Dono de sete títulos de nível ATP e ex-número 6 do mundo, Gael Monfils geralmente é mais lembrado pelas jogadas acrobáticas durante os jogos do que pelos resultados. Os golpes arriscados e a desenvoltura com que o francês de 31 anos se movimenta pela quadra lhe deram a fama de “showman”.
Pela segunda vez no Brasil, o atual 43.º do ranking se diz satisfeito com a fama gerada pelo seu estilo de jogo, que deve encantar os fãs brasileiros no Rio Open e no Brasil Open, nas duas próximas semanas, no Rio e em São Paulo. Mas garante que nunca teve o objetivo de ficar famoso com as jogadas acrobáticas. “No final das contas a única coisa que quero é ganhar o ponto”, disse o francês em entrevista ao Estado, por e-mail.
De visual novo, com dreadlocks descoloridos, Gael Monfils jogará pela primeira vez a gira sul-americana de saibro. Após competir em Quito, no Equador, e em Buenos Aires, na Argentina, ele estará no Rio Open a partir deste domingo. Na semana seguinte, jogará em São Paulo. A meta do francês, fã declarado de Gustavo Kuerten, é ganhar ritmo no saibro para fazer bonito em Roland Garros, em maio.
Em solo brasileiro, além de conquistar bons resultados, ele quer conhecer melhor o Rio, já que teve poucas oportunidades de passear pela cidade na primeira vez, nos Jogos Olímpicos de 2016, e, se possível, ter a chance de se encontrar com Pelé. Não por acaso. Monfils tem história com o futebol. Seu pai tentou a carreira de jogador na ilha de Guadalupe, que faz parte do Caribe francês. Hoje o tenista acompanha a trajetória de Neymar no Paris Saint-Germain, que é o seu time de coração.
Você sabia que tem muitos fãs no Brasil por causa do seu estilo de jogo?
Fico feliz em saber disso. Sempre gosto de disputar cada ponto até o finalzinho e conto com a minha capacidade física para tanto.
Como você lida com esta fama de “showman”?
Isto não é algo que eu faça de propósito. É mais uma questão de feeling para saber qual é a melhor jogada para cada momento. É legal que isso entretenha o público, mas no final das contas a única coisa que quero é ganhar o ponto.
Quando você começou a arriscar estas jogadas mais acrobáticas?
Não houve um momento específico. Sempre tentei experimentar novas jogadas durante os treinos. No entanto, eu raramente uso estes golpes nas partidas.
Será sua segunda vez no Brasil. O que você mais gostou daqui em sua primeira vez, na Olimpíada do Rio?
Infelizmente, eu não pude ver muita coisa na primeira vez porque ficamos confinados na Vila Olímpica durante todo o tempo. Mas eu curti a sensação da cidade e espero ver muito mais coisas desta vez.
O que você gostaria de visitar no Rio?
Espero fazer umas corridas pela manhã nas famosas praias do Rio. Se tiver tempo, gostaria de fazer um passeio pelo Corcovado.
Quais suas expectativas para jogar no Rio de Janeiro e em São Paulo?
Esta será a primeira vez em minha carreira que jogarei toda a gira sul-americana. Estou empolgado. Rio é o único torneio de nível ATP 500 da região e espero ir bem para subir rapidamente no ranking. Para isso, vai ajudar disputar estes torneios sobre o saibro neste momento da temporada.
O calor e alta umidade do Rio te preocupam?
Estou acostumado com o calor e a umidade. Treino muito na Flórida (Estados Unidos) e eu venho do Caribe francês. Então, eu vou ficar bem.
Muitos tenistas optam por torneios em quadra dura nesta época do ano. Por que escolheu a gira de saibro?
Eu queria tentar algo diferente neste ano, quero jogar o máximo de jogos possíveis sobre o saibro. Sempre tenho Roland Garros na minha mente. Então, quando antes começar a jogar no saibro, melhor.
Qual é o seu maior sonho como tenista?
Meu maior sonho é conquistar um Grand Slam e, se possível, que este Slam seja Roland Garros, em casa, diante dos meus amigos e dos meus familiares.
Chegou a conhecer Guga no circuito?
Nós nos encontramos algumas vezes, mas eu não pude vê-lo muitas vezes porque ele estava machucado em seus últimos anos no circuito. Ele teve uma carreira incrível, venceu três vezes em Paris e alcançou o topo do ranking. Tenho muito respeito por ele.
Este é um ano de Copa do Mundo. Você se lembra de onde estava quando a França venceu o Brasil na final do Mundial de 1998, há 20 anos?
Acho que estava em casa, em Paris, assistindo ao jogo com a minha família. Acho que a Copa deste ano está bem aberta, mas acredito que seleções como a do Brasil, Argentina, Alemanha, Espanha e França estão entre as favoritas.
Qual é o seu jogador de futebol favorito da atualidade e da história?
Sempre fui muito fã do Zlatan Ibrahimovic. No momento, acompanho o Neymar de perto, principalmente depois que ele foi contratado pelo Paris Saint-Germain, que é o meu time do coração.
Quem você gostaria de conhecer no Brasil?
Ter a chance de conhecer Pelé seria muito legal. Espero que ele se recupere logo (Pelé enfrenta problemas no quadril e de locomoção).