Rio – Após três horas de demonstrações de carinho pelos cariocas, a seleção brasileira masculina de vôlei, medalha de ouro nas Olimpíadas de Atenas, se desfez ontem durante o desfile em dois carros do Corpo de Bombeiros, sem esconder o cansaço pela comemoração e comovida com as homenagens. Na despedida, duas certezas: o técnico Bernardo Rezende, o Bernardinho, continua à frente da equipe, mas o capitão Nalbert, Giovane e Maurício encerraram suas participações na equipe.
No desembarque, Bernardinho manteve o discurso feito em Atenas, quando afirmou que ainda conversaria com o elenco e a família para saber se permaneceria no cargo de técnico. Mas, ao ser indagado se já havia decidido sobre seu futuro, foi enfático e frisou que não pediu demissão do cargo e nem pensa em deixá-lo. “Eu sou o técnico da seleção e quero continuar”, afirmou Bernardinho.
Em seguida, o treinador voltou a argumentar que vai ouvir os jogadores para saber se estão dispostos a persistirem com o mesmo entusiasmo sob o seu comando. Lamentou ainda as saídas de Nalbert, Giovane e Maurício, lembrando que “chega um momento em que alguns precisam sair”.
Mesmo com a conquista do ouro em Atenas, Bernardinho optou por não reconhecer a superioridade brasileira sobre as demais seleções. Mas salientou que se o voleibol fosse praticado na antiga regra, quando existia a vantagem, o Brasil seria “invencível”.
“No atual sistema todas as seleções ficam equilibradas. O importante foi que sempre tivemos um grande senso de alerta para não sermos surpreendidos”, destacou Bernardinho. “Por exemplo, a seleção de basquete dos EUA é um bando de astros que se reúnem para jogar. Nós somos um grupo de talentos que forma um time.”
Contraste
A chegada das equipes de vôlei masculino e feminino foi um grande contraste. Enquanto os homens saboreavam a vitória, as mulheres e o técnico José Roberto Guimarães experimentavam a frustração. “É como explicar por que o Rodrigo Pessoa não ganhou o ouro em Sydney e agora ele precisava que 28 cavaleiros batessem nos obstáculos para vencer e aconteceu. Assim como não dá para explicar o que aconteceu com o Vanderlei (Cordeiro de Lima), porque que alguém tinha de atropelá-lo”, disse o treinador. “Acho que se fosse comparar com o futebol tivemos quatro pênaltis a nosso favor: dois foram para fora, um para a trave e o outro o goleiro defendeu”, disse o treinador, que não adiantou seu futuro na seleção. “Vou ver o clube primeiro”, disse o técnico.