Bernardinho acompanha
garoto na “ilha digital”.

O técnico Bernardo Rezende, que passou ontem por Curitiba para o lançamento do projeto Ilha de Inclusão Digital – um projeto do seu Instituto Compartilhar em parceria com a CNBB (leia matéria abaixo) -, disse estar preocupado com o grau de evolução da seleção brasileira de vôlei masculina.

Para ele, a Liga Mundial não é a melhor forma de se preparar para uma competição da envergadura das Olimpíadas. “Claro que não poderíamos ficar de fora da Liga deste ano, até mesmo por sermos campeões. Mas a competição não é a forma ideal para se preparar para as Olimpíadas. Gostaria de ter mais tempo para treinar a equipe e fazer alguns amistosos”, desabafou Bernardinho, que considera o grupo no qual o Brasil ficou na competição na qual defende o título, é muito fraco. Ele ainda alertou a torcida para não se animar com os resultados obtidos até agora na Liga (seis vitórias em seis jogos – duas vitórias por 3 sets a 0 sobre Portugal no último fim de semana em Campo Grande-MS).

Bernardinho revelou ainda que a Liga está sendo perfeita para dois dos principais adversários olímpicos: Itália e Sérvia e Montenegro. “Eles estão no mesmo grupo, ambos se classificam pois os italianos sediarão as finais, e a preparação para os Jogos Olímpicos para eles está bem próxima da ideal”, reclamou Bernardo, para quem a seleção brasileira só será testada mais efetivamente na fase final da Liga.

O técnico ainda foi mais longe: “Hoje considero que a seleção feminina é mais favorita a uma medalha olímpica de ouro do que a masculina”, ponderou Bernardinho. “Elas conquistaram no sábado o primeiro torneio que disputaram no ano, jogando na Itália, contra a equipe da casa que vinha de título na BCV Cup, quando enfrentaram as principais forças do vôlei feminino mundial”, argumentou o técnico, para quem o Brasil terá além de italianos e sérvios-montenegrinos, adversários de peso como Rússia, Estados Unidos, Cuba e Holanda em sua chave no torneio Olímpico.

Ontem a seleção dirigida por Bernardinho teve a primeira folga desde que iniciou a preparação para a temporada. “Foram 4 semanas de jogos e treinos intensos”, disse o treinador, que hoje estará à frente do grupo, em Belo Horizonte, onde no fim de semana recebe a Grécia, nos dois últimos compromissos no Brasil válidos pela Liga. Para compensar a falta de qualidade técnica dos adversários, nesta primeira fase da Liga, o Brasil vai tentar programar amistosos após a final da Liga. “Vamos tentar enfrentar a França”, revela Bernardo.

Um projeto de inclusão digital

O vôlei também pode ser um instrumento de inclusão social. Isso ficou provado com os núcleos do Centro Rexona-Ades de Excelência no Voleibol, que existem no Paraná desde 1997, numa parceria entre a Unilever (detentora das duas marcas) e o governo do Paraná. O primeiro a ser criado foi o núcleo que até hoje funciona no Ginásio Almir Nélson de Almeida, no Tarumã, por onde passam cerca de mil crianças por ano. Estas crianças, com idade variando de 7 a 14 anos, recebem desde noções básicas da modalidade até aulas de fundamentos e preparação para se transformar em grandes atletas de competição ou apenas cidadãos mais conscientes.

Ontem, no entanto, o projeto ganhou uma nova dimensão. Além de formar cidadãos – um dos objetivos do Centro -, começou a funcionar ali a primeira Ilha de Inclusão Digital, numa parceria entre o Instituto Compartilhar, de Bernardo Rezende, a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), o Rexona-Ades e o governo do Estado.

Como o próprio nome diz, a ilha é um espaço dotado de quatro equipamentos de informática completos (computadores, com teclados, mouse e câmera digital) computadores e a instalada ontem é um protótipo, que funcionará como piloto do projeto que pretende, até 2009, espalhar outras 120 mil ilhas em todo o Brasil. “As ilhas serão um braço da Rede Solidária, um projeto que nasceu com o padre Carlos Alberto Chiquim, em Curitiba (secretário executivo da CNBB Sul 2), há cerda de dois anos”, revela Hamilton Dal?Lin Neto, coordenador da Rede Solidária, um programa que tem a chancela da CNBB, que tem por objetivo criar um conjunto de ações para garantir a inclusão dos brasileiros que estão à margem da sociedade.

O custo do projeto, segundo informou Hamilton Dal?Lin, é da ordem de R$ 2 bilhões, gerando 2100 empregos diretos, pois, pelo projeto, cada Ilha terá, à disposição dos usuários, três instrutores, que estarão a disposição para ensinar aqueles que não sabem como lidar com o computador.

Hamilton lembra ainda que o projeto, que ainda está em fase de implantação, foi encampado pela CNBB, ganhando caráter nacional. Hoje em dia, a Ilha de Inclusão Digital está sendo acompanhada pela ONU e pode se transformar em modelo para ações similares em todo o mundo.

Um dos padrinhos do projeto, o técnico da seleção masculina Bernardo Rezende esteve ontem no lançamento do projeto no Centro Rexona, e disse que além de servir como uma ação de inclusão social, vai servir para “nos deixar mais próximos das crianças, pois poderemos conversar com eles, mesmo com a agenda cheia como a minha”, disse Bernardinho.

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