Rio – Nunca na longa história de 30 anos da Stock Car uma corrida mereceu tantos cuidados por parte das equipes como a que despejará na conta bancária do vencedor de domingo em Jacarepaguá a astronômica bolada de aproximadamente um milhão e setecentos mil reais (US$ 1 milhão).
Cereja no bolo do calendário, a sétima etapa, penúltima da fase classificatória, terá formato especial e diferenciado, que inclui o aumento da duração de 50 minutos para uma hora e quinze, duas paradas obrigatórias para reabastecimento de 20 litros e a possibilidade de troca de pneus na segunda.
E as equipes montaram um esquema de guerra para a prova. Ninguém quer apresentar as armas antes da hora. “Temos nossos segredos. Quem quiser conhecê-los que espere mais um pouco”, desconversa Thiago Meneghel, engenheiro do líder Ricardo Maurício.
A decisão de trocar ou não pneus não está sendo divulgada antecipadamente por ninguém. “Isso vai depender do acerto do carro e da situação da corrida no momento do pit stop. Quem conseguir um acerto mais equilibrado, que poupe pneus, não precisará perder tempo com a troca”, despista o paranaense André Bragantini Júnior.
É justamente na troca de pneus que reside o maior sigilo nos bastidores da categoria. Ninguém revela os detalhes dos treinamentos realizados para reduzir ao máximo a perda de tempo na troca dos pneus a partir do 50º minuto da prova, quando os compostos importados produzidos pela Goodyear devem estar próximos do limite de rendimento e durabilidade.
O piloto Felipe Giaffone, que conduziu os testes de resistência no abrasivo asfalto carioca há cerca de dois meses, mostra-se cético quanto às chances de quem apostar num único jogo. “Quando testei, os pneus acabaram praticamente na lona”, atesta.
A própria Goodyear enviou comunicado às equipes recomendando a troca dos pneus, mas os rumores nos boxes sugerem que alguns pilotos poderão ignorá-la. “É muito provável que a troca de pneus seja feita. De qualquer forma, é fundamental poupar equipamento”, diz Antônio Pizzonia, acostumado com prova de maior duração, caso da F-1 e Fórmula Indy. “São carros diferentes, claro, mas a experiência de prova e de estratégia tem semelhanças”, afirma o amazonense.
A equipe Medley, que tem os dois primeiros classificados do campeonato (Ricardo Maurício e Marcos Gomes) mobilizou recursos financeiros, materiais e humanos para vencer a prova.
“Pode ser que alguém consiga fazer um pit stop tão rápido quanto o nosso. Mais rápido, sinceramente, não acredito”, desafia Meneghel. A equipe está levando a corrida tão a sério que os oito mecânicos encarregados da troca de pneus – quatro em cada boxe – foram escolhidos depois de um rigoroso processo interno envolvendo mais de quarenta profissionais.
Agenda
Hoje, as equipes poderão aproveitar as duas sessões de ensaios livres de 90 minutos -das 10h35 às 12h05 e das 15h05 às 16h35, ambas com limite de 28 voltas por carro – para exercitar a troca dos pneus.
A definição do grid de largada acontece amanhã pela manhã, com o formato habitual, mantendo-se a superclassificação com as “minicorridas” que decidem as seis primeiras posições.
Independentemente da premiação milionária, a corrida tem grande importância para a classificação do campeonato. Se Ricardo Maurício, com 113 pontos, seu companheiro Marcos Gomes (110), Thiago Camilo (71) e Cacá Bueno (69) estão matematicamente garantidos, a briga pelas outras seis vagas continua aberta.