Em meio a um clube em crise – o Botafogo, o destino de três homens se encontrou em 2003. O presidente Bebeto de Freitas, o técnico Levir Culpi e o meia Valdo se uniram para promover a virada do time carioca, que após um ano de muita luta voltou à elite do futebol brasileiro.
O primeiro a entrar no desafio foi Bebeto, que teve uma brilhante carreira de atleta no voleibol. Botafoguense desde o útero materno – seus pais são alvinegros, ele se viu comovido com a situação do clube, endividado. “Foi o reflexo de admnistrações irresponsáveis, que despendiam quantias exorbitantes com o futebol.” Como já nutria há algum tempo ser presidente do Fogão, não temeu assumir o desafio. “A paixão me impulsionou, apesar de eu ter consciência da siutação do clube, que ainda é crítica. Só atingimos 10% do que pretendemos”, diz o dirigente, que levou ao clube a visão empresarial de comando. Entre essa porcentagem, está o retrono à primeira divisão, que renderá ao clube novos dividendos em 2004, haja vista as cotas de televisão e a possibilidade de encontrar um patrocinador com mais facilidade. “Será uma importante injeção de capital, mas continuaremos controlando tudo com rédeas curtas”. Em 2003, por exemplo, o corte na folha de pagamento do time profissional foi brusco. “Reduzimos a folha em 75%”, diz.
Por isso mesmo, o retorno à elite é encarado como uma vitória ainda mais saborosa. “Nós éramos um time de tradição, que acabara de cair da elite. Mas tivemos que brigar para voltar com um time no nível dos da Série B – à exceção do Palmeiras”, diz o técnico Levir Culpi. Para o treinador paranaense, a conquista do Botafogo tem um valor inestímável. “2002 tive o maior insucesso da minha carreira, que foi cair para a segundona com o Palmeiras. Ganhei esse presente de levar de volta à elite o Botafogo e também ver o Palmeiras voltar”, diz Levir.
Quando aceitou o desafio de buscar o retorno à elite, o treinador acabou contando com a ajuda de um atleta experiente, que já havia pensado em encerrar a carreira. “Se não fosse o convite do Levir, tinha parado. Mas aceitei o desafio e agora pretendo jogar pelo menos mais um ano”, diz o meia Valdo, que em 2004 completa 40 anos. Quem conhece a carreira do jogador, que tem no currículo a disputa de duas Copas do Mundo e sucesso internacional, admira-se com o carinho com o qual ele fala do título. “Só quem viveu o que a gente viveu sabe por que esse retorno à elite é tão importante. Devolvemos o Botafogo ao lugar que ele merece.” Valdo não esconde que a pressão para o retorno foi grande, mas diz que os atletas digeriram bem. “Serviu de estímulo. Muitos jogadores do elenco atual estavam desacreditados e subiram com o time.” O sucesso experimentado por Valdo nessa temporada fez com que ele atendesse ao apelo da fervorosa torcida botafoguense. “Vou ficar para 2004. Como já resolvi a questão da cidadania da minha esposa Marta, que é portuguesa, nada mais me impede.”
Futuro
A intenção da diretoria agora é se dedicar ao trabalho de manutenção do elenco. O técnico Levir Culpi já garantiu presença e a idéia é manter a base do time para o ano que. “Sabemos que a primeira divisão é mais difícil e queremos um time lutador”, diz Bebeto. Além do projeto dentro de campo, Bebeto promete investir na conclusão do centro de treinamento do time profissional. “É um presente para o ano do centenário do clube. Pretendemos entregar a obra, que fica em General Severiano, no final de janeiro.” São os novos ventos soprando para o time da estrela solitária.
