Balanços mostram Atlético com pior desempenho em 2003, mas os três têm dívida alta. |
Para o Rubro-Negro, apesar do equilíbrio no exercício de 2003, as contas só foram salvas graças à milionária negociação do meia Kléberson ao Manchester United, que rendeu uma receita de R$ 16,223 milhões. “Com a entrada desse capital, houve saneamento das despesas. Não fosse isso, a situação estaria complicada”, diz Bernites. O motivo é simples: o Atlético gasta mais para manter a moderna estrutura do clube, investe mais em categorias de base e tem a maior dívida referente a ações judiciais. Em 2002, o débito com a Justiça era de R$ 6,818 milhões e subiu para nada menos que R$ 10,954 milhões no ano passado. No balanço, não existem dados específicos de parcelamento.
O grande ponto na análise diz respeito à receita dos três clubes. Enquanto Coritiba e Paraná apresentaram aumento, o Atlético teve uma queda significativa na arrecadação geral. No Rubro-Negro, a receita operacional – que não conta com o valor da negociação do meia Kléberson – foi de R$ 14.030.000,00 em 2003. Em 2002, a arrecadação foi de R$ 16.306.000,00. “Houve uma queda considerável e se o clube seguir nessa descendência, poderá se complicar no futuro”, diz Bernites.
O Alviverde teve um aumento de receita de R$ 13.249.217,78 para R$ 18.618.928,83 e o Paraná de R$ 8.952.000,00 para R$ 11.961.000,00. “Se mantiverem essa ascendência, a tendência é que as contas fiquem cada vez mais estáveis. Isto, é claro, partindo do princípio de que as despesas mantenham o mesmo nível”, concluiu Bernites.
CT do Caju vira fonte para remediar o Atlético
O presidente do Atlético confirma: a situação do clube não é das melhores, mas a esperança de equilíbrio no prazo de cinco anos existe. O dirigente reconheceu que a venda do meia Kléberson salvou as contas no ano passado e garante que esta continuará sendo a principal aposta do clube.
“Nós investimos pesado nas categorias de base com esse intuito. Ter retorno de receita com a cessão de direitos federativos”, diz.
A grande questão é que essa cessão é uma incógnita, já que não é todo o dia que surge no clube um “Kléberson”. Ciente disso, a diretoria ensaiou buscar um aumento de receita com a majoração do preço dos ingressos em 100%, o que acabou sendo vetado pela Justiça.
“Nossa esperança para esse ano é vender algum jogador e, se possível, conseguir acertar um patrocínio interessante. Para 2004, não temos receita de competição internacional”, lembra Fleury.
Outra aposta do Atlético é com o esquema de intercâmbio realizado no CT do Caju. Em 2002, o clube conseguiu R$ 106 mil com locação da estrutura para equipes do exterior. No ano passado, o número saltou para R$ 1.004.000,00. “O trabalho de intercâmbio vem dando certo e estamos nos tornando referência. Em alguns anos, devemos ter o CT auto-sustentável.”
Até lá, a diretoria atleticana vai continuar suando a camisa para equilibrar as finanças.
Coxa ainda possui a maior dívida geral
Apesar da leve recuperação no último ano, o Coritiba ainda é o clube que detém a maior dívida. Somando o passivo circulante – que vence até o final do ano – com o passivo executável a longo prazo, a dívida total do Coritiba é de R$ 31.980.506,51. Até o final do ano, o valor que o Coritiba terá de quitar é de R$ 10.307.999,65.
O Atlético tem uma dívida um pouco menor, apesar do valor a ser quitado até o final do ano ser mais expressivo. No total, o Rubro-Negro deve R$ 26.581.000,00, com passivo circulante de R$ 12.183.000,00.
O Paraná acusou uma dívida total de R$ 12.183.000,00 e terá que quitar, até o final do ano, R$ 4.948.000,00. O restante, que poderá a ser quitado a longo prazo, tem parcelas até 2019.
Talvez por possuir um maior valor executável a curto prazo, o Atlético é o clube que mais está empenhado em sua quitação. Na análise da liquidez real dos três – índice entre receita e despesas – o Atlético tem o melhor índice. De cada R$ 1,00 que entra no clube, R$ 0,54 são repassados para quitar dívidas. No Paraná, a porcentagem é de R$ 0,23 e no Coritiba, R$ 0,19.
Se serve de consolo, apesar das dívidas consideráveis, o prejuízo dos clubes no último ano foi menor em relação ao exercício de 2002. O Coritiba foi o clube com maior redução de prejuízo, passando de R$ 6,366 milhões para R$ 175 mil em 2003. O Atlético também teve uma queda considerável no prejuízo. De R$ 4,403 milhões passou para R$ 480 mil. Até mesmo o Paraná, que apresentou menor queda no prejuízo, passou de R$ 2,498 milhões para R$ 1,227 milhões.
Competições internacionais são esperança do Verdão
A classificação do Coritiba para a Copa Libertadores da América deste ano foi um presente dos céus para o Coritiba. Com a cota de US$ 350 mil o Alviverde pôde investir na contratação do atacante Aristizábal, uma extravagância que pode render bons resultados. “Apostamos nele para avançarmos na competição. Não deu, mas estamos esperançosos de nova classificação”, diz o presidente Alviverde, Giovani Gionédis.
Aliás, as polpudas cotas de competições internacionais são a grande esperança de aumento de receita do clube. Este ano, o Coxa também participa da Copa Sul-Americana.
Com a nova injeção de capital, o Alviverde espera continuar registrando aumento na receita do clube, que de 2002 para 2003 foi de pouco mais de R$ 5 milhões. A intenção é reduzir cada vez mais as dívidas adquiridas em gestões passadas – o Coxa tem a maior entre os três da capital – e continuar reduzindo o prejuízo. “Ao parcelar as dívidas, vamos arrochando as despesas”, explica.
Assim como o Atlético, o Coritiba também aposta em negociações de direitos federativos de atletas, mas a longo prazo. Indagado sobre a grande revelação do clube nos últimos anos, o lateral-esquerdo Adriano, Gionédis é enfático. “Não estamos pensando em negociá-lo agora, pois ainda é muito novo. Vamos esperar valorizá-lo para então negociarmos. Quem sabe em janeiro do ano que vem?”.
Paraná faz parcerias para evitar rombo maior
O Paraná Clube, mesmo recebendo uma cota de televisão menor que a da dupla Atletiba e contando com arrecadações menores, também conseguiu apresentar uma sensível redução de prejuízo e aumento na receita. Em parte, o equilíbrio nas contas tem refletido no futebol. Nos últimos dois estaduais, o time paranista por pouco não amargou a segunda divisão. No ano passado, o Brasileirão representou a recuperação, com investimentos baixos e certeiros.
Este ano, a aposta foi na parceria com o Iraty, do empresário Sérgio Malucelli, parceiro de Juan Figger. “Nós continuamos arcando com salários, mas tivemos boa economia com empréstimos”, diz o vice-presidente, José Domingos. Além da parceria, o Tricolor contou este ano com um reforço considerável na cota de televisão, acrescida de R$ 600 mil. Além disso, o Tricolor poderá contar esse ano com lucros provenientes da Copa Sul-Americana. “Aos poucos, vamos pagando as dívidas e mantendo o futebol. Estamos no caminho certo”, diz Domingos.