Milionária, continental, atrativa, perigosa, competitiva. Cinco palavras que resumem bem a Copa Libertadores, que para alguns começa “pra valer” nesta terça-feira (7). A gente sabe que não é bem assim, que muita água já rolou por baixo da ponte, mas agora estão formados os oito grupos, estão aí os 32 melhores times da América. E com recorde de brasileiros, oito, entre eles o Atlético. E é o Furacão que coloca a primeira bandeira brasileira na competição, às 21h desta terça contra a Universidad Católica, na Arena da Baixada.
O Furacão talvez seja, para a mídia nacional, o menos badalado dos participantes brasileiros. Afinal, não é do Rio de Janeiro (como Flamengo e Botafogo), nem de São Paulo (como Palmeiras e Santos), não foi campeão (como Atlético-MG e Grêmio) e nem é o xodó da torcida, como a Chapecoense. É um time paranaense, que venceu com sofrimento as fases eliminatórias contra Millonarios e Deportivo Capiatá, e que não foge de seu estilo de investimento para tentar dar um salto de qualidade no continente.
Por mais que tenha investido em jogadores experientes (Carlos Alberto, Jonathan, Grafite, Eduardo da Silva), o Furacão não fez loucuras – ainda mais se comparar com os investimentos de Flamengo e Palmeiras. Mas está consciente de que agora se inicia um novo estágio na história atleticana. Se foi importante aparecer, brilhar na temporada 2005 como finalista e ser um time respeitado, agora é a hora da constância.
Não se exige imediatamente um título – claro, se vier, muito melhor. Mas sim a presença no mata-mata, a chegada entre os 16, oito, quatro melhores. E que ano que vem isso se repita. Até que a chegada a uma decisão seja natural, e a conquista da América vire uma realidade para o Furacão. Não é à toa que o elenco reúne campeões da Libertadores, como Jonathan, Paulo André, Lucho González e Grafite, e outros jogadores com profunda experiência internacional, como Weverton, Eduardo da Silva e Carlos Alberto. Sem contar com a liderança de Paulo Autuori, ele também um campeão de Libertadores.
Este elenco luta pelo crescimento da marca do Atlético internacionalmente e por prêmios que podem turbinar a temporada do Furacão. Cada uma das 32 equipes vai embolsar US$ 1,8 milhão (R$ 5,67 milhões) na etapa de grupos, onde cada equipe fará três jogos como mandante; US$ 750 mil (R$ 2,36 milhões) nas oitavas de final; US$ 950 mil (R$ 3 milhões) nas quartas; US$ 1,25 milhão (R$ 3,94 milhões) nas semifinais; US$ 1,5 milhão (R$ 4,72 milhões) ao vice-campeão; e finalmente US$ 3 milhões (R$ 9,45 milhões) ao campeão.
Investimento
Tanto dinheiro fez com que os clubes fossem ao mercado – animados também pela liberação de jogadores estrangeiros. Sem limite de utilização, foi uma correria. É só ver o que o Palmeiras gastou para trazer Guerra e Borja, campeões ano passado com o Atlético Nacional. Mas o elenco mais valioso da Libertadores de 2017 é o do River Plate, segundo o site alemão Transfermarkt.com. O River “vale” 71,25 milhões de euros (cerca de R$ 230 milhões), com destaque para o atacante Lucas Alario, que tem valor de mercado estimado em 12 milhões de euros.
Os brasileiros estão bem. Entre os dez elencos mais caros da Libertadores, apenas a Chapecoense não entra. Após o River, vem um “trenzinho” brasileiro com Atlético-MG, Palmeiras, Flamengo, Grêmio, Santos e Atlético, o sétimo time mais valioso da competição. Estudiantes, San Lorenzo e Botafogo fecham a lista. Uma curiosidade que também preocupa – entre esses dez, estão três participantes do grupo 4 – Flamengo, Furacão e San Lorenzo.
Os candidatos
O Palmeiras foi o time que mais investiu, e deixou ainda mais forte o elenco que venceu o Brasileirão. Eduardo Baptista “sofre” para montar um time com Felipe Melo, Guerra, Michel Bastos, Tchê Tchê, Dudu, Roger Guedes, Borja, Willian, Raphael Veiga, Keno… E ainda com Fernando Prass de volta ao gol. O Atlético-MG não foi tanto às compras, até perdeu Luccas Pratto, mas mesmo assim Roger Machado conta com Victor, Marcos Rocha, Felipe Santana, Maicosuel, Cazares, Otero, Elias, Robinho e Fred.
No Flamengo, há verdadeira euforia com a equipe armada por Zé Ricardo, talvez a que apresentou o melhor futebol neste início de temporada – mas que perdeu a Taça Guanabara para o Fluminense. Em campo, Alex Muralha, Trauco, William Arão, Diego, Everton e Guerrero. E ainda tem Conca pra estrear.
E tem mais
O Santos tem um time talentoso e o comando firme de Dorival Júnior, mesmo pressionado pelo mau início de ano. Mas como não respeitar o time de Cléber, Thiago Maia, Zeca, Vanderlei, Vítor Bueno, Copete, Lucas Lima e Ricardo Oliveira? Já o Grêmio aposta mais na estrela de Renato Gaúcho e no talento superior de Luan para seguir na competição. O Botafogo joga todas as suas fichas no belíssimo trabalho de Jair Ventura e no trio Montillo, Camilo e Rodrigo Pimpão.
E tem a Chapecoense, para quem todos torcemos. Vágner Mancini sofreu até encontrar uma base ideal, mas conta com um espírito guerreiro do elenco, da força da torcida na Arena Condá e da motivação de contar com a simpatia de todo o País. A atitude de inscrever Neto e Alan Ruschel na fase de grupos comoveu a todos.
O Atlético vem com sua força principal, a Arena. Sabe que terá que jogar mais do que vem jogando para se classificar em um grupo tão difícil. Mas há confiança em ver o Furacão seguindo na Libertadores, porque tem elenco para chegar ao mata-mata, e pode apostar no apoio irrestrito da torcida para encarar mais um grande desafio de sua história.