Base eleitoral de Petraglia, os conselheiros do Atlético têm se tornado um problema para o presidente Mario Celso Petraglia. A derrota para o Rio Branco por 3×1 em plena Arena desencadeou uma série de cobranças sobre o desempenho do time.
O clima esquentou após troca de e-mails entre conselheiros e a diretoria. Uma resposta áspera de Petraglia a um desabafo gerou a confusão. “Meu filho questionou a qualidade do time e o Petraglia me ofendeu dizendo que isso só poderia vir de um traidor com o nome de Judas”, reclamou o empresário Judas Tadeu Grassi Mendes.
A falta de tato ou de conhecimento religioso – afinal o traidor da Bíblia foi Judas Iscariotes, não Judas Tadeu, irmão de Tiago e apóstolo de Jesus só não irritou mais do que o apoio do vice Márcio Lara e outros correligionários. “Esse cara (Lara) é um capacho. O Atlético virou um compadrio, com filho do presidente vendendo cadeira, filha mandando no CT e vice-presidente vendendo lâmpada para a Arena. O presidente é um cara que se acha dono do clube e criou esse ambiente”, atacou Mendes.
A crise movimentou a oposição. Ontem, um jantar mobilizou aproximadamente trezentos torcedores preocupados com os rumos do futebol apresentado pelo clube, que hoje disputa o Torneio da Morte, na luta contra o rebaixamento para a segunda divisão estadual – o que nunca aconteceu (no rebaixamento de 1967, o Atlético não disputou a divisão de acesso no ano seguinte por decisão da FPF referendada pelos clubes). “Temos que conscientizar os torcedores da necessidade de oposição. Não tempos um articulador. Reunimos todos os movimentos de oposição para aglutinarmo-nos em uma força só”, disse o ex-presidente José Carlos Farinhaki.
O ex-presidente não será candidato, afinal não possui as condições exigidas (como tempo de associação). “Precisamos de uma administração sem tanto poder ao presidente. Ele tem que responder e dar espaço para mais gente”, completou. Apesar de contar com a presença e apoio de outras lideranças de oposição, como o advogado Henrique Gaede, o ex-presidente João Augusto Fleury e o empresário Louremar Ribeiro, o grupo não apontou e, garante, não apontará nenhum candidato até outubro, época prevista no estatuto do clube para o início do prazo para inscrição de chapas.
A ideia é unir as forças e discutir as ideias em torno de um só projeto para evitar pulverização dos votos contrários a Petraglia. E os apoios crescem a cada dia. “Ontem me ligou um dos maiores ‘petraglistas’ que já conheci. Disse que não aguenta mais e está com a gente também. Seguramente temos a maioria do conselho com a gente. Ele não tem nem 100 conselheiros (são 300 no total)”, concluiu Judas Tadeu.
A reportagem procurou a direção do Atlético para comentar o caso, mas não obteve retorno.