Brigando diretamente por um lugar no G4 do Campeonato Brasileiro, a crise parece ter afetado o Atlético nos últimos dias. E não é nem dentro de campo, onde a equipe vem de duas derrotas e se afastou um pouco dos quatro primeiros colocados, mas sim fora das quatro linhas.
Em apenas dois dias, o Furacão perdeu duas das principais contratações para esta temporada: o atacante Walter e o meia Vinícius. O primeiro está treinando em separado e prestes a se transferir para o Goiás, enquanto o segundo iria seguir o mesmo caminho, mas não aceitou a proposta e está afastado do elenco até o final do ano. Além disso, o diretor de futebol, Paulo Carneiro, foi demitido ontem, por contrariar as ideias do presidente do conselho deliberativo, Mário Celso Petraglia.
Uma sequência de problemas que apenas escancarou um ambiente que desde a semana passada estava tumultuado, alheio ao desempenho do Rubro-Negro em campo. As saídas dos dois jogadores é reflexo disso.
No último domingo, o meia Vinícius não foi nem relacionado para a derrota por 1×0 do Atlético para o Palmeiras, na Arena da Baixada. Após a partida, o técnico Paulo Autuori explicou que a ausência do meia foi devido ao que aconteceu durante a semana e a alguns problemas que o jogador teve, sem dar muitos detalhes. Estes problemas foram uma determinação da diretoria, mais precisamente de Petraglia, para que ele não jogasse, devido ao baixo desempenho em virtude de comportamento extra-campo.
Porém, na zona mista, o atacante Walter defendeu o companheiro e disse que Vinícius, apesar de não vir jogando bem, era o craque do elenco atleticano. Esta declaração não pegou bem e irritou Petraglia, que ligou para o presidente do Goiás, Sérgio Rassi, oferecendo Walter para o time goiano.
Inclusive, Petraglia estava insatisfeito com o atacante desde a primeira abordagem do Esmeraldino para levar o atleta, no começo de julho. Na época, o Atlético não aceitou liberá-lo, mas Walter deu entrevistas dizendo que gostaria de voltar e ajudar o Goiás na Série B pelo carinho que tinha com o time e a amizade com o presidente goiano. Junto a isso, vinha a má fase dele, sem marcar gols.
Internamente, apenas o presidente Luiz Sallim Emed era contra a liberação de Walter, mas foi voto vencido e o jogador agora depende apenas da liberação do Porto, de Portugal, e das assinaturas de todos as partes, para que o empréstimo ao Atlético seja repassado ao Goiás. Em contrapartida, o Rubro-Negro receberá dos goianos os valores que pagou ao clube português no início do ano.
Vinícius
Na reunião realizada entre as duas diretorias, na última quarta-feira, Petraglia ofereceu também o meia Vinícius, uma vez que queria se livrar do jogador, que se recusou a se transferir para a Série B.
“Cheguei no clube hoje e falaram da proposta do Goiás, mas falei que não iria. Tiveram uma reunião ontem, depois me ligaram e disseram que não faria mais parte do grupo até o final do ano, na continuação do campeonato”, disse Vinícius, em entrevista à Tribuna.
O afastamento do meia também gerou um outro desconforto interno no Furacão. Após não ter sido relacionado, na segunda-feira ele conversou com Paulo Autuori e se acertou com o treinador, tendo o aval do diretor de futebol Paulo Carneiro, o que também incomodou Petraglia, que acabou demitindo o dirigente.
“Eu e o Autuori conversamos na segunda-feira. Pelo que eu sei, tanto ele, quanto o Paulo Carneiro fizeram questão que eu ficasse, mas quem manda não quer mais que eu fique e todos sabem quem manda no Atlético”, acrescentou Vinícius. Apaixonado pelo clube desde criança, o meio-campista soube na pele o que ouvia nas arquibancadas – é proibido desafiar a autoridade de Petraglia, que está acima de quem quer que seja no Furacão.