Atrações começam com os campeões

Prepare-se. Quem chegar mais cedo ao Alto da Glória terá uma série de eventos programados para animar a torcida antes da decisão do campeonato paranaense entre Coritiba e Paranavaí. E apesar de estarem marcadas apresentações musicais e até de escoteiros, a maior emoção estará reservada para uma turma de senhores, os campeões do Torneio do Povo.

Ontem foi completado o trigésimo aniversário da primeira conquista nacional de nosso futebol. Foi no Estádio da Fonte Nova, em Salvador. Após uma primeira fase brilhante e de duas vitórias sobre Corinthians e Flamengo na segunda fase, o Cori foi enfrentar o Bahia com a vantagem do empate.

Mas não esperava encontrar dois adversários em campo. O primeiro era o próprio time da casa, formando uma de suas grandes equipes na história, comandada em campo pelo zagueiro Roberto Rebouças. O outro era José Marçal Filho, árbitro carioca que nove anos depois acabou envolvido na máfia da loteria esportiva.

Resultado: com erros da arbitragem, o Coritiba perdia por 2×1. Até que uma daquelas surpresas do destino levou o Coxa ao título. Hélio Pires foi lançado em posição legal, mas um torcedor soprou um apito das arquibancadas. Ao contrário do que pretendia, não foi o jogador alviverde quem parou, e sim toda a defesa baiana. Livre, Hélio venceu Picasso e marcou o gol de empate. O gol do título.

Alguns desses heróis estarão no gramado do Couto Pereira a partir das 15h45 para receberem o aplauso dos torcedores – uns que vibraram com aquele título, outros que, graças a eles, viraram coxas.

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Os portões do Alto da Glória serão abertos às 13h00, e a programação começa às 14h, com a apresentação da dupla William e Renan. Às 16h, depois da festa aos campeões do Torneio do Povo, será a hora dos escoteiros, que serão sucedidos pelos 250 mascotes, que entrarão às 16h25, se postando na saída do túnel alviverde. Logo depois, haverá também a execução do hino nacional, com a banda da Polícia Militar do Paraná.

Última festa também veio com empate

Gisele Rech

A possibilidade de conquistar mais um título estadual – o 31.º da história do Coritiba – está deixando a torcida coxa-branca em polvorosa. É bem verdade que o grito de campeão está preso na garganta há três anos, mas o desejo dos alviverdes de reviver os momentos de alegria protagonizados na última conquista estadual – em 1999 – fez com que os ingressos da grande final se esgotassem no segundo dia de vendas.

Para muitos torcedores que vão comparecer ao Couto Pereira amanhã, a doce recordação do último título do Coritiba ainda é bem viva. Mesmo que nos anos seguintes à derradeira conquista a nação alviverde tenha tido que se contentar com um vice em 2000 e a ausência na final nos dois últimos anos, disputadas entre Atlético e Paraná Clube.

Em 99, fazia exatos dez anos que o Coritiba não sabia o que era ser campeão. O histórico título de 89 era a última lembrança do sucesso experimentado pelos torcedores ao longo dos 90 anos de história do clube.

Fim do jejum

A década de 90 estava sendo marcada por um jejum que nenhum torcedor suporta viver. Mas a agonia acabou no dia 12 de julho de 99, com um sofrido empate diante do Paraná Clube na grande final. Após perder o título de 98 para o arqui-rival Atlético, o Coritiba teve pela frente o Paraná, que chegou à final com a vantagem de jogar por três empates. No entanto, o Coritiba fez a lição de casa e venceu por 1 a 0 no Couto, com gol de Cléber. No jogo seguinte, nos domínios tricolores, o Alviverde conseguiu um suado empate e conseguiu manter a vantagem de um resultado igual para a grande final, no Pinheirão.

No entanto, apoiado pela torcida, o Paraná começou a esboçar a face de campeão aos 3 minutos, quando o volante Reginaldo Vital abriu o marcador, logo aos 3 minutos de jogo. Mal o Coritiba se recuperava e o atacante Washington deixou mais um no gol alviverde. O resultado adverso fez com que parte dos torcedores alviverdes começasse a recolher as bandeiras e engolir seco mais um capítulo do jejum de títulos.

Mas o meia Cléber, na época ídolo da torcida, reacendeu as esperanças alviverdes aos 25 minutos da primeira etapa. Foi uma bobeada temporária do Tricolor, que continuou criando boas chances. Lutando também contra o relógio, o Alviverde teve como diferencial o predestinado meia Darci. Após passar parte da temporada no departamento médico, sob a pecha de mercenário e “bichado”, o jogador recebeu um voto de confiança do técnico Abel Braga e decidiu o jogo aos 31 minutos. Sem acreditar na reação coxa, o Paraná ainda tentou reverter a situação. Mas o Alviverde já havia sacramentado o 30.º título estadual de sua história.

O apito final do árbitro Héber Roberto Lopes – mesmo que apitará o jogo de amanhã – marcou o desabafo da galera coxa-branca, que soltou o grito de campeão preso na garganta há dez dolorosos anos. O técnico Abel Braga, considerado o grande responsável pela conquista, foi carregado pelos torcedores, que comemoraram até entrar pela madrugada. E o time que tinha Gilberto; Reginaldo Araújo, Leonardo, Sandro e Fábio Vidal; Luiz Carlos (o capitão), Struway – que deu lugar ao nome da decisão, Darci -, Reginaldo Nascimento (o único remanescente) e Yan; Sinval e Cléber, foi imortalizado na galeria de campeões do Coritiba. O mesmo feito que o time de 2003, comandado pelo técnico Paulo Afonso Bonamigo, tenta amanhã.

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