O meio-campo Paulo Baier está no Atlético há dois anos e dois meses. Nas temporadas de 2009 e 2010 foi um jogador essencial ao Rubro-Negro, principalmente por causa da precisão nas bolas paradas. Neste ano, enfrentou um dos piores momentos da carreira, com um afastamento maior que o costumeiro por causa de uma lesão na coxa esquerda. Os dois meses em recuperação mexeram com o capitão. “Eu senti na pele o isolamento, porque quando machuca é pouco valorizado”, desabafou. Agora, liberado para voltar a treinar, e motivado com os retornos do técnico Antônio Lopes e do preparador físico Riva Carli, Paulo Baier promete esforço dobrado para ajudar o Furacão a sair o mais rápido possível da zona de rebaixamento. Confira:
Paraná Online – Você já tinha ficado tanto tempo afastado por lesão?
Paulo Baier – Não tinha. Eu tive uma lesão um pouco mais séria no ano passado, no adutor que eu rompi, e outra agora. Dificilmente me machuco. Antes de me machucar era o jogador que mais tinha atuado, com mais de 30 jogos, mas isso acontece, faz parte da vida de atleta. O problema é que aconteceram três lesões praticamente no mesmo lugar e prejudicou um pouco minha volta. Mas estou procurando voltar 100% agora.
Paraná Online – Com toda sua experiência, como é acompanhar, de fora, o time enfrentando uma situação delicada?
Paulo Baier – É muito mais difícil. Você sente aquela agonia. Tanto que contra o Palmeiras eu concentrei a pedido do [Antônio] Lopes, para ficar um pouco junto, para tentar entrosar, conversar. Foi bacana. Esta evolução nos dois últimos jogos foi fundamental. A rapaziada está muito bem, com motivação, correndo, querendo sair desta situação. Todo mundo está voltando. Isso é importante para o Atlético. Estamos fazendo de tudo para tirar o Atlético desta situação.
Paraná Online – Como você fazia para ajudar o grupo antes da chegada do Lopes, que fez esta sua “reintegração” ao elenco?
Paulo Baier – No departamento médico eu fazia um trabalho separado de academia e piscina e o grupo ficava no campo. Realmente não tinha contato. Só no almoço ou no jantar. Mas com a chegada do Lopes ele me botou para concentrar junto e isso é importante, porque estamos todos no mesmo barco e procuramos conversar entre nós jogadores. Na palestra depois do jogo com o Palmeiras, falei que temos que fazer isso todo mundo junto, porque não adianta: colocamos o Atlético nesta situação e temos que tirá-lo. É desta maneira. Não tem A, B ou C. Todo mundo está no mesmo barco. O importante é todo mundo estar focado no mesmo objetivo.
Paraná Online – Neste período em que esteve no departamento médico, a sensação era de estar fora do grupo de jogadores?
Paulo Baier – Pior é a sensação de se sentir isolado. Eu senti na pele o isolamento, porque quando você machuca é pouco valorizado. Você fica isolado só com o pessoal da fisioterapia, com os médicos. Então, fica sem ter força de ajudar. Eu que sou um cara que gosta de treinar e jogar foi uma agonia muito grande nesses dois meses. Mas estou feliz de estar voltando, recuperado e por poder ajudar.
Paraná Online – A estratégia do Lopes de te chamar para a concentração, mesmo ainda vetado, agiliza seu processo de recuperação?
Paulo Baier – Com certeza, voltar a estar junto, concentrar, conversar… Poxa, isso é o que eu gosto de fazer. De repente, se eu estivesse meio desmotivado, até pararia, mas agora estou num momento que eu gosto. Gosto de estar junto com o grupo, de treinar, de jogar e a motivação volt,ou e em dobro para ajudar o Atlético a sair desta situação.
Paraná Online – Você chegou a cogitar a aposentadoria neste período?
Paulo Baier – Não, nunca pensei, mas dá um desânimo. Você fica ali sem ser utilizado, vamos dizer assim: meio desvalorizado em relação a isso. Mas é uma coisa normal. Você se machucou e tem que fazer o trabalho fora do grupo. Não tem alternativa. É a mesma coisa que operar um joelho e ficar quatro, cinco meses fora. Não é fácil. Mas isso faz parte e estou voltando agora muito feliz.
Paraná Online – O Riva também está de volta e ele sempre teve um carinho especial com você, que recebia uma preparação específica. Você sentiu esta ausência?
Paulo Baier – Senti muito. Tanto que em 2009 e em 2010 eu vinha sendo destaque, procurando ajudar. Sempre fui um cara que estava ajudando e realmente a minha parte física é fundamental. Às vezes, a gente reclama, mas estando bem fisicamente você é outro jogador. Realmente, o Riva fez muita falta. É um cara que trabalha muito, e todo jogador estando bem fisicamente faz as coisas acontecerem. Tenho certeza que as coisas vão voltar a acontecer porque agora estamos trabalhando bem.
Paraná Online – Vocês sempre brincaram com o Riva e a maneira pesada de ele trabalhar. Então vale a pena tê-lo ao lado mesmo com o trabalho mais puxado?
Paulo Baier – Sempre! O Riva nós temos que levar sempre junto, porque é um cara que todo mundo gosta. Logicamente que tem uns que reclamam, mas jogador é assim: reclama, mas faz. Estou muito feliz com a volta dele, porque sabemos que vamos ficar bem fisicamente e neste momento precisamos disso. Cada jogo é uma decisão e a parte física é fundamental.
Paraná Online – E ele mudou alguma coisa ou voltou com o mesmo sistema, pegando pesado com vocês?
Paulo Baier – Mudou sim, mas na feiúra. Ficou mais feio. Tanto que o apelido dele é Chucky [boneco assassino] para vocês saberem [risos]. Mas é um cara bacana que todo mundo gosta.