Rio – Após conquistar o hexacampeonato da Liga Mundial e o bicampeonato mundial em 2006, o comandante da seleção masculina de vôlei, Bernardinho, foi escolhido o melhor técnico do ano, em prêmio entregue pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Esta é a quarta vitória dele, que já havia vencido a eleição em 2002, 2003 e 2004.
?Estou superfeliz com mais este prêmio. Acredito que outros técnicos também poderiam tê-lo ganho, mas a última conquista da seleção masculina de vôlei, e da maneira fantástica que foi, colaborou muito para que eu ganhasse esse prêmio. Só tenho a agradecer por mais este reconhecimento?, disse Bernardinho.
Com 47 anos, Bernardinho foi escolhido sempre pelo seu trabalho na seleção masculina de vôlei. Mas outros treinadores já venceram a disputa: Larri Passos (tênis), 2001, e o ucraniano Oleg Ostapenko (ginástica artística), em 2005.
Bernardinho também dirigiu a seleção feminina de vôlei entre 1994 a 2000, mas desde 2001 trabalha com os homens. Como jogador de vôlei, conquistou a medalha de prata no campeonato mundial de 1982 e também nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984.
O troféu cedido pela entidade máxima do esporte brasileiro será entregue ao técnico durante o Prêmio Brasil Olímpico, na terça-feira, quando também serão conhecidos os melhores atletas do País em 2006 após eleição popular pela internet. A cerimônia acontece no Teatro Municipal do Rio.
Na categoria masculino, o COB selecionou para concorrer ao prêmio o ponta da seleção brasileira de vôlei Giba, o ginasta Diego Hypólito e o iatista Torben Grael. Pelas mulheres, estão na disputa a snowboarder Isabel Clark, a ginasta Laís Souza e Larissa França, campeã do Circuito Mundial de Vôlei de Praia ao lado de Juliana.
Sem as estrelas campeãs, começa amanhã a Superliga
São Paulo – Com 23 equipes – 15 no masculino e oito no feminino -, a Superliga de Vôlei começa no sábado. Apesar do bom momento da modalidade no Brasil, que acaba de conquistar o bicampeonato mundial com os homens e a prata com as mulheres, a realidade do esporte em âmbito nacional é outra. Atletas, técnicos e dirigentes atentam para a queda do nível técnico da competição e ainda procuram parcerias para solidificar suas equipes.
Longe do País, as estrelas da seleção de Bernardinho admitem que a superliga sofre com a queda de nível técnico, a falta da transmissão do campeonato por uma tevê aberta e os ginásios vazios.
?Hoje a seleção vem conquistando excelentes resultados, mas no campeonato de clubes no Brasil, o nível técnico caiu pelo fato de os jogadores estarem jogando lá fora. É ruim para o vôlei. É bom porque aparecem novos jogadores, mas no geral é ruim. Todo mundo acaba perdendo patrocínio, os ginásios ficam vazios?, lamenta o líbero Serginho, que atua no Piacenza, da Itália.
Bicampeão mundial, Serginho afirma que, apesar de estar longe, procura se manter informado sobre a superliga. ?Não tenho falado muito com meus amigos por causa das viagens. Agora que vou para a Itália vai ser mais fácil falar com eles. Eu acompanho muito os resultados e as notícias e é uma pena. O Brasil poderia ter o melhor campeonato do mundo se todos os jogadores ficassem aqui, mas a gente tem de ficar na Itália, não tem outro jeito?.
Assim como Serginho, jogadores da seleção como Giba, Gustavo, André Heller, Ricardinho, Dante e André Nascimento jogam fora do País. Do grupo que conquistou o título mundial no Japão apenas Samuel atua numa equipe brasileira: Minas Tênis.
Giovane, ex-jogador e atual gerente da Unisul/Nexxera, concorda com Serginho. ?Não adianta lutar contra o poder financeiro do mercado europeu. Conseguimos repatriar o Henrique, da Itália, o Dirceu, da Rússia, e o Leandro, da Grécia?, afirmou. Giovane acrescentou que os times de ponta têm orçamentos de R$ 2,5 milhões/ano e ainda assim não são suficientes para trazer os ídolos da seleção.
A CBV não dá nenhuma verba para os clubes, mas colabora com as passagens aéreas durante a superliga. Giovane sugere: ?Acho que se a CBV não pode ajudar todos os clubes, poderia ao menos auxiliar aqueles que investem nas categorias de base?.
Mauro Grasso, técnico do Telemig Minas, engrossa o coro: ?As realidades são diferentes em seleção e clubes. Seria preciso um incentivo muito grande para que as estrelas voltassem. Hoje os patrocinadores querem apoiar time que vai vencer, que dá resultado. Por que investiriam em categorias de base? É complicado?.
Jorge Assef, o empresário de quase todos os campeões mundiais, afirma: ?Se é mais difícil trazer esse pessoal de volta? Agora é, o Lula vai ficar mais quatro anos. Por que o Giba aceitaria jogar pela metade do que ele ganha na Itália??.
Na Superliga Feminina a situação é um pouco melhor, pois terá a maioria das vice-campeãs do mundo. Mas elas estão concentradas principalmente nas rivais Osasco, de Paula Pequeno e Carol Gattaz, e Rexona, de Fabi, Fabiana, Sassá e Renatinha.