Ídolos da superação, os jogadores da Seleção Brasileira de Futebol de Sete estão em Curitiba nesta semana em preparação para a Copa América, que será realizada entre 21 e 31 de outubro na Argentina. O time é composto por jogadores com paralisia cerebral.
Como sequela da paralisia que tiveram na infância, todos têm algum tipo de dificuldade motora. Para eles o jogo, baseado nas regras da Fifa para o futebol de campo, é adaptado, com sete jogadores em campo e cinco na reserva. Algumas alterações são o tempo reduzido, com dois tempos de meia hora; traves menores; campo menor (55m de largura por 75m de comprimento); é possível fazer o arremesso de lateral com as mãos; e não há impedimento.
Desde segunda-feira, os 16 convocados utilizam a estrutura da Universidade Positivo para intensificar os treinamentos e participar de amistosos. O time já passou uma semana em Juiz de Fora (MG) em abril e pode treinar ainda em outras cidades. “Por onde a Seleção passa, deixa a semente de projetos que incentivam o desenvolvimento de novos jogadores”, conta Paulo Fernando Rodrigues da Cruz, técnico do time há 15 anos.
A expectativa de bons resultados para a Copa América é grande, já que o time brasileiro é bicampeão Panamericano na modalidade. Os vencedores da Copa garantem vaga para as Paraolimpíadas de Londres. “Apesar de tudo, ainda não temos o reconhecimento suficiente para que o Brasil se torne o primeiro do mundo na modalidade. Ainda nos falta estrutura para treinar e captar jogadores”, revela o treinador. As principais potências do Futebol de Sete são a Ucrânia e a Rússia.
Jogadores
Dos 16 convocados para a Seleção, cinco são do Mato Grosso do Sul, dez do Rio de Janeiro e apenas um de Minas Gerais. Um dos jogadores mais antigos é Moisés, que de 1999 até 2003 foi zagueiro e agora atua no gol. “Para representar o Brasil eu jogo até no banco”, brinca o rapaz, que tem um dos maiores níveis de dificuldade motora do grupo e, justamente por isso, é um dos jogadores mais empenhados no treino, de acordo com o técnico.
Wanderson Oliveira foi eleito o melhor no Mundial da Holanda. |
A esperança de gols da Seleção está nos pés de Fabinho. O atacante balançou as redes nove vezes durante o Campeonato Sub-20 no ano passado e já sente o peso da responsabilidade na primeira convocação para a Seleção. O mesmo vale para o meia Wanderson Oliveira, eleito melhor atleta brasileiro no Mundial da Holanda, em 2007. O ídolo dele é Robinho, que está na África do Sul com a Seleção Brasileira.
Projeto
A Associação dos Deficientes Físicos do Paraná (ADFP) teve um projeto aprovado que é realizado na Universidade Positivo, em parceria com a Universidade Federal do Paraná. O projeto “Clube Escolar Paraolímpico Rumo a 2016”, do Comitê Paraolímpico nacional, financia parte do treinamento de atletas da natação, petra (corrida com triciclo), atletismo e também o Futebol de Sete. Os três jogadores do Futebol de Sete em Curitiba se emocionaram ao conhecer os atletas da seleção. “É um incentivo para a captação de crianças e jovens com paralisia”, afirma a professora do projeto, Maria de Fátima Sípoli.