Cadê a ambição?

Falta de ‘vontade de vencer’ apaga planejamento do Atlético e dificulta briga por G7

Contra o Cruzeiro, Atlético ficou preso na marcação e Paulo André (13) não viu time com um algo a mais em campo pra mudar o cenário. Foto: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro

Irregularidade. Esta palavra resume o desempenho do Atlético no Campeonato Brasileiro. Em 11º na classificação, o Furacão, após um início ruim, quando frequentou a zona de rebaixamento, deu uma recuperada e sempre se manteve próximo do pelotão que se classifica para a Libertadores. Até passou uma rodada na sexta posição, mas nunca, de fato, se mostrou um concorrente por uma vaga.

Uma situação que vem beirando o comodismo. A cada jogo, as mesmas falhas são apresentadas, as mesmas dificuldades encontradas e o Rubro-Negro patina e não consegue sair do lugar. Jogo após jogo perde uma posição depois recupera e sempre se mantém na cola do G7, mas sem se aproximar de uma maneira real.

Após a derrota por 1×0 para o Cruzeiro, no Mineirão, o zagueiro Paulo André, um dos líderes do atual elenco, definiu bem a situação atleticana e ressaltou que falta um pouco mais de ambição dentro de campo.

“Faltam algumas coisas, como um movimento mais agudo, vertical em direção ao gol, um pouco mais de ambição. Falta chegar aqui e ter aquele desejo de vencer. A gente veio aqui para ganhar, mas a partir do momento que entra em campo, pode faltar um algo a mais que faz a diferença. Deixamos a desejar nesse sentido. Agora temos um jogo decisivo em casa contra o líder e esperamos conseguir fazer um jogo melhor e que isso possa resultar em gols e em um resultado positivo”, afirmou o defensor.

Desde o início do Brasileirão, o Atlético sempre adotou o discurso de que o foco no campeonato era conquistar uma vaga na Libertadores, o que, até agora, faltando apenas mais seis rodadas para o final, não se mostrou algo concreto. Mesmo assim, Paulo André negou que a campanha seja uma decepção e acabou desabafando, lembrando que o orçamento do clube é muito menor que de outros concorrentes e mesmo assim o time segue na briga.

“Evidente que se nosso objetivo é Libertadores e estamos em 11º, a campanha não é boa. Decepcionante é quem está no Z4, brigando para não cair. O Atlético vem fazendo boas campanhas mesmo com uma receita menor que dos 12 maiores clubes do país. Faz isso graças à sua gestão, que é enxuta, à sua formação e também por causa da ideia de jogo que ele busca utilizar. Muitas vezes foge do censo comum, vai buscar um treinador que ninguém conhece, pra tentar esse diferencial. Se querem medalhões, jogadores com salários estratosféricos, fica difícil entrar em acordo”, disparou ele.

Confira a classificação completa do Brasileirão

Ainda assim, a confiança na volta ao torneio continental é grande, muito também pelos erros dos adversários, que também não conseguem desgarrar dos demais e muito menos manter um alto nível de atuação. Nas próximas rodadas, o Atlético terá pela frente o líder Corinthians, além de Botafogo e Vasco, concorrentes diretos, e o Palmeiras, que também sonha com o título. Desafios que, diante de tamanho equilíbrio na tabela, não fazem o Furacão ver a Libertadores tão mais distante, desde que se mude a postura.

“Está em aberto. É incompetência da maioria. Quem estava na frente não conseguiu sustentar, não abriu vantagem. É um campeonato muito igual, chega a ser exaustivo falar isso, mas você pode ganhar do primeiro e perder para o último em questão de três dias. Não há muito diferencial. Cada adversário é um jogo diferente. Se fizermos a mesma batida sempre, vamos ficar no meio da tabela, que não é o nosso objetivo”, completou Paulo André.

“Eu vejo que o futebol brasileiro tem todos os jogos complicados, com o último ganhando do primeiro e assim vai. Vamos enfrentar o líder e temos que tentar ganhar e é assim que vamos. Vamos jogar diante da nossa torcida, espero um bom público e com o apoio da nossa torcida possamos superar o líder. Temos qualidade para superá-lo”, acrescentou o técnico Fabiano Soares.