Clima pesou

Empate com a Chapecoense eleva os ânimos no Atlético, dentro e fora de campo

Empate em casa com a Chape, embora tenha mantido o Furacão na briga por Libertadores, irritou a torcida, que já não vive lua de mel com o clube. Foto: Jonathan Campos

Apesar de os resultados da rodada terem ajudado – deixando o time cinco pontos atrás do G7 do Campeonato Brasileiro -, e ter somado sete dos últimos nove pontos disputados, o clima no Atlético está longe de estar tranquilo. O empate em 0x0 com a Chapecoense, sábado (28), na Arena da Baixada, deixou claro isso.

Mesmo tendo criado diversas chances e buscando a vitória a todo o momento, a atuação do Furacão não agradou os poucos torcedores que compareceram ao estádio e cobraram muito ao longo de toda a partida e, principalmente, após o apito final. Com apenas 9.774 pagantes, o Rubro-Negro teve seu segundo pior público no Brasileirão, mas os que foram ao estádio se mostraram bastante insatisfeitos.

Resultado de uma briga com a diretoria, que entre as atitudes reclamadas proibiu instrumentos da torcida organizada, adotou a biometria, impedindo, assim, que pessoas tenham mais de uma cadeira em seu nome na Arena, e aumentou o preço dos ingressos. Fatores que tiraram os atleticanos do estádio e mudou o ambiente do ‘Caldeirão’, que agora tem um efeito contrário. Algo que vem refletindo em campo.

“Sem dúvida. Não posso ser hipócrita de falar que está tudo bem, que não está atrapalhando. Mas não vou me meter nesta situação. A torcida sabe o quanto ela é importante, o quanto a gente é forte na nossa casa com eles nos apoiando. Mas, infelizmente, estão acontecendo estas situações e acabam respingando dentro de campo nos jogadores”, admitiu o meia Nikão, que teve a melhor chance da partida no segundo tempo, quando acertou um chutaço de primeira, mas Jandrei espalmou.

Torcida do Atlético perdeu a paciência com Fabiano Soares, que não gostou de ter sido questionado por conta de Felipe Gedoz de novo. Foto: Jonathan Campos
Torcida do Atlético perdeu a paciência com Fabiano Soares, que não gostou de ter sido questionado por conta de Felipe Gedoz de novo. Foto: Jonathan Campos

O Atlético, inclusive, lutou. Foi para cima, dominou a Chapecoense e esteve mais perto de vencer, enquanto praticamente Weverton não teve tanto trabalho. Mas faltou o gol, o que irritou os torcedores, que passaram a pegar no pé do técnico Fabiano Soares, principalmente por conta das decisões na hora de montar o time. Após a partida, o treinador foi cobrado e xingado, mas evitou revidar, embora tenha criticado bastante esta atitude.

“Eu sou insultado, me mandam trocar um ou outro, quando mudo já não querem mais. Levo 30 anos no futebol e não me meto nestas coisas de insulto. A torcida é soberana e que diga o que quiser, mas eu tenho educação e não entro neste jogo de insultos. Respeito as pessoas. Aqui já me falaram que ano passado um jogador se lesionou e a torcida comemorou. O Walter ano passado era perseguido e este ano fez o gol (pelo Atlético-GO na Arena) e a torcida comemorou. A torcida é soberana e eu não me meto. Agora, eu sou pago para treinar e tentar fazer o melhor. Depois daqui, agradeço e vou embora, porque educação me sobra”, disparou ele.

Sobrou até para as perguntas na coletiva. Ao ser questionado, mais uma vez, por ter deixado Felipe Gedoz e Matheus Rossetto no banco de reservas, Fabiano Soares nitidamente não gostou da pergunta e retrucou, alegando até que mais uma vez o camisa 10 não entrou bem, inclusive piorando o time na reta final do jogo.

“Os grandes jogadores demonstram em cinco, dez minutos. Você questionar que o time foi mal hoje… A equipe jogou bem. Na Bahia, eles não jogaram e ganhamos. Na vida é assim, um dia joga um, outro dia joga outro. Se vou por vocês ou pela torcida, só jogariam quatro ou cinco. Temos onze para jogar. A equipe demonstrou que jogou em ataque, propôs o jogo. Depois, a equipe piorou com as mudanças, quem não quer ver…”, afirmou o comandante atleticano.

Confira a classificação completa do Brasileirão

O Furacão agora só volta a campo no próximo domingo (5), quando encara o Cruzeiro, no Mineirão. Até lá, o time terá tempo para tentar acalmar os ânimos e seguir na busca do G7 do Brasileirão. Talvez só assim para que a paz entre torcida e time volte a acontecer.