Nas competições do badminton no XV Jogos Pan-Americanos Rio 2007, um pequeno porém barulhento e divertido público vem marcado presença. No primeiro dia de jogos, tirando a delegação dos países competidores, apenas brasileiros estiveram no Pavilhão 4B no Complexo Riocentro. Por diversos motivos, eles prestigiam este esporte tão pouco praticado e conhecido no Brasil. Seja por curiosidade, semelhança com esporte que pratica ou por parentesco com os protagonistas do jogo, essa galera passou o dia inteiro torcendo pelos atletas de seu país, onde para muitos o badminton é apenas ?aquele esporte jogado com peteca?.
Na arquibancada principal no ginásio, cerca de 20 torcedores fantasiados, com o rosto pintado e faixas incentivavam a equipe verde-amarela. Vindos de Campinas, São Paulo, eram parentes e amigos dos jogadores brasileiros – quase todos também praticantes do badminton. Campinas é a sede da Confederação Brasileira de Badminton, que possui lá um centro de treinamento. Há ainda na cidade dois clubes com equipes e escolinhas do esporte, o Fonte São Paulo e a Hípica. O resultado é uma maior popularização do esporte na região.
?Todo mundo aqui se conhece. Viemos torcer pelos nossos amigos. Treinamos com eles e os temos como ídolos?, conta Renata Carvalho, 14 anos, há cinco jogando badminton no Fonte São Paulo.
Renata já esta na categoria A Especial, a mais forte (as escolinhas são divididas em pré-mirim, mirim, infantil, D, C, B, A e A Especial). Ela revela que começou a jogar badminton estimulada pela mãe, Silvia Oliveira, que, sentada ao seu lado, não parava de incentivar seus compatriotas.
?Eu comprei uma raquete, porque queria jogar badminton. Mas, como é mais fácil uma criança aprender, comecei estimular minha filha. Na minha idade é mais difícil?, conforma-se Silvia.
No meio do animado grupo, alternando coreografias, vibrações, gritos e aplausos de incentivo, Tomas Moretti, 16 anos, era outro que viera de Campinas para torcer pelos companheiros de esporte.
?Larguei o futebol porque acho o badminton mais interessante. Adoro a velocidade do jogo?, conta ele, que há seis anos também é atleta do Fonte São Paulo.
Mas há também quem estivesse no ginásio por motivos menos óbvios. O economista Alan Higgin contou que comprou ingressos para o badminton pela semelhança com o squash, esporte que pratica.
?Queria assistir ao squash, mas, como as partidas são no Miécimo da Silva, muito longe da minha casa, comprei bilhetes para o badminton, que tem uma dinâmica parecida. O manejo da raquete, o agachamento e o trabalho com o pulso, mais fortes do que no tênis, parecem com o do squash?, explica ele, que, no entanto, confessa não acompanhar a modalidade: ?Nem sei se há torneios de badminton no Brasil?.
O administrador Alexandre Santos e a esposa, a dentista Tamara Amarante, resolveram pagar para assistir as partidas do badminton por um razão ainda mais incomum.
?Decidimos ver nos Jogos apenas esportes pouco conhecidos. Iremos ainda ao softbol, hóquei, esgrima, taekwondo e ginástica artística, alem do tênis de mesa e do pólo aquático?, revela Alexandre.
?Não tínhamos noção de como era jogado o badminton. Mas, antes de virmos para as partidas, nos informamos sobre as regras. Estamos achando muito legal?, diz Tâmara.
Ao lado da esposa, o engenheiro Renato Regazzi torcia pelos brasileiros com um dos dois filhos nas costas. ?Para criança, é bem gostoso assistir, pois é um jogo rápido, com muitos pontos?, afirma. Praticante de tênis e frescobol, Renato já imagina transportar o badminton para um lugar tipicamente carioca.
?Dá para jogar badminton na praia! Basta pôr uma rede e comprar raquetes e petecas. Pode-se jogar também nos condomínios, aproveitando quadras de tênis. É só dividi-las e colocar uma rede em cada lado? imagina ele, dando idéias para popularizar o esporte no Brasil.