Taj não deu chance ao adversário e voou para garantir a vantagem na final. |
Os brasileiros chegaram perto, mas o tabu continua e uma festa australiana encerrou o Nova Schin Festival WCT Brasil 2004 ontem, em Santa Catarina, com mais um tricampeonato. O havaiano Andy Irons confirmou seu terceiro título mundial na segunda-feira e na grande final Taj Burrow derrotou o também australiano Tom Whitaker, para comemorar sua terceira vitória no Brasil, repetindo seu feito de 1999, no Rio, e em 2002 em Saquarema (RJ). Os dois tiraram os últimos brasileiros da competição, com Whitaker superando o paulista Renan Rocha e Burrow barrando a grande surpresa do evento, o alagoano Tânio Barreto, com ambos terminando em terceiro lugar no pódio. Assim como na primeira edição, a etapa sul-americana do ASP World Championship Tour (WCT) foi finalizada na Praia da Vila, em Imbituba.
O campeão começou o dia derrotando o defensor do título do Nova Schin Festival WCT Brasil, Kelly Slater. Depois, barrou a grande surpresa do evento, o alagoano Tânio Barreto, nas semifinais, e deu um show de aéreos para faturar o título nas ondas de meio a 1m na Praia da Vila. Com notas 9,33 e 8,50, Burrow totalizou 17,83 pontos, marca que só não superou os 18,17 pontos registrados pelo catarinense Neco Padaratz na terceira fase.
“Gosto muito do Brasil, não consigo explicar direito o que que acontece, mas já é a terceira vitória aqui. As outras duas foram no Rio, mas aqui em Santa Catarina é melhor, pois o evento é móvel e temos mais opções de ondas, sem falar nas festas e nas lindas mulheres daqui”, falou Burrow, que faturou US$ 30 mil de prêmio e subiu da oitava para a quinta colocação no ranking do WCT 2004. “Na final, não vieram muitas ondas, mas consegui achar duas abrindo e como o vento estava forte arrisquei um aéreo grandão que praticamente confirmou a vitória. Foi muito bom fazer uma final australiana, mas eu sabia que teria que surfar bem para derrotar o Tânio Barreto, que já tinha passado pelo Joel (Parkinson) e pelo Neco (Padaratz) sempre mostrando muita tranqüilidade e conhecimento das regras. Antes dele, também tive muito trabalho na disputa contra o Kelly Slater, que é sempre um adversário muito difícil de ser batido”, contou Burrow.
Já o vice-campeão do campeonato, Tom Whitaker, só marcou 9,13 pontos em sua primeira final em duas temporadas na elite mundial do WCT. Na segunda-feira, Whitaker carimbou a faixa do tricampeão Andy Irons nas oitavas-de-final e, ontem, começou o dia barrando o paranaense Peterson Rosa. Depois passou pelo paulista Renan Rocha. Mas na final não teve chances contra Burrow. O vice colocou no bolso de Whitaker US$ 16 mil, e o fez saltar da 26.ª para a 13.ª posição no ranking.
Tânio foi a surpresa “brazuca?? no WCT
O Brasil chegou com maioria entre os oito finalistas do Nova Schin Festival WCT Brasil 2004. O primeiro confronto da terça-feira foi uma disputa 100% brasileira, com Renan Rocha levando a melhor sobre o amigo Fábio Gouveia. Na segunda quarta-de-final, Tom Whitaker barrou um inspirado Peterson Rosa, que não encontrou as ondas para reeditar as grandes apresentações dos dias anteriores. Mesmo terminando em quinto lugar na prova, Peterson conseguiu atingir um objetivo pessoal, que era sair do Brasil entre os top-10 do WCT, e ele agora é o nono colocado na classificação geral das dez etapas realizadas.
Na terceira bateria do último dia da “perna brasileira” do Circuito Mundial, o ídolo – maior Kelly Slater pegou até um tubo na Praia da Vila, mas acabou eliminado por quem viria a ser o campeão, Taj Burrow (13,50 x 12,70). Já na última bateria de quartas, Tânio Barreto continuou surpreendendo, ao eliminar o número 6 do WCT 2004, o australiano Nathan Hedge (11,17 x 5,17).
Mas, nas semifinais, a tão esperada vitória verde-amarela no WCT do Brasil, que não acontece desde o título de Peterson Rosa, no longínqüo ano de 1998, no Rio de Janeiro, foi por água abaixo com os australianos garantindo as duas vagas na grande final. O paulistano Renan Rocha foi o primeiro a ser eliminado, sofrendo bastante com a demora das ondas. “No começo da bateria, o Tom pegou uma onda que abriu inteira e praticamente decidiu a bateria. Eu simplesmente fiquei o restante da bateria esperando uma onda boa também e ela veio no finalzinho, só que a prioridade era dele e eu não podia pegar. Mesmo assim, eu vim nela e aquela onda poderia ter me dado a vitória, consegui fazer ela inteira, no critério dos juizes, só que o Tom também veio e pela regra ela não foi computada para mim”, lamentou Renan, que repetiu o terceiro lugar conquistado na primeira edição do Nova Schin Festival no ano passado na mesma Praia da Vila, em Imbituba.
Na disputa seguinte, Tânio Barreto também não teve muito o que fazer contra Taj Burrow, pois poucas ondas entraram durante os 30 minutos da bateria. “Acho que fiz um bom papel, consegui representar bem o Brasil com este terceiro lugar no pódio, sempre enfrentando grandes estrelas do surfe mundial, como o Joel Parkinson, o Neco Padaratz, o Nathan Hedge e agora o Taj Burrow”, contou Tânio, que pegou a última vaga de convidado do campeonato. “Pois é, entrei nos 46 minutos do segundo tempo e acabei no pódio, foi maravilhoso principalmente por ter sido neste lugar, onde eu conquistei o meu título brasileiro em 2001”, lembrou Barreto.