Dizem no futebol que um jogador passa por duas mortes. Uma delas é a natural, da vida, que todos passarão um dia. A outra é quando chega a hora de se aposentar e pendurar as chuteiras. Atualmente, muitos atletas param de jogar entre os 35 e 40 anos e, mesmo assim, depois de mais de 20 anos de carreira, tomar a decisão é sempre muito difícil e dolorosa. Imagine então ter que encerrar a carreira com apenas 26 anos. Foi isso que aconteceu com o lateral-esquerdo Héracles.
Embora tão jovem, o jogador, revelado pelo Atlético, decidiu que era o momento de largar os gramados e partir para uma nova fase da vida. A escolha não foi puramente uma mudança na trajetória. Constantes problemas de lesões que o perseguem há anos, além de não conseguir mais render aquilo que era esperado, fizeram com que essa precoce aposentadoria surgisse.
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“Desde 2013 venho enfrentando problema com a lesão no joelho. A partir daí ficou muito doloroso, complicado continuar a carreira. Me dediquei ao máximo na fisioterapia. Depois de dois anos do problema no joelho descobri uma fratura no tornozelo. Vivi a pressão que envolve o futebol. No ano passado eu tive uma alteração hormonal que até hoje não conseguir regular. Ficou muito pesado e então decidi tirar um tempo e em julho deste ano, após amadurecer a ideia resolvi parar”, contou Héracles, em entrevista à Tribuna do Paraná.
Natural de Caucaia, no Ceará, o lateral começou a carreira no Furacão, em 2010, onde ficou a maior parte da carreira. Teve seus altos e baixos, chegando a ser titular em alguns momentos, mas acabou perdendo espaço e em 2013 foi emprestado ao Avaí. Foi aí que que começou o seu calvário e a ver a carreira no futebol se perder.
Em outubro de 2013, no duelo do time catarinense com o Bragantino, pela Série B, Héracles dividiu uma bola com Graxa, do time paulista, e foi atingido no joelho esquerdo, rompendo quase todos os ligamentos. Por muito pouco, não precisou amputar a perna. Só escapou porque uma das artérias não se rompeu.
Desde então, foi uma verdadeira batalha para voltar a jogar. Em cinco anos, entrou em campo apenas em 16 oportunidades. Em 2015 e 2016 defendeu o Joinville. Em 2017, jogou o Campeonato Paranaense pelo J. Malucelli e no segundo semestre atuou no Ypiranga-RS. Só que nunca conseguiu melhorar seu desempenho. Só que neste período, descobriu que passou dois anos com uma fratura no tornozelo e depois adquiriu uma tireoide, tratada até hoje.
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Os desgastes físicos e mentais aceleraram a ideia de parar de jogar, mesmo tão novo. E talvez o período que teve para processar a nova vida facilitaram a aceitação. Depois da decisão, Héracles se deu férias de tudo e agora acompanha o futebol apenas como lazer.
“Passei por este processo, sem fazer nada, só descansar. Retomei a vida, acompanho futebol e não tenho como desligar. Estou acompanhando os jogos”, afirmou ele, que espera voltar ao meio onde passou 12 anos, mas em uma nova função, que não sabe qual.
“A minha intenção é ver o que vai surgir. Ficaria muito feliz de seguir ligado ao futebol, estou desde os 13 anos no meio. Caso não surja nada, vou recomeçar em outra área. Estou esperando alguns direcionamentos”, revelou.
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Enquanto não resolve seu destino, o agora ex-lateral-esquerdo voltou para Fortaleza, onde mora atualmente. De lá, relembra com orgulho a curta carreira que, segundo ele, teve tudo que ele sempre sonhou.
“Sempre fica uma lembrança. Vivi grandes experiências no futebol, como o primeiro gol como profissional contra o Flamengo. Fiquei muito feliz e me sinto muito realizado. Com 17 anos fiz meu primeiro jogo, joguei séries A, B e C, joguei pela seleção. Sinto falta do jogo, dos companheiros. Tiveram vários contatos, de torcedores, treinadores, preparadores, funcionários de clube. Ficaram tristes, mas infelizmente é uma aposentadoria precoce, muitos acreditaram no meu potencial”, destacou ele.
O certo mesmo é que a decisão não terá volta. Mas e se caso em 2019 surgir a proposta de um time de futebol para jogar algum Estadual?
“É um não definitivo. Infelizmente, por um lado, mas felizmente por outro”, afirmou Héracles, mostrando que a carreira dentro do campo, definitivamente, faz parte do passado.
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