Desde que chegou ao Atlético, no início de março, o técnico Paulo Autuori não abriu mão de duas situações. A primeira, por necessidade, é rodar o time titular. Para poupar os jogadores e evitar lesões, o treinador dificilmente repete a mesma escalação de uma partida para outra e já utilizou quase todo o elenco que tem à disposição. A segunda, por vontade dele e do clube, é dar cada vez mais oportunidades para a garotada, algo que aumentou muito ao longo do Campeonato Brasileiro.

continua após a publicidade

A filosofia de trabalho vem dando resultado. Até aqui, foram 32 jogos sob o comando do treinador, com 16 vitórias, sete empates e nove derrotas, totalizando 57,3% de aproveitamento, um título paranaense, que não vinha há sete anos, um vice-campeonato da Primeira Liga e o time colado com o G4 do Campeonato Brasileiro, além de seguir vivo na Copa do Brasil.

Um retrospecto que há um bom tempo o Furacão não vivia. O melhor momento mais recente foi em 2013, quando terminou o Brasileirão em terceiro lugar e foi vice-campeão da Copa do Brasil, situações que podem ser alcançadas na atual temporada, mas terminou aquele ano sem títulos, o que jáo foi conquistado atualmente.

Mas o grande trunfo de Autuori no Rubro-Negro vem sendo renovar o elenco sem contar com peças que vieram de fora. Desde que começou o Campeonato Brasileiro, dez jogadores foram embora, o lateral-direito Eduardo, o zagueiro Vilches, os laterais-esquerdos Pará e Roberto, os volantes Jadson e Barrientos, o meia Bruno Mota e os atacantes Ewandro, Anderson Lopes e Crysan. Neste mesmo período, foram contratados os zagueiros Wanderson e Jorge Fellipe, o lateral-direito Rafael Galhardo e os meias Lucas Fernandes e Luciano Cabral, este último confirmado ontem pelo clube.

continua após a publicidade

Em meio a tantas perdas e até algumas lesões, o treinador recorreu às categorias de base e, conforme sempre bateu na tecla desde a sua chegada, vem apostando e confiando na garotada. Para se ter uma ideia, na vitória por 1×0 sobre o Fluminense, no domingo, dos 20 jogadores relacionados para a partida, 11 foram revelados nas categorias de base, sendo que quatro deles foram titulares, os volantes Otávio e Hernani e os meias Pablo e Yago, que com apenas 19 anos fez sua estreia como titular.

“É uma equipe que está sendo construída. Tivemos uma média de idade de 22,5 anos. E isso é motivo de orgulho para a cadeia produtiva do futebol do Atlético. Orgulho para torcida também”, destacou Paulo Autuori.

continua após a publicidade

Embora constantemente reclame do calendário brasileiro, devido à maratona de jogos, o comandante atleticano em nenhum momento questionou a falta de reforços e a saída de jogadores do atual elenco. À medida que perdia peças, recorria à garotada, sem receio de apostar e, principalmente, sem diminuir o nível competitivo do time. Mas ele faz questão de dividir os méritos.

“Sou apenas uma peça. Esse trabalho existe há muito tempo e isso é um diferencial do clube. Eu apenas cheguei aqui porque acredito, foi um dos motivos que me trouxeram aqui, este excelente trabalho, e cabe a mim abrir portas para isso, mas o jogador precisa do apoio daqueles que são um dos protagonistas, que são os torcedores. Fico feliz de ver um grupo bem jovem, alguns jogadores com uma certa experiência, e que vem fazendo uma boa campanha ao longo de todo o ano”, completou o técnico.

Um destes garotos da base, o volante Hernani, autor do gol da vitória, embora tenha sido promovido em 2013, é um exemplo de quem surgiu em casa e se firmou na equipe.

“Acho isso ótimo (apostar na base). Sou formado aqui há sete anos e já tenho mais de 100 jogos pelo clube. Todo jogador quer isso. No jogo de hoje apenas sete que foram relacionados que não foram formados aqui. É um projeto que o clube vem trabalhando há muito tempo”, disse ele.

Oscilação

Mas, em meio a tanta garotada e jogadores inexperientes, é normal uma oscilação entre uma partida e outra. Foi assim no começ,o do Brasileirão, quando após o título estadual o Atlético demorou a engrenar, vencendo pela primeira vez apenas na quarta rodada, ou nas duas últimas partidas antes de vencer do Fluminense, quando empatou duas vezes na Arena, contra Vitória e Chapecoense.

Para Paulo Autuori, é preciso ter paciência com os mais jovens, principalmente por parte dos torcedores, que têm que entender a situação de cada atleta.

“Eu como pai já tive filhos com 19 anos, que, ao cometerem um erro, eu conversava, mas relevava em razão da idade. Eu vejo torcedores, alguns pais que tem filhos da mesma idade dos jogadores mais novos que estão jogando, que aceitam e relevam os erros do filho, mas querem exigir de jogadores de 17, 19 anos, uma responsabilidade que é impossível. Nós estamos em construção. Uma equipe que não está preparada, não tem capacidade de reagir como reagimos, mas não está pronta. Por isso esta oscilação ocorre”, finalizou.

Compreensão! Leia mais sobre o furacão na coluna do Mafuz!