Mais uma vez o Atlético entrou em polêmica com a sua torcida. Assim como veio acontecendo ao longo de todo o ano, cada vez mais a rixa entre diretoria e arquibancada vai aumentando. A última foi o Furacão ter ‘defendido’ os preços cobrados dos sócios, usando como exemplo o Flamengo, que aumentou o valor dos ingressos para até R$ 645 na final da Copa Sul-Americana.
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A queixa, na verdade, é pelas cobranças da torcida em torno dos resultados, mas, que, segundo o clube, não ajudam da forma que poderiam.
“Nossa torcida exige times competitivos sem receitas! A direção do Furacão precisa aprender a fazer milagres!”, afirmou o presidente do Conselho Deliberativo, Mario Celso Petraglia, na nota.
Em 2017, o Atlético foi vice-campeão paranaense, chegou às quartas de final da Copa do Brasil, às oitavas da Libertadores e terminou o Campeonato Brasileiro em 11º, no ano em que era para ter o maior investimento no futebol. Vieram nomes de peso, como o lateral-direito Jonathan, os meias Carlos Alberto e Guilherme e os atacantes Grafite e Eduardo da Silva. Destes, apenas Jonathan e Guilherme deram certo.
Só que diante do pior momento do time na temporada, nas eliminações, a bronca da torcida veio com reclamações e gritos por atletas que já foram embora do clube, como os atacantes Walter e André Lima. Uma situação que acabou mais uma vez colocando a diretoria contra a arquibancada. E, em uma guerra declarada, os torcedores se afastaram do estádio.
Nas últimas partidas, vários optaram por apoiar o Furacão do lado de fora, na praça Afonso Botelho. O resultado disso se refletiu nos cofres. O Rubro-Negro foi o 13º clube que mais arrecadou em bilheterias este ano, com R$ 12,686 milhões, e teve apenas 37% de ocupação da Arena. Como um comparativo, Corinthians e Palmeiras, com mais de 70% de ocupação, conseguiram renda bruta superior a R$ 60 milhões.
Custo x receita
Uma queda que se deve, curiosamente, ao aumento de valores. No final de julho, membros das organizadas tentaram invadir um setor da Arena da Baixada ao qual não podiam entrar. Como retaliação, o Atlético não só proibiu materiais da facção, como também aumentou o valor dos sócios do setor Fan – local onde ficam as organizadas – de R$ 100 para R$ 150.
Pouco tempo depois, em meio a pedidos de torcedores para promoções de ingressos, reajustou os bilhetes, que passaram a valer R$ 100 na compra antecipada e R$ 150 no dia do jogo. Antes disso, houve a implementação da biometria, que impediu que sócios repassassem o smart card. Já no mês passado, a assembleia de sócios exigida pela oposição e alguns associados foi negada, diante de algumas irregularidades da petição. As atitudes da diretoria revoltaram ainda mais os atleticanos, que iniciaram o boicote aos jogos.
Consequentemente, o clube deixou de lucrar, tanto por torcedores ‘avulsos’, como por alguns sócios, que se desligaram por conta das mudanças, o que diminuiu a receita, mas, de acordo com o Atlético, não as cobranças.
“Com a possível lotação do Maracanã a renda para o Flamengo dará mais que a metade de todo o ano de arrecadação dos Sócios do CAP”, diz parte da nota atleticana, mais uma vez se referindo ao valor médio do ingresso no Maracanã para a final da Copa Sul-Americana contra o Independiente.
Na semana passada, em entrevista coletiva, Petraglia também já havia cobrado o torcedor deixando cada vez mais claro que essa guerra deve ganhar novos capítulos. Diante de tamanha bronca dos dois lados, fica difícil imaginar que a Arena volte a lotar tão cedo e que a diretoria diminua os valores para atrair os atleticanos.