A transferência do brasileiro Kaká do Milan para o Real Madrid ainda não foi anunciada oficialmente, mas até o principal dirigente do clube italiano fala em clima de despedida. Nesta quinta-feira, Silvio Berlusconi, primeiro-ministro da Itália e dono do clube, admitiu que há uma série de motivos que deixam o meia-atacante próximo do time espanhol.
Um dos motivos, segundo o dirigente, é a situação financeira do clube. Ele admitiu que há um rombo nas contas, e disse ser impossível cobrir a oferta dos espanhóis pelo jogador – o Real ofereceu um contrato de cinco anos, com salários de 9,5 milhões de euros (cerca de R$ 27 milhões) anuais. A venda seria uma forma de tirar o clube do vermelho.
“O Milan teve um balanço financeiro com perdas anuais entre 50 e 60 milhões de euros (entre cerca de R$ 140 e R$ 170 milhões). Nos tempos atuais, não se pode permitir que essa situação se mantenha. O Milan quer Kaká, mas também quer jogadores que tenham a completa certeza de que querem defender o clube”, afirmou Berlusconi à rede de TV Telelombardia, nesta quinta. O Real Madrid já acertou um acordo de 65 milhões de euros (cerca de R$ 178 milhões) com o pai e procurador de Kaká, Bosco Leite.
Apesar da ligeira provocação ao meia-atacante brasileiro, Berlusconi reconheceu que outro motivo que leva Kaká ao Real: a busca do próprio jogador por uma estabilidade financeira. “Kaká é um garoto extraordinário, mas ele tem uma carreira ainda relativamente curta, e é seu direito pensar no aspecto financeiro. Um aumento salarial para ele no Milan iria requerer um reajuste para todos os jogadores, e o clube não pode se permitir fazer isso no momento”, explicou.
Berlusconi voltou a dizer, contudo, que ainda não fechou negócio com o Real Madrid. “Estou no meio de uma campanha eleitoral e por isso pedi a Kaká e a Galliani [Adriano, presidente do Milan] que não tomem uma decisão sem que antes possamos jantar juntos. Isso deve acontecer na próxima segunda-feira. Estou entre os que querem a permanência dele”, afirmou o dirigente.
Será difícil, no entanto, manter o brasileiro. O presidente do clube, Adriano Galliani, revelou que o jogador manifestou o desejo de ir ao Real Madrid, ao contrário do que aconteceu no início do ano, quando recusou proposta de 100 milhões de euros para trocar a Itália pelo Manchester City.
“Em janeiro, Kaká não queria ir para o Manchester City. As razões dele são exclusivamente econômicas. O Real Madrid fatura o dobro do Milan. Eles têm seu próprio estádio, não dividem o faturamento com a venda de ingressos ou os direitos de TV com outros clubes, e são ajudados por um sistema fiscal que permite altos salários”, disse.
Enquanto seu futuro está no centro das notícias na Europa, Kaká está com a seleção brasileira, concentrado para a partida contra o Uruguai, no sábado, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Para reunir-se com Galliani e Berlusconi na próxima semana, ele teria de se ausentar da concentração para a partida contra o Paraguai, na quarta, em Recife.