A Federação Australiana de Futebol (FFA, na sigla em inglês) se manifestou oficialmente nesta quarta-feira para comentar o fato de que a Fifa cobrou melhorias na estrutura do congresso que é organizado pela entidade nacional, considerado um dos menores do mundo entre os eventos do mesmo tipo que são promovidos pelas confederações filiadas ao órgão máximo do esporte mais popular do planeta. E o modelo deste congresso com chancela da Fifa tem importância fundamental também para as decisões que determinaram os rumos da governança desta modalidade no país.

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Por meio de um extenso comunicado publicado em seu site, a FFA admitiu concordar com algumas reivindicações que recebeu por meio de um relatório enviado pelo Grupo de Trabalho de Revisão do Congresso (CRWG, na sigla em inglês), instituído em abril passado pelo Conselho da Fifa especialmente para a FFA poder atender estas recomendações.

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A entidade australiana, entretanto, também fez questão de deixar clara a sua insatisfação com parte das cobranças ao rejeitar “alguns aspectos cruciais” cobrados e com os quais disse não concordar. O prazo de entrega para este relatório vencia na última terça-feira, mas o teor do documento não foi revelado e só será divulgado na íntegra se a própria Fifa entender que precisa ou deve torná-lo público.

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A Federação Australiana de Futebol informou que pretende expandir o seu congresso depois de sete semanas de consultas com investidores chaves do futebol australiano na atualidade. Além de ser considerado um dos menores do mundo, o evento da FFA tem uma representatividade feminina muito pequena, sendo que a Fifa encomendou a entrega deste relatório por parte do CRWG para pressionar o órgão da Austrália a também passar a contar com novos estatutos que propiciem um sistema de governança diferente do atualmente no país. E o documento foi cobrado depois de vários anos em que tentou forçar, sem sucesso, a implementação de mudanças na administração da FFA.

A Fifa está pronta para aprovar as recomendações deste relatório que recebeu da CRWG e exigir que as mesmas sejam adotadas na próxima reunião geral especial da FFA, marcada para ocorrer em 7 de setembro, mas o cumprimento das mesmas em sua totalidade parece improvável depois de o presidente da entidade australiana, Steven Lowy, expressar publicamente oposição a alguns aspectos cobrados neste domingo.

“Há muitos elementos do relatório que são passos positivos e totalmente apoiados pelo Conselho da Fifa. Porém, há também muitos aspectos cruciais do relatório que o Conselho da FFA não acredita que sejam para os melhores interesses do jogo e são inconsistentes com seus princípios de conduta”, afirmou o dirigente.

A FFA pensa ter apoio suficiente das federações estaduais da Austrália que votariam contra estas mudanças pedidas pela Fifa com as quais não concorda. Mas, se as propostas do CRWG não forem aprovadas em âmbito nacional, a entidade máxima do futebol tem o poder de demitir o Conselho da FFA e substituí-lo por um novo comitê que passaria a administrar o futebol na Austrália.

Um dos pontos cobrados pela Fifa que declaradamente incomodam a FFA está relacionado ao equilíbrio dos votos que existiria para a tomada de decisões caso o congresso local seja ampliado de forma significativa. As recomendações do CRWG, se cumpridas, dariam maior poder de voto aos proprietários dos times da primeira divisão do futebol da Austrália, o que também consequentemente diminuiria o poder da entidade local.

As federações estaduais, que atualmente são apoiadas pela FFA, temem que uma nova estrutura vigente nos moldes cobrados neste último relatório reduza a força do futebol de base ou não-profissional na Austrália. Ao mesmo tempo, porém, as últimas propostas de reforma propostas pela FFA foram rejeitadas pela Fifa.

Quando anunciou a criação do CRWG, no dia 4 de abril deste ano, a entidade máxima do futebol disse que o principal objetivo deste grupo seria propor uma nova composição do congresso da FFA para garantir uma representação mais ampla e equilibrada das partes interessadas, de acordo com as exigências dos estatutos da Fifa.

Instituído especialmente para este caso e com sua finalidade já cumprida, o CRWG foi presidido por um juiz independente, Judith Griggs, e também contou com o trabalho de dois representantes de clubes da primeira divisão da Austrália, de mais quatro integrantes de federações filiadas, um membro da Associação Australiana de Clubes de Futebol Profissional e ainda um último nome do Conselho da própria FFA.

Durante este processo no qual a sua federação tentou se alinhar às exigências da Fifa, a seleção da Austrália disputou a Copa do Mundo realizada na Rússia, onde foi eliminada já na primeira fase ao fechar a sua campanha no Grupo C em último lugar, com apenas um ponto. A equipe nacional estreou com uma derrota por 2 a 1 para a França, empatou por 1 a 1 com a Dinamarca em seguida e depois foi despachada da competição ao ser derrotada por 2 a 0 pelo então já eliminado Peru.