Jogo maluco!

Atlético se classifica na Copa do Brasil graças a Felipe Gedoz

Felipe Gedoz não é um cara que os treinadores gostam. Mas tem uma grande virtude - tem muita moral com a galera. E ontem resolveu a parada. Foto: Jonathan Campos

Eram quase 20 minutos do segundo tempo, e o Atlético perdia para o Tubarão por 2×1 em plena Arena da Baixada. Foi quando o técnico Fernando Diniz chamou Pablo para entrar na equipe. Ouviu xingamentos e gritos de “burro” vindos da torcida e pedidos por Felipe Gedoz. O meia não é um jogador adorado dentro do CT do Caju. Isto desde os tempos de Paulo Autuori. Ele não é um, digamos assim, atleta exemplar. Dia desses, inclusive, foi cobrado pelo treinador – que, estava claro, não estava a fim de colocá-lo no jogo desta quarta-feira (21). Mas quando a coisa apertou, foi Gedoz quem entrou. Como a torcida queria. E foi ele quem marcou um golaço aos 48 minutos, o gol da classificação na inacreditável vitória por 5×4 que colocou o Rubro-Negro na terceira fase da Copa do Brasil, para enfrentar o Ceará, com a primeira partida na próxima quarta (28), em Curitiba.

Confira como foi o jogo no nosso Tempo Real!

Foi uma partida doida. O primeiro tempo foi mais normal. E a troca de passes e a pressão intensa, marcas do trabalho de Fernando Diniz, foram apresentadas pelo Atlético nos 45 minutos iniciais. Com o time todo dentro do campo do Tubarão, o Furacão rondava a área de Belliato. O Furacão jogava compactado. Quando atacava, os três zagueiros ficavam bem à frente – Thiago Heleno ficava na intermediária ofensiva, por exemplo. Os laterais eram alas mesmo. Analisando a movimentação de Jonathan e Thiago Carleto, era possível ver que eles voltavam pouco para a marcação, estavam toda hora no ataque, e ao mesmo tempo. Guilherme e Nikão tinham liberdade de flutuar, auxiliando Raphael Veiga e Matheus Rossetto na articulação e chegando para finalizar. Apenas Ribamar tinha uma função mais fixa, e até por isso era o que menos aparecia.

Jonathan, pra variar, foi um dos destaques do Atlético. Foto: Jonathan Campos
Jonathan, pra variar, foi um dos destaques do Atlético. Foto: Jonathan Campos

Toda essa versatilidade atleticana na frente tinha um preço. A equipe era vulnerável demais aos contra-ataques – anote isto. Mesmo assim, os donos da casa não tinham nenhuma cautela. Saíam mesmo para o ataque, tentavam por todos os lados e mantinham amplo domínio da posse de bola, quase 70% no primeiro tempo. E se Diniz é o técnico que mais tenta no Brasil repetir a forma europeia de controlar um jogo através dos passes, os números eram evidentes: apenas no primeiro tempo, foram 402 passes (quatro vezes mais que o adversário), 18 finalizações e 18 cruzamentos.

Ribamar estava bem abaixo da média, e por isso nem voltou do vestiário. Bergson entrou em seu lugar. Afinal, era preciso transformar todo esse domínio em gols. E ele precisou apenas de seis minutos para marcar, após o cruzamento de Rossetto. Só que o atacante, na empolgação, acabou cometendo um erro fatal – fez uma falta desnecessária na linha de fundo. Falta que foi parar na cabeça de Matheus Barbosa. Aos 10 minutos, o Tubarão empatava o jogo.

Só que a partida virou um drama com 18 minutos, quando Batista ganhou de Carleto na área (onde estavam os três zagueiros?) e virou a partida para os visitantes. Fernando Diniz desmontou o esquema e colocou Lucho González no lugar de Wanderson. Deu certo: Bergson de novo apareceu, chutando forte; o goleiro rebateu e Matheus Rossetto aproveitou o rebote para empatar.

Bergson comemorou com estilo seu gol. Foto: Jonathan Campos
Bergson comemorou com estilo seu gol. Foto: Jonathan Campos

Sem tática

Se na primeira etapa foi possível ver a parte tática do Atlético de Fernando Diniz, no segundo tempo isso foi impossível. Era um jogo maluco, de uma equipe toda no campo adversário e outra com chances claras de contra-ataque. Pra quem gosta de emoção, prato cheio. No momento mais tenso da partida, o árbitro marcou pênalti de Guilherme Amorim em Guilherme. E o próprio Guilherme cobrou com estilo para virar de novo o jogo.

Resolvido? Que nada. Aos 33, Lucas Costa empatou de cabeça – terceiro gol do mesmo jeito. Ia ser assim? Não, seria mais desesperador ainda. Aos 39, Thiago Heleno levou um drible desconcertante, e Romarinho rolou para Daniel Costa marcar (com o pé) o quarto gol do Tubarão. Mas o General conseguiu se recuperar a tempo, empatando o jogo aos 45 minutos. Não dava pra entender, era improvável demais. Só que ainda faltava o mais improvável dos heróis, o jogador que os técnicos não gostam. E foi Felipe Gedoz, que nem era para entrar, que aos 48 minutos classificou o Atlético. De novo ele, e de novo graças à torcida.

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