Aurélio Almeida deu entrevista por telefone. |
Por conta de uma portaria que permite ao preso visitar seus parentes a cada mês ou bimestre (depende do caso), o presidente do Grêmio Maringá, Aurélio Almeida, vai deixar a Colônia Penal Agrícola de Piraquara por três dias, a partir de hoje. Ele retorna domingo à reclusão. Semana passada, o mesmo benefício permitiu ao dirigente passar o Natal fora da cela. Detido desde junho, Almeida foi condenado a dois anos e três meses de prisão. Desde novembro, seus advogados tentam um alvará de soltura, alegando que o cartola já cumpriu 1/6 da pena na cadeia. O restante, pedem eles, seria em forma de liberdade condicional.
Um tanto atordoado com a situação, o dirigente conversou, por telefone, com o “FutebolPR”. Aurélio Almeida falou sobre prisão (“acho que logo vou poder sair”), dívidas que teria a receber (“tenho US$ 2 milhões a receber do Barcelona”), o time que planeja montar para a disputa do paranaense e negou qualquer acusação de estelionato.
A prisão
Aurélio Almeida foi preso no dia 9 de junho por determinação da 1.ª Vara Criminal de Chapecó (SC). Ele embarcava para Barcelona. A condenação originou-se em 1999, quando ele compareceu a uma audiência da Justiça catarinense usando policiais como seus seguranças.
“Estava embarcando para a Espanha, quando recebi ordem de prisão. Não entendi direito, porque a audiência em Chapecó tinha sido há muito tempo. Depois soube que noticiaram uma negociação minha de seis jogadores para o México por US$ 1 milhão. Não era verdade. Quando você fica exposto, atrai muita coisa ruim. Na época da audiência, recebia muitos dirigentes estrangeiros. Para segurança deles, andava com guardas-costas que eram policiais em Curitiba. Fui condenado eles estavam armados. Deveriam saber que não se vai a uma audiência armado”.
Estelionato
“Assumi uma dívida de primos da minha ex-mulher. Mas não recebi a intimação para pagá-la. Foi um erro da minha ex-advogada. Era coisa de R$ 500 em cestas básicas. Você acha que eu iria me queimar por tão pouco?”
Dívidas
Durante a prisão de seu presidente, o Grêmio não pagou salários. Por algum tempo, alguns jogadores se sustentaram com vales. No final do ano, a situação comoveu empresários de Maringá que bancaram as passagens de volta dos atletas, a maioria do Nordeste.
“Quando fui preso não devia para ninguém. Mas na situação em que eu estava, não podia fazer nada. Falam de mim, mas quantos times por aí não pagam há seis, oito meses? Assim que tiver liberação para sair de Curitiba vou a Maringá ver o quanto devo. Tenho dinheiro a receber na Europa. O Barcelona me deve US$ 2 milhões. Eu levei o Geovanni, do Cruzeiro, e o Fábio Rochemback, do Inter, pra lá. Na Europa, muitos me devem. Acho que logo vou poder sair, viajar. Com o que eu tenho para receber, pago os atrasados”.
Universidade
Em agosto, a prefeitura de Maringá proibiu o clube de usar o estádio Willie Davids (que pertence ao município) como sede administrativa e alojamento. “Estava servindo como negócio particular”, justificou o secretário municipal de esportes, Mário Verri. O “negócio” era o projeto “Universidade do Futebol”, que cobrava anuidade de R$ 3,8 mil para adolescentes interessados em serem juvenis ou juniores. Vieram mais de cem, de vários estados. A “Universidade” não durou três meses.
“A taxa cobrada era para que os garotos se mantivessem lá. Ela cobria gastos com moradia, alimentação, material, etc. Nosso único ganho viria se algum deles fosse negociado. É um projeto que pretendo recomeçar.”
Paranaense
Para dirigir o Grêmio no estadual, Aurélio disse que já acertou com o técnico gaúcho Jorge Anadon, que esteve no Prudentópolis em 2003. Quanto aos jogadores, ele diz ter quase certos o zagueiro Di Marcelo, que viria da Espanha, o volante Clodoaldo, da Colômbia, e Bebeto, da Polônia, o meia Ezequiel, ex-Coritiba, e o atacante Marcelo, do interior paulista. A apresentação de Anadon está marcada para sexta-feira em Curitiba. Almeida, entretanto, não precisou o local.
“O Di Marcelo é filho do Escurinho (atacante do Inter nos anos 70). O Anadon vai trazer gente do Rio Grande do Sul, quase um time inteiro. A apresentação vai ser em Curitiba, porque eu não posso sair daqui. No Pinheirão? Não, talvez seja numa fazenda. Estamos vendo ainda”.