Adorado no Brasil, onde é aplaudido e tem o nome gritado por onde passa, Balotelli está em baixa com os torcedores italianos. E eles querem ver Immobile em seu lugar no jogo de sábado, contra a Inglaterra, em Manaus, que marcará o início da caminhada da Azzurra na Copa do Mundo.
Os três gols que Immobile fez no Fluminense, no amistoso realizado no último domingo, foram o argumento que os torcedores pareciam esperar para clamar por sua entrada no time – ou pela saída de Balotelli. Enquetes feitas nesta segunda-feira por jornais e sites italianos mostraram um resultado tão surpreendente quanto revelador porque em todos o atacante que o Torino acaba de vender para o Borussia Dortmund teve mais de 80% dos votos para ser o centroavante da Itália.
Os italianos estão cansados de Balotelli por causa de seu comportamento dentro e fora dos gramados. Em campo, acham que ele se movimenta pouco e reclama muito – do árbitro, dos adversários e até dos companheiros. E suas aventuras amorosas, as confusões em que vive se metendo na noite de Milão, as declarações desastradas e as fotos chamativas que costuma postar nas redes sociais já esgotaram a paciência dos torcedores.
Como se não bastasse, ele fez uma temporada apagada pelo Milan (marcou 14 gols no campeonato, mas muitos foram de pênalti e suas atuações, especialmente na segunda metade da temporada, deixaram bastante a desejar) e Immobile foi o artilheiro da competição com 22 gols pelo Torino, uma equipe com muito menos recursos.
A voz do povo, por enquanto, não comove Cesare Prandelli. O treinador aposta muito em Balotelli e na segunda deixou claro que não vê como escalar os dois centroavantes juntos – hipótese aventada por Immobile depois da partida contra o Fluminense na tentativa de cavar uma vaguinha na equipe. “Jogar com dois atacantes centrais é uma solução um pouco forçada. Acho difícil escalar os dois”, afirmara.
Para mudar o esquema e encaixar Balotelli e Immobile no time, o treinador precisaria de um tempo que não terá mais até o início do Mundial. O técnico vai começar a Copa com o 4-5-1, mas se um dia resolver tirar um meio-campista para colocar um segundo atacante será um homem que atue pelos lados, como Cassano, Cerci ou Insigne.
Para não derrubar o ânimo de Immobile – nem o dos outros reservas – o treinador disse que às vezes um jogador sai do banco para se tornar protagonista. Lembrou do atacante Totó Schilacci, que no Mundial de 1990 começou as duas primeiras partidas no banco e acabou como artilheiro da competição com seis gols, e do lateral-esquerdo Fabio Grosso, que em 2006 virou titular em cima da hora e na final contra a França cobrou o pênalti que deu o tetracampeonato para a Itália.