O Paraná Clube busca hoje, frente ao Coritiba, a sua arrancada definitiva em direção das primeiras colocações no Brasileirão. Uma vitória no clássico representará a manutenção da 7.ª colocação e uma possível aproximação das equipes que disputam diretamente uma vaga à Copa Libertadores da América. Com sua força máxima, o Tricolor quer fazer valer o mando de campo para confirmar sua condição de melhor equipe paranaense na competição. Sem mistérios, o técnico Luiz Carlos Barbieri definiu o time com apenas uma mudança: a volta do goleiro Flávio.
?Cada jogo é uma decisão. Mas não há como negar: o clássico é especial?, lembrou o líbero Marcos. Apesar do clima sereno ao longo da semana, todos acreditam que a rivalidade será um dos ingredientes do jogo. Barbieri prevê um jogo truncado, com poucos espaços. ?Em jogos deste porte é sempre assim. Um detalhe faz a diferença e por isso é importante manter a atenção durante os 90 minutos?, alertou. O técnico usou como exemplo as recentes atuações de seu time, que reagiu na competição, mas sofreu gols em deslizes de marcação. ?São situações que não podem se repetir?, decretou. ?É difícil marcar com perfeição durante todo o jogo. Mas, precisamos minimizar erros?.
Barbieri chegou a cogitar a utilização de Beto e Rafael Muçamba, recuperados de lesões, mas decidiu apostar na manutenção da dupla de volantes utilizada nas duas últimas partidas. Assim, Pierre e Mário César terão a função de vigiar os meias coxas e fazer a ligação entre defesa e ataque, tendo em Éder a referência criativa do meio-de-campo. É impossível dissociar o crescimento da equipe da entrada de Éder. O meia teve uma adaptação rápida e sem traumas. ?É claro que o entrosamento não é o ideal. Mas, creio que estamos no caminho certo para colocar o Paraná numa posição de destaque?, disse Éder.
O meia faz hoje seu primeiro clássico paranaense. ?A ansiedade é normal. Mas, já fiz dois clássicos nesta temporada, jogando pelo Sport, contra Santa Cruz e Náutico e com casa cheia. Agora, é a vez de disputar um clássico aqui no Sul?, disse o jogador. Apesar do clima frio de Curitiba, Éder acredita num jogo quente. ?O clássico define que caminhos as equipes seguirão. Acredito no nosso potencial para seguirmos firmes em busca do objetivo traçado?. Éder, que na última partida colocou Borges ?na cara do gol?, começa a se notabilizar como o novo ?garçom? da Vila. O meia, além da assistência perfeita, tem como característica um bom chute de média distância. ?Quem sabe, não sobra uma bola pra mim neste clássico??, finalizou Éder.
Amigos fora, mas rivais dentro de campo
Velhos amigos, cordiais rivais. Caberá ao volante Pierre a missão de anular Caio, principal referência criativa da equipe adversária. Os dois jogaram juntos não apenas no Paraná (no Brasileiro de 2003) como também no Ituano, clube que os projetou. ?É um jogador muito rápido. A marcação deve ser precisa, pois ele sabe tirar proveito de qualquer espaço?, comentou Pierre.
O volante só não disse se ele fará um bloqueio individual a Caio ou se essa marcação será por setor. Pierre retornou ao clube neste momento de reafirmação do Paraná e – a exemplo de Éder – não teve dificuldades de adaptação. ?Creio que ainda posso melhorar. Somamos pontos importantes nas últimas rodadas, mas dá pra sonhar com uma grande campanha nesta reta final. Só faltam catorze jogos?, lembrou o jogador, que veio por empréstimo até dezembro, mas com valores fixados para uma eventual compra.
No Paraná, apesar dos cuidados com Caio, Renaldo e Maia, fala-se mais em cuidado com o ?coletivo? do Coritiba. ?Eles têm bons jogadores e um estilo de jogo bem definido. É preciso ter atenção em todos os setores e não apenas com um ou dois jogadores?, lembrou Mário César. Os volantes aproveitaram bem as oportunidades que tiveram com as lesões de Beto e Muçamba e hoje Barbieri já deixa claro que não há uma dupla titular.
Dupla de ataque afiada
?Um golzinho, num clássico, não faz mal a ninguém?. A afirmação é do atacante André Dias, que não esconde o objetivo de melhorar seu aproveitamento neste Brasileiro. ?O importante é o time vencer, independente de quem faça o gol. Mas, se tiver a chance, quero deixar a minha marca?, disse André Dias, que garante ter mudado significativamente seu estilo de jogo desde sua estréia no Paraná, há mais de cinco meses.
?No início, eu jogava mais atrás, buscando a assistência para os companheiros. E isso me prejudicou. Fiquei muito tempo sem marcar gols e atacante é cobrado por isso?, comentou André Dias. ?É claro que se houver um companheiro melhor posicionado, vou tentar o passe.
Mas, se houver chance, opto pela finalização?, disse André Dias, que tem cinco gols marcados neste Brasileiro e divide a vice-artilharia do time com o ala Neto.
Quem segue na frente nesta ?disputa? é Borges, que já balançou as redes 13 vezes. Depois de um jejum de oito jogos, o artilheiro não passou em branco nas duas últimas rodadas, encostando em Róbson, principal goleador do campeonato. ?Sei que o jogo será difícil, com poucas chances. Por isso, é importante não errar quando houver chance de bater a gol. Principalmente diante do Coritiba, que está há três jogos sem levar gols?, frisou o goleador.
No primeiro turno, Borges chegou ao clássico embalado por uma boa seqüência de gols, mas foi implacavelmente marcado por Miranda. ?Naquele jogo, o ataque ficou muito isolado. É importante que isso não se repita?, lembrou Borges, que espera a presença constante de meias e alas para garantir um bom volume ofensivo do Tricolor.
Chuva e grana espantam torcedor do Pinheirão
Se depender da venda antecipada, o clássico de hoje pode ser um grande fracasso de público. Até o fim da tarde de ontem, menos de 1.500 ingressos haviam sido vendidos junto à torcida paranista. A procura entre os coxas não foi intensa e a carga de 3.500 ingressos não se esgotou. A diretoria acreditava numa resposta positiva da galera tricolor, após a seqüência de bons resultados, mas o preço do ingresso e o mau tempo – ao que tudo indica – falaram mais alto.
O ingresso básico (para qualquer setor do estádio) custa R$ 20,00, com sócios, mulheres, menores, estudantes e idosos pagando R$ 10,00. A diretoria apostava neste clássico para assegurar uma boa arrecadação e equilibrar sua balança financeira – ainda sob a ameaça de precisar levar para Cascavel o jogo frente ao Internacional, no mês que vem.
Como um comparativo, se hoje cobra-se R$ 20,00, em Maringá o ingresso mais barato custava R$ 25,00 (sendo que no setor coberto, o preço era R$ 45,00) e nos quatro jogos realizados no Willie Davids a média foi de 16.317 pagantes/jogo. A expectativa é que hoje, apesar da previsão de um sábado chuvoso, o torcedor paranista faça a sua parte. ?Precisamos do apoio do nosso torcedor. É só ver o nosso aproveitamento em casa. Com a torcida do nosso lado, temos tudo para fazer um grande jogo?, destacou o zagueiro Daniel Marques. Depois de um crescimento proporcional à campanha do time, o torcedor mostrou nas bilheterias ter ficado desconfiado com a queda do time nas quatro derrotas. Frente ao Brasiliense, o público foi de apenas 2.799 pagantes e o clube voltou a apresentar déficit em seu borderô.