Herói

Com a medalha de ouro no peito, Weverton volta nos braços da galera

Weverton se surpreendeu e se emocionou com a recepção no aeroporto Afonso Pena. Foto: Felipe Rosa
Weverton se surpreendeu e se emocionou com a recepção no aeroporto Afonso Pena. Foto: Felipe Rosa

A imagem vai ficar por muito tempo na mente dos torcedores. Weverton salta – quer dizer, voa – no lado esquerdo e espalma a cobrança de Petersen. Era o nono pênalti da decisão olímpica, que defendido pelo camisa 12 do Atlético, permitiu a Neymar fazer o dele e dar ao Brasil, dentro do Maracanã, a tão sonhada medalha de ouro. O garoto de Rio Branco, capital do Acre, que virou ídolo em Curitiba, era o mais novo herói nacional. Assim foi tratado pela torcida e por todos, daquele pênalti defendido no Rio até a chegada festiva em Curitiba no final da tarde de domingo (21).

Um personagem diferente. Primeiro por ser o único jogador da seleção olímpica de fora do eixo principal do nosso futebol – Rio, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul (além dos que atuam na Europa, claro). Acreano de nascimento, curitibano por adoção, Weverton foi também o último convocado, entrando na vaga do lesionado Fernando Prass. E ninguém mais que ele foi contestado – a imprensa do Rio e de São Paulo falaram em todos os jogos de uma “instabilidade” do goleiro, sendo que a defesa brasileira sofreu um gol apenas na Olimpíada.

E se havia dúvidas, elas foram dissipadas pelas defesas contra Honduras e Alemanha e, claro, no pênalti decisivo, que o transformou em herói. “Acho que sim. Pelo pênalti defendido, e depois veio o gol do Neymar, pode-se dizer que por um dia eu fui herói nacional”, admitiu o goleiro rubro-negro, que virou personagem de reportagens especiais, matérias e fotos gigantescas, perfis feitos apressadamente por jornalistas que talvez nem o conhecessem direito (mal de quem acha que o futebol não existe fora dos doze grandes times do País).

Ontem pela manhã, ele foi a estrela do Esporte Espetacular, da TV Globo. No Parque Olímpico que ele só pôde conhecer no último dia da Olimpíada, foi parado para fotos, autógrafos e simples abraços de quem viu o Brasil enfim ganhar uma medalha de ouro. “A ficha não caiu. Não entendi o tamanho do feito, da alegria que a nação brasileira sente nesse momento. Vai demorar alguns dias”, afirmou Weverton, que se emocionou ao rever os lances da partida ao lado dos apresentadores Alex Escobar e Glenda Koslowski.

No Rio de Janeiro (e um pouco também na chegada em Curitiba), Weverton viu que seu status de ídolo do Atlético não é impeditivo para o carinho dos outros torcedores. Ele consegue ser um dos raros atletas – como Marcos, como Alex, como Pachequinho, como Sicupira e Krüger – respeitados pela cidade. E fala como um de nós. “Acho que todo curitibano tem respeito pelo que fiz na seleção hoje”, comentou.

E se na vida louca do futebol Weverton já precisa estar a postos porque o Atlético enfrenta o Grêmio na quarta-feira (24) pela Copa do Brasil, a agenda do goleiro tem um compromisso nesta segunda (22) – esperar a convocação da seleção brasileira, que será divulgada pelo técnico Tite. Mais uma vez, a imprensa nacional descarta o goleiro. Ele segue confiante. “Eu estava em Recife (após a derrota do Atlético para o Sport), de repente tocou o telefone, no dia seguinte eu estava concentrado com a seleção olímpica, e 20 dias depois estou com a medalha de ouro no peito. É uma loucura, não sei o que vai acontecer comigo, mas espero que aconteçam coisas boas na seleção”, finalizou.

Rebarba

A primeira informação da chegada de Weverton era às 11h30 da manhã de ontem. Por isso, a torcida do Atlético se mobilizou através das redes sociais para receber o goleiro campeão olímpico. E quando a manhã surgiu, já havia gente no aeroporto Afonso Pena para esperar pelo camisa 1 da seleção brasileira.
Quando deu a hora marcada, a movimentação era grande. Era muita gente que saíra de casa para aplaudir Weverton. Mas, como é normal nesses dias pós-conquista, a agenda do goleiro foi bastante alterada. Enquanto a torcida esperava, ele dava entrevista no estúdio da TV Globo no Parque Olímpico da Barra.
E, involuntariamente, quem recebeu a saudação da torcida foi Luan, atacante que vem do Palmeiras para reforçar o Atlético. Surpreso com o que acontecia, o jogador virou alvo dos flashes e garantiu chegar motivado. “Espero poder ajudar o Atlético. Venho com bastante vontade para subir na tabela”, disse, em entrevista à rádio Banda B.

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