Dupla entrosada

Retorno de Autuori alinha ainda mais pensamento de diretoria e comissão técnica

Fabiano Soares é conhecido de Autuori de longa data. Fato aproxima treinador ainda mais da metodologia do clube. Foto: Daniel Caron

A volta do gestor de futebol Paulo Autuori ao Atlético fará com que uma dupla seja reeditada. O antigo treinador já comandou o atual técnico da equipe, Fabiano Soares, quando ele ainda era volante, em 2001, no Botafogo. 16 anos depois, trabalharão juntos, em novas funções, mas com discursos alinhados.

Durante os 14 meses em que foi o treinador do Furacão, Autuori seguidamente reclamou da CBF e o calendário brasileiro. Crítico ferrenho de como o esporte é conduzido no Brasil, com seguidos jogos e pouco tempo de treinamento, o dirigente agora terá o apoio de Fabiano. Apesar de ter feito quase toda a carreira na Europa – jogou muitos anos na Espanha e estava trabalhando em Portugal -, o técnico, no passado, também disparou contra a Confederação Brasileira de Futebol.

“Os treinadores brasileiros estão perdendo oportunidades por falta de reciclagem, mas não por culpa deles. Por culpa da direção da CBF, que não faz um convênio com a Fifa, com a Uefa, para levar gente especializada para cursos e melhorar o nível dos nossos treinadores”, disse ele, em entrevista à Folha de São Paulo, em março do ano passado.

Aos 51 anos, Fabiano Soares era, na temporada passada, o único brasileiro a dirigir uma equipe entre as principais ligas da Europa. Com um currículo completo de cursos da UEFA, o que o deu condições de trabalhar por lá.

“O pessoal aqui (em Portugal) reclama de que no Brasil há treinadores bons, mas não há cursos de reciclagem. Eles têm medo de apostar nesses treinadores porque a maneira de treinar no Brasil é diferente da que temos aqui, e pode ser complicado. Aqui em Portugal, ou na Espanha, quando vou fazer cursos, sempre se fala que no Brasil não tem cursos, estrutura, que os dirigentes que estão lá não dão importância. O futebol mudou muito e é preciso essa reciclagem. Aqui na Europa, a cada três anos precisamos fazer cursos de reciclagem senão não podemos treinar mais. E no Brasil nem cursos tem”, completou.

Uma metodologia diferente de se trabalhar que parece se encaixar com aquilo que Autuori projeta para o Rubro-Negro, e que certamente pesou para este retorno apenas uma semana depois de pedir demissão. Ex-jogador do Atlético, o atacante Grafite revelou recentemente que tanto o gestor quanto o treinador já são amigos de longa data.

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“O Autuori já tinha comentado dele um dia comigo. Eles se conheciam, são amigos de longa data. Acho que é um profissional que tem tudo, tem o perfil do Atlético. Tem metodologias diferentes do futebol atual. É uma metodologia parecida com a do Atlético”, disse o jogador, em entrevista ao SporTV.

Ideias que se aproximam ao estilo de trabalho do gestor. Mais do que o do seu antecessor, Eduardo Baptista, que foi mandado embora justamente por não se adequar às normas do clube. Ou seja, é a grande aposta da diretoria para que toda a metodologia seja colocada em prática e faça o time, enfim, deslanchar no Campeonato Brasileiro. Até por isso, o esforço tão grande pra recontratar o dirigente, o que acabou dando certo.

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