Contra a maré

Rodízio de jogadores vem se tornando decisivo pro Furacão

Há pouco mais de três meses no comando do Atlético, o técnico Paulo Autuori, desde que chegou, vem implementando um rodízio entre os jogadores partida após partida. O objetivo é evitar que os atletas acabem, devido à intensidade de jogos, se lesionando e também para que todo o elenco esteja no mesmo nível físico e tático.

Tanto que, até aqui, em 24 partidas, o treinador já utilizou 28 jogadores diferentes, sendo que todos eles já foram titulares ou entraram no decorrer dos confrontos. Uma forma de preservar o elenco, mas ao mesmo tempo dar espaço para todos. Na vitória por 1×0 sobre o Santos, no último sábado, novamente Autuori mudou a escalação titular, mas no segundo tempo recorreu ao banco de reservas para melhorar o time e contou com peças como os meias Vinícius e Pablo, que já foram titulares em outros momentos e mudaram a história da partida.

“Todos são importantes. Aqueles que entraram, o Vinícius, o Anderson Lopes e o Pablo, entraram muito bem e demonstraram um espírito competitivo, que é aquilo que estamos atrás. Quando os jogadores que não começam como titulares entram bem, isso é reforço. E não é a primeira vez que isso acontece. Contra o São Paulo também foi assim e demonstra que o grupo está atento, convicto da importância de ser competitivo no dia a dia”, avaliou ele.

Mas, mais do que criar esta competividade interna, Paulo Autuori também vem fazendo o elenco se desgastar menos e, consequentemente, ter uma vantagem física em relação aos adversários. Com menos jogos, os atletas não sentem a maratona semana após semana e não diminuem o ritmo no final das partidas. Tanto que, nas vitórias por 2×1 sobre o São Paulo e por 1×0 diante de Santa Cruz e Santos, os três pontos foram garantidos apenas no segundo tempo, após uma certa dificuldade e até domínio do adversário na etapa inicial. Em outras partidas, embora o resultado não tenha vindo, a equipe cresceu diante dos rivais. Uma amostra de que o trabalho implementando pelo técnico vem dando certo.

“Temos que ter coragem e convicção naquilo que fazemos, sem receios. No primeiro tempo (contra o Santos), eu vi a equipe bem, com uma postura de respeito ao adversário, e o que falamos no intervalo foi de subir um pouco mais as linhas. Então você vê que a gente muda o desenho do meio-campo e em todos os jogos eles vão bem. No segundo tempo nós fomos mais incisivos e isso demonstra também a capacidade física da equipe, porque você crescer no segundo tempo demonstra que tem gás para dar e isso ficou bastante claro”, apontou o comandante rubro-negro.

Crítico direto da CBF e do calendário brasileiro, o treinador vai contra a maré e aproveita este rodízio para encontrar uma fórmula para evitar perder jogadores para o departamento médico por muito tempo. Enquanto a maioria dos times acaba sentindo o cansaço e diminuindo o ritmo, o Furacão cresce nos minutos finais e acaba tornando isso uma arma para vencer.

“O pessoal da CBF vai ter que me aturar falando isso. Enquanto não mexer no calendário, fica complicado, os jogos perdem intensidade. Nós tivemos que criar uma estratégia para você subir o nível de intensidade das ações no segundo tempo. No mundo todo, todas as equipes descrescem de intensidade do primeiro para o segundo tempo. Aqui, muito mais, porque o calendário é difícil”, exaltou.

Em 2013 e 2014, o Atlético abriu mão do Campeonato Paranaense, onde utilizou um time sub-23, para prolonga a pré-temporada e dar mais tempo para treinamentos e menos jogos para o grupo principal. No primeiro ano, o Rubro-Negro terminou o Campeonato Brasileiro em terceiro lugar e foi vice-campeão da Copa do Brasil.

A chegada de Paulo Autuori reforçou este objetivo do clube de preservar os jogadores e o treinador garante que, embora possa sofrer críticas por conta disso, como após a derrota por 3×2 para a Ponte Preta, não vai acabar com o rodízio.

“A parada dos jogadores, ,que é importante para evitar lesões, se não tivermos cuidado com isso, seremos negligentes. E eu não tenho receio de fazer as coisas e as pessoas criticarem. O problema é delas, eu tenho que ser coerente com o trabalho do clube e vou sempre priorizar a recuperação dos jogadores”, completou ele.

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