Não falta dinheiro

Elenco do Atlético encara um dos clubes mais ricos do mundo

Ao entrar em campo hoje, o Atlético não enfrenta apenas o atual tetracampeão da Super Liga Chinesa, mas sim o expoente do mais emergente mercado de futebol da atualidade.
Desde que teve 50% de suas ações adquiridas pelo bilionário Ma Yun, da gigante do comércio eletrônico Alibaba.com, o Guangzhou aumentou assustadoramente os investimentos em contratações. Há cinco anos o clube gastava cerca de R$ 8 milhões com reforços. Nos últimos oito meses, destinou à qualificação do elenco R$ 244 milhões.

“Há cinco anos a Liga da China era a 60ª no ranking de valor de mercado. Nesta temporada já é a décima. Em um ano eles passam o Brasil. Sem medo de errar. A velocidade é assombrosa”, explica o consultor e proprietário da Pluri Consultoria, Fernando Ferreira.

Para ele o futebol na China está em uma curva ascendente há pelo menos três anos e o sucesso obtido se deve, entre outros fatores, ao futebol ser usado pelo governo como estratégia para o posicionamento do país. “Não é uma bolha. Eles vão jantar o mercado. Não são amadores como no Brasil”, acrescentou Ferreira.

Uma realidade bem diferente de 15 anos atrás. Com pouco dinheiro, menos popularidade e sofrendo com a herança cultural do regime comunista na Ásia e Leste Europeu, o esporte não despertava interesse. O técnico paranaense Zequinha deixou o Atlético em 1999 para desbravar o novo mercado.

Nos nove anos seguintes, conseguiu acompanhar todo o processo evolutivo do futebol chinês. “Cada província tem um clube só. No máximo dois. Por isso a molecada joga pouco e, jogando pouco, evolui pouco também. Tem meninos muito bons e bem treinados, mas ainda falta malícia”, afirmou Zequinha.

No entanto foi a malícia, ou melhor, as práticas maliciosas, as principais responsáveis pela guinada na história do futebol chinês. Em 2012 a Justiça chinesa condenou 39 pessoas, entre dirigentes, presidentes de federações, árbitros e jogadores, por um grande esquema de manipulação de resultados.

A partir dali o futebol chinês começou a melhorar. O curitibano Cuca, do Shandong Luneng, é um dos treinadores mais bem pagos da China (cerca de R$ 1,5 milhão por mês). O mercado de lá se abriu para todos os mercados. “As maiores rendas em negociações do Coritiba em sua história recente (cerca de R$ 13 milhões) foram as vendas de Davi e Júnior Urso para a China”, disse o empresário Luiz Alberto de Oliveira, da L.A. Sports.

Tetracampeão chinês, o Guangzhou deverá ter quatro brasileiros em campo contra o Atlético. Entre eles, o meia Ricardo Goulart, ex-Cruzeiro. Um dos melhores do futebol brasileiro no ano passado, ele foi contratado por R$ 48 milhões, tornando-se a mais cara contratação da história do futebol chinês. Além dele, Elkeson, Renê Júnior e Allan (outro dos reforços para a temporada, que custou R$ 33 milhões) completam o time dos brazucas no Guangzhou.

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