O São Paulo perdeu a vergonha. E não foi pelos 40 dias sem técnico. O time arrasador no primeiro tempo continua entregando o jogo no segundo tempo. A história se repetiu no empate por 2 a 2 contra o Bahia, ontem, no Morumbi. O time saiu vaiado por pouco mais de cinco mil torcedores. “Não dá mais para agüentar essa desatenção”, reclamou Gustavo Nery. “Tínhamos o jogo nas mãos e deixamos escapar de novo.”
O zagueiro falou grosso e acertou. O São Paulo poderia ter definido jogo ainda no primeiro tempo. Abriu com um gol de Reinaldo, aos 8, e depois perdeu pelo menos cinco chances para liqüidar o Bahia. Ricardinho, incrível, chutou duas vezes por cima da trave de Emerson quando não tinha ninguém a sua frente a não ser o goleiro. Luís Fabiano também não conferiu em duas oportunidades. “Isso é velho no futebol. Quem não faz, toma”, disse Reinaldo na saída para o intervalo. Ele foi o destaque do primeiro tempo. Marcou o seu terceiro gol no campeonato a dois jogos da sua despedida do São Paulo. No dia 21, retorna ao Paris Saint-Germain.
Ontem, se despediu de Luís Fabiano, que embarcaria às 22h com a seleção para o amistoso contra a Nigéria e Copa das Confederações. Na despedida, a dupla não combinou bem. O gol de Reinaldo saiu de um ótimo passe de Fábio Simplício. Reinaldo não fez uma única tabela com Luís Fabiano.
Apesar da falta de sintonia de seus dois avantes, o São Paulo apresentou um contra-ataque fulminante, sempre pelo setor esquerdo com uma combinação entre Ricardinho, Fabiano e Luís Fabiano. Também teve participação em algumas dessas jogadas.
Ao lado de Ricardinho, Simplício surpreendeu na armação dos lances de ataque e na saída de bola da defesa. Mérito de Roberto Rojas e seu auxiliar Milton Cruz que engendraram um forte esquema defensivo para privilegiar os meias – no caso Simplício e Ricardinho – e facilitar a vida do lateral Fabiano nas escapadas para o ataque.
O Bahia pouco incomodou o goleiro Roger. Fez da marcação a sua maior virtude. Usou Neto, coitado, para barrar Luís Fabiano. E se deu por satisfeito por fechar o primeiro tempo sem levar uma goleada. No segundo tempo, o São Paulo repetiu a indolência das últimas partidas. Foi como se o time tivesse sofrido um apagão. O Bahia criou coragem e foi buscar o empate. Conseguiu com Nonato, aos 22.
O time paulista só acordou aos 31 anos quando achou um gol de um cruzamento de Fabiano que Reinaldo conferiu. A derrota parcial era injusta ao Bahia. Aos 38, Carlos Alberto foi expulso por jogada violenta – a sua segunda expulsão no Brasileiro. O São Paulo amoleceu de novo e sofreu o empate: Nonato, mais uma vez, aos 43.
Ficha Técnica
São Paulo: Roger; Thiago (Aílton), Jean, Gustavo Nery e Fabiano; Adriano, Carlos Alberto, Fábio Simplício e Ricardinho; Reinaldo e Luís Fabiano. Técnico: Roberto Rojas. Bahia: Emerson; Fabiano (Danilo), Marcelo Souza, Valdomiro e Lino; Otacílio, Neto, Jair (Nei Mineiro) e Luiz Alberto; Cláudio (Marcelo Nicácio) e Nonato. Técnico: Evaristo de Macedo. Gols: Reinaldo aos 8? do 1.º tempo; Nonato aos 22?, Reinaldo aos 31? e Nonato aos 43? do 2.º. Árbitro: Wallace Nascimento Valente (ES). Cartão amarelo: Neto, Luiz Alberto, Valdomiro, Nei Mineiro, Fabiano e Ricardinho. Cartão vermelho: Carlos Alberto. Público: 5.506 pagantes. Local: Morumbi.