Prestes a anunciar um presente em dinheiro para as federações nacionais, que têm poder de voto na Fifa, o presidente Joseph Blatter confirmou sua candidatura nesta segunda-feira para mais uma eleição da entidade e atacou a imprensa e a oposição: “Querem destruir a Fifa”.
Nesta segunda, o dirigente percorreu reuniões de federações de todo o mundo para promover sua campanha e pedir que as entidades não votem pela proposta de colocar um limite na idade do presidente da Fifa, uma proposta que será debatida na quarta-feira pelo Congresso da Fifa.
A partir de terça-feira, as 209 federações de todo o mundo debaterão uma proposta para colocar um limite à idade de cartolas. A proposta, liderada pela Uefa, é de que um cartola não tenha mais de 72 anos no momento de sua eleição para um cargo de comando na Fifa. Com 78 anos e tentando um novo mandato, Blatter não teria como se apresentar para uma nova eleição, como planeja fazer em 2015.
Em São Paulo, o dirigente suíço foi categórico ao falar com os presidentes de todas as mais de 50 federações africanas. “Um limite de idade é uma discriminação”, declarou, apelando para que o grupo, quando tivesse de votar sobre a proposta, que recusasse dar seu apoio. Blatter busca seu quinto mandato consecutivo no comando da Fifa e insiste que sua “missão nunca acaba”.
Momentos depois, falando às federações asiáticas, ele repetiu o mesmo recado e ainda prometeu que se eles votassem contra a proposta “a ideia seria excluída para sempre”. Quem também promete se opor à ideia é a Conmebol. Questionado pela reportagem, o presidente da entidade, Eugênio Figueiredo, também se recusou a falar. “É um segredo”, declarou.
Não seria por acaso: Julio Grondona, vice-presidente da Fifa e argentino, tem mais de 80 anos. José Maria Marin, presidente da CBF, também. Marco Polo Del Nero, eleito para assumir a presidência da entidade brasileira a partir de 2015, nasceu em 1941 e também já tem mais de 72 anos. O próprio Figueiredo também passou dos 80 anos.
DESTRUIÇÃO – Blatter oficialmente se lançou como candidato à presidência da Fifa por mais quatro anos. Mas pediu “unidade” contra forças que querem “destruir” a entidade. Ele apontou como a imprensa britânica tem feito revelações sobre a compra de votos pelo Catar.
“Não sei qual a razão disso. Mas precisamos manter a unidade”, disse. “Meu mandato vai acabar em 2015. Mas eu decidi que minha missão não acabou”, declarou Blatter. “Estamos em uma situação que precisamos de liderança. Tenho fogo dentro de mim e, ao mostrarmos unidade, é a melhor forma de lidar contra os destruidores do mundo”, atacou.
“Eles querem nos destruir. Não querem destruir o futebol, mas sim a Fifa e não vamos permitir que isso ocorra”, declarou Blatter. Ao ser questionado pela reportagem sobre quem estaria querendo destruir a entidade, o cartola manteve um silêncio incômodo. Seu recado era direcionado contra a oposição a ele e contra a imprensa, que tem revelado bastidores de como a Copa do Catar pode ter sido comprada.
Para ele, o debate sobre o Catar revela que a Fifa é “uma potência”. Mas recusou qualquer processo externo de avaliação e garantiu que uma solução será encontrada “dentro de nossa casa”. Um investigador da entidade entregou nesta segunda-feira um informe sobre o que teria ocorrido com os votos para a Copa de 2022. Mas os resultados serão conhecidos apenas em setembro.
DINHEIRO – Além de pedir unidade, Blatter vai além e promete que, nesta terça, anunciará um “presente” para cada federação do mundo e que são justamente quem vota para escolher os presidentes da Fifa. Com uma receita recorde e bilionária, a Fifa apresentará resultados financeiros sem precedentes. Parte desse dinheiro será usado como “bônus” para as federações.
“O que tem sido dito sobre crise mundial em todo o lugar é que estados estão em dívida, clubes também. Mas estou feliz em dizer que estamos confortáveis”, declarou Blatter. “Vou dar um bônus a vocês”, disse às federações nacionais. “Tenho certeza que vocês vão ficar felizes”, completou.