O ex-presidente Marcos Malucelli e o ex-diretor de futebol Alfredo Ibiapina foram expulsos do quadro associativo do Atlético pelo imbróglio envolvendo a contratação de Santiago “Morro” García. Ambos não frequentam o clube há um bom tempo e a decisão final aconteceu na semana passada.
“Essa decisão foi injusta. Eu sou associado há mais de 50 anos e nunca tive um processo contra mim. Trata-se de perseguição política”, protesta Malucelli, que recorreu da decisão.
Mandatário atleticano entre 2009 e 2011, Malucelli recebeu a ajuda de Ibiapina para contratar o atacante uruguaio por U$$ 4,4 milhões, em junho de 2011, sendo o maior valor pago de um time paranaense no mercado futebolístico. Em 2012, ao voltar à presidência, Mario Celso Petraglia – que rompeu com Malucelli, passando de aliado a inimigo – prometeu resolver a questão e “afastar pessoas que não tem competência pra gerir o clube”.
E, ao que parece, conseguiu o pacote completo. Há dois anos e meio, o dirigente conseguiu chegar a um acordo com o Nacional, do Uruguai, que aceitou a rescisão do contrato e recebê-lo de volta, além de devolver U$$ 2 milhões que já tinham sido pagos por 50% dos direitos econômicos do atleta.
Em outubro de 2014, o clube informou que começou a receber esse valor: U$$ 600 mil, com mais U$$ 400 mil sendo pagos em janeiro deste ano. Na contabilidade rubro-negra, os gastos com Morro García seriam de US$ 9,6 milhões “quando desfez o péssimo negócio realizado na administração anterior, pois todos sabem que o referido jogador não tinha no mercado o valor que foi comprometido, nem condições físicas e técnicas para jogar no nosso Furacão”.
Assim, ambos foram denunciados à Câmara de Ética e Disciplina, encarregado de apurar as infrações disciplinares e aplicar as penalidades. O artigo 78 do estatuto afirma caber ao conselho administrativo “autorizar os diretores a contrair obrigações em nome do Clube Atlético Paranaense de valor superior a R$ 1 milhão” e a negociação não passou pelo superintendente, Renato Requião Munhoz da Rocha, e pela diretora financeira, Maria Aparecida Gonçalves.
Como foi o processo
De acordo com o artigo 23, da seção VII, do estatuto do Atlético, a pena de exclusão é cabível nos seguintes casos: prática de infração disciplinar de natureza grave, assim entendida pela Câmara de Ética e Disciplina; após aplicada a pena de interdição temporária de direitos, persistência na falta de pagamento de taxa de manutenção ou obrigação financeira perante o Clube pelo prazo previsto no respectivo Título, ou, se omisso este, pelo prazo de 90 dias contados do vencimento.
Alfredo Ibiapina, acusado de não ter poderes para representar o Atlético na contratação do jogador estrangeiro, se defendeu em novembro do ano passado e diz que segue no quadro associativo. “Ainda não recebi nada. Não fui oficialmente avisado. Compareci, fiz a defesa do caso e, até agora, nenhuma sentença foi passada. Não ao meu conhecimento, pelo menos”, se esquiva.
Em qualquer hipótese de exclusão, o excluído somente poderá ser admitido novamente se houver aprovação expressa do Conselho Administrativo. Em caso positivo, o tempo de vida associativa será contado, para todos os fins estatutários, a partir da data de readmissão do associado, descartando-se o prazo relativo ao título anterior.
“Quem manda no conselho? Isso me parece mais um jogo de cartas marcadas. Mesmo assim, é melhor eu me expor e falar tudo o que eu acho, porque fica gravado e registrado. É melhor isso do que eu me omitir, mesmo que eu seja hostilizado. Não vai ser fácil”, finalizou o ex-presidente do Atlético.
Conselho
O Conselho de Ética é composto por Dionisio Banaszew,ski, Edison Eduardo Borgo Reinert e Mario Sergio de Albuquerque Schirmer como membros efetivos, tendo Nelson Rosário de Souza, Joel Oliveira Santos e Conrado Miranda Gama Monteiro como suplentes. O procedimento disciplinar é sigiloso. Banaszewski é psicólogo e ajudou na recuperação do goleiro Rodolfo, envolvido com cocaína, e na tentativa de colocar Adriano Imperador nos eixos. “É sigiloso mesmo, mas parece que já se tornou público. É um fato, passou por um processo longo de um ano e pouco, entre idas e vindas. Um trâmite fechado, que agora depende do clube para aplicar”, explicou. (GM)