Elenco engasgado

Nos bastidores, jogadores do Atlético mostravam vontade

Dois momentos que pouca gente sabe começam a explicar o porquê do Atlético ter comemorado ontem o título paranaense em cima do Coritiba em pleno Couto Pereira. Um título festejado por um elenco na sua maioria jovem, que sequer tinha nascido quando o Furacão conquistou seu último Estadual no Alto da Glória, em 1990. Mas que teve nos veteranos o embalo necessário para voltar a ser campeão após sete anos de jejum.

A primeira aconteceu no sábado, 30 de abril. Como já se sabe, os jogadores do Atlético criaram um grupo no aplicativo de mensagens WhatsApp. Coisa normal, que eu, você e todos nós temos. Mas na noite daquele sábado, André Lima postou uma foto. E talvez tenha sido a primeira foto com as cores verde e branca naquele grupo. A imagem mostrava uma faixa do Coritiba campeão paranaense de 2016. André apenas perguntou: “É isso que vai acontecer”. Segundos depois, veio a primeira resposta: “Só se for com tiro, porrada e bomba”. Era de Thiago Heleno.

A segunda aconteceu no domingo, 1º de maio, dia do primeiro jogo da final. Após uma semana de extenso trabalho tático, que surtiu efeito e encaminhou o campeonato ainda na Arena da Baixada, os jogadores pegaram o ônibus, saíram do CT do Caju e foram para o estádio. Na saída, viram a mobilização de torcedores que foram até o Umbará para incentivar o time. Chegando no Joaquim Américo, mais apoio. Só que a cena acontece na estrada do vestiário. Depois de todos se acomodarem, Walter abriu a bolsa e tirou uma medalha de prata. Era da Primeira Liga. Olhou pra todos e gritou: “Essa eu já tenho. Agora vamos buscar a outra”.

Nessas duas histórias se entende com qual motivação os atleticanos entraram em campo nesta final. Era um time com ‘sangue nos olhos‘ desde que a classificação para a decisão foi conquistada, no pênalti que Hernani cobrou na decisão contra o Paraná Clube na Vila Capanema. Naquele jogo, com uma má atuação, o Furacão correu sério risco de sequer ter a chance de tentar o título. Ali ainda no estádio paranista começou a mobilização, que chegou ao extremo no CT.

Fechados no Umbará, vários jogadores deram exemplo de dedicação. O mais evidente foi Vinícius, que saiu de muletas da semifinal, temendo por um longo tempo de recuperação, para estar pronto e à disposição de Paulo Autuori no jogo de ontem. O treinador, por sinal, foi responsável por motivar todo o grupo, mostrando claro que havia chances para todo mundo jogar. No momento em que mais se afastou da equipe principal, Deivid contou a amigos que estava empolgado com o método de trabalho do treinador. “Ele conhece muito”, resumiu Weverton.

Os favoritos do início do Paranaense chegaram quase desacreditados na decisão. Enfrentariam um Coritiba embalado, com sete vitórias consecutivas e que havia começado esta série exatamente contra o Furacão e na Arena da Baixada. “Eles estavam engasgados”, disse Nikão, com total sinceridade. “Muita coisa aconteceu e muita coisa foi dita”, completou Weverton, certamente irritado com a divulgação de alguns telefones de jogadores do Atlético nas redes sociais.

A tentativa de tática de minar o adversário virou no final das contas um combustível para um Atlético raçudo como pouco se viu nos últimos anos. E que abriu uma vantagem tão grande no jogo de ida que era quase impossível perder o título paranaense. Nem tiro, porrada e bomba tirariam a taça do Furacão em 2016.

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