A produção foi apenas razoável, mas superou as expectativas da comissão técnica. Luiz Carlos Barbieri preferiu enaltecer os pontos positivos a criticar os previsíveis erros do Paraná Clube. Com apenas uma semana de treinamento – e apenas dois treinos táticos – o time rendeu o suficiente para vencer o Roma (1×0). ?O mais importante foram os três pontos.? Essa era a frase mais ouvida nos corredores de Vila Capanema no dia seguinte ao jogo.
Ainda mais diante do histórico negativo do Tricolor. Nas três últimas temporadas o clube largou com derrotas no estadual e acabou convivendo com dificuldades ao longo de toda a competição. ?O resultado positivo dá tranqüilidade para a gente trabalhar. Pois sabemos que há muito o que corrigir?, destacou o volante Rafael Muçamba, autor do gol que garantiu a vitória paranista. ?Erramos muitos passes e isso complica num jogo frente a um adversário bem postado?, lembrou.
Para Barbieri, o erro maior do Paraná foi não explorar os espaços nas laterais do campo. Não por falta de visão, mas reflexo de um condicionamento físico muito aquém do ideal. ?Não me surpreendeu. A gente até orienta, mas sabe que no fundo o jogador não tem pernas para executar certas funções. Valeu, e muito, pela superação?, destacou o treinador. ?O time foi aplicado e não desistiu. Tanto que o gol saiu no final e em um lance de bola parada?, comentou.
Barbieri reconheceu, porém, que o Tricolor ainda carece de um meia-armador. Jogando no 3-5-2 – e com os alas ainda distantes do entrosamento ideal – o time não conseguiu compactar o meio-de-campo. Até pela característica de Sandro, que correu muito, mas é um meia ofensivo, que busca sempre a aproximação da área adversária para a finalização. Tanto que foi o camisa 10 quem mais arrematou a gol na partida. No jogo de amanhã, o treinador tenta minimizar esse problema com a entrada de Beto.
Suspenso, ele foi substituído por Goiano no jogo de quinta-feira. Como possui um toque mais qualificado, Beto pode dar ao time um maior equilíbrio tático no primeiro jogo fora de casa. Além da questão técnica, Beto possui um entrosamento natural com Rafael Muçamba, já que a dupla de volantes foi titular na maior parte do último Brasileirão. ?Vamos procurar melhorar o nosso toque de bola. Evitar os chutões para não entrar em correria?, disse Barbieri. Essa será a estratégia para dosar energias num jogo onde o grupo ainda estará sentindo os reflexos do pouco tempo de preparação.
Diretoria está atrás de pelo menos quatro jogadores
A vitória não dissimulou as carências do grupo. ?Precisamos de pelo menos quatro reforços?, anunciou o vice de futebol José Domingos. Os números comprovam essa necessidade. O grupo atual do Paraná Clube é composto por apenas vinte jogadores, sendo que um deles – o zagueiro Gustavo – ainda não teve sua situação regularizada junto à CBF. Além de um ala-esquerdo e dois atacantes, o clube trabalha intensamente na busca por um substituto para Thiago Neves, negociado com o Vegalta Sendai, do Japão.
?Precisamos de um meia-armador. Preferencialmente canhoto?, disse Domingos. Com um jogador com essas características, a intenção é tornar o time mais homogêneo, já que do atual grupo apenas o ala Rodrigo Alvim tem toque qualificado com a perna esquerda. ?Estamos em contato com alguns jogadores e muitos empresários. Mas, todas a transações demandam algum tempo?, completou Domingos. A diretoria não cita nomes. Há algumas semanas, quando a negociação de Thiago Neves veio à tona, especulou-se a volta de Fernandinho – que teve uma boa passagem pelo Tricolor em 2003 – mas, ao que tudo indica, a transação ?esfriou?.
Independente dos três jogadores que estão em período de testes – Nenê, Jefferson e Rafael -, o Tricolor espera definir mais quatro contratações e completar o elenco com outros quatro ou cinco jogadores que virão dos juniores, assim que a Copa São Paulo da categoria terminar. ?Queremos um elenco com aproximandamente 28 jogadores e não mais.
O mais importante é ter qualidade no grupo e a primeira impressão nos agradou?, disse José Domingos.
