pessoas se sentirem cada vez mais uma minoria”, disse Damiano Tommasi, presidente da associação que defende os direitos dos jogadores de futebol da Itália, ao comentar o episódio racista do último domingo.
“O objetivo é fazer com que as pessoas que se comportam mal deixem o estádio, embora isso não seja simples por razões de segurança pública. Há sempre uma linha muito tênue entre penalizar a maioria das pessoas que vão ao estádio para curtir o espetáculo e punir a minoria que o arruína. Isso não é simples, mas me parece que ontem (domingo) todos estiveram de acordo com a decisão de Rocchi”, analisou Tommasi.