Basquete sofre com êxodo de jogadoras

São Paulo (AE) – Apenas 2 das 12 jogadoras da seleção brasileira feminina de basquete disputam a temporada em clubes brasileiros.

As alas Karen e Micaela foram contratadas pelo Ourinhos, time mais competitivo e de maior investimento num enfraquecido campeonato interno.

A maioria das atletas nem teve tempo de descansar depois do mundial do Brasil, encerrado em 29 de setembro. A armadora Helen (Zaragoza) e as pivôs Cíntia (Vigo), Kelly (Nercaleon) e Érika (Valencia), por exemplo, já estão no campeonato espanhol. A ala Palmira, cortada na véspera do mundial por lesão, joga num time da segunda divisão espanhola, o C.B. Olesa.

A opção da lateral Iziane mostra que as atletas preferem a Europa, mesmo que para contratos curtos num país desconhecido – vão onde o dinheiro está. Iziane assinou por dois meses com o TTT Riga. O agente espanhol Nicolas San Jose Garcia explica que a opção foi por um contrato curto para que a atleta ainda possa receber propostas melhores da Espanha, França e Itália antes de voltar à WNBA.

Iziane passa a ser agente livre restrita na liga americana de basquete este ano, o que significa que poderá receber propostas das várias franquias e sua equipe, o Seattle Sol, terá de cobrir a melhor oferta. Como as negociações só começam em janeiro, Iziane vai pulando de equipe em equipe. ?Minha técnica (Anne Donovan, que também comanda a seleção americana) disse que faria de tudo para eu ficar no Seattle?.

A ala Janeth é outra que vai aguardar o início das negociações da WNBA – quer jogar apenas mais uma ou duas temporadas de clube antes de se aposentar. ?Não tenho intenção de ir para a Europa agora?, disse Janeth, que atuou oito temporadas no Houston Comets e tem cinco títulos da liga.

A pivô Êga foi para o francês Valencienne Olympique. Sílvia está em Portugal com o pai de seu filho, Luiz Fernando, e deve jogar em Vagos. Adrianinha, ainda sem clube, também está com o pai de sua filha, nos Estados Unidos. Alessandra, sem clube, ainda trata do ombro que machucou antes da final do mundial. ?Já tive de descartar três propostas porque ainda não sei o que vai acontecer?.

O agente Nicolas, que viveu no Brasil – sua mulher, Elena, jogou no então BCN/Osasco -, administra a carreira de 15 brasileiras. ?É uma questão econômica, os contratos, as equipes e a infra-estrutura são bons?, diz, sobre a opção pela Europa. Nicolas acha que o estilo do basquete feminino do Brasil é atraente e o país já teve um campeonato interno muito bom. ?Não há investimento. Falta dinheiro?.

Até as americanas vão para a Europa

São Paulo (AE) – Com salários em euro, o mercado europeu do basquete feminino atrai jogadoras do mundo todo, até as norte-americanas da WNBA. Da seleção dos EUA, bronze no mundial do Brasil, em setembro, estão na Europa Tina Thompson (Grécia), Delisha Milton-Jones (Espanha) e Cheryl Ford, filha de Karl Malone, que atuará num time tcheco.

Até dirigentes da NBA – Michael Jordan andou pela Europa para ver jogos da Euroliga – e da WNBA (espanhol) têm acompanhado os campeonatos nacionais mais fortes. ?Observadores americanos vivem aqui para levar jogadoras para suas franquias. A Europa acaba sendo uma vitrine?, avalia o agente Nicolas San Jose Garcia, responsável por colocar várias brasileiras na Europa. A temporada tem sete meses e os salários médios podem chegar a 150 mil, ?bem mais interessante do que no Brasil?.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo