Rompimento definitivo

Atlético pede o fim das torcidas organizadas

Se ainda alguém achava que havia possibilidade de aproximação entre a diretoria do Atlético e as torcidas organizadas Os Fanáticos e Ultras, a pá de cal foi dada. Em longa nota oficial divulgada na tarde desta quinta-feira (23), pouco mais de duas horas depois do empate com a Chapecoense, o Furacão anunciou-se a favor da extinção das organizadas “a começar dentro de seu próprio patrimônio, no estádio Joaquim Américo Guimarães” – outro fato raro, chamar a Arena com o seu nome original.

O rompimento definitivo vem na esteira de uma série de problemas na Baixada e mesmo fora do estádio rubro-negro. As ameaças feitas pela Fanáticos aos jogadores e a longa briga entre as duas facções (formalmente encerrada no início deste ano) se somaram às críticas antigas de que as organizadas servem “para criar tumultos, pânico, violência e incitar o ódio entre semelhantes através de seus cânticos”, como aponta a nota atleticana.

Nas últimas semanas, o Atlético proibiu a entrada de qualquer adereço das torcidas. “Após diversas justificativas de que o estádio estava ficando uma ‘geladeira’, autorizou, como medida de exceção, a utilização das baterias. Não foi o suficiente. Hoje a torcida mantém ‘protesto’, agora pela liberação das tão importantes faixas, camisas e bandeiras próprias”, seguiu a nota, que alega que o interesse das organizadas é faturar em cima do clube.

Diz o texto: “Atualmente, as torcidas organizadas existem para explorar economicamente símbolos, imagens e tradição do clube. São seus verdadeiros concorrentes no mercado. Para essas torcidas, mais importante do que estar presente no estádio torcendo pelo Furacão é hastear faixas e bandeiras próprias e vestir suas camisas, com a única finalidade de expor a sua marca. Vestir a camisa do CAP, não satisfaz”.

O fato de o Atlético ser o clube com mais punições por mau comportamento de torcedores e sofrer “prejuízos causados por estas instituições piratas, com a morte de inocentes, espancamentos, rixas, perda de mandos de campo, portões fechados, o esvaziamento dos estádios pelas famílias, proibição da venda de bebidas e etc” fez o Atlético tomar a decisão, segundo a nota oficial.

A partir de agora, sem adereços, o Atlético diz esperar que haja uma mudança no perfil dos torcedores que vão à Baixada. “Famílias nos estádios estão se tornando fato raro. E cada vez mais será, caso nenhuma providência incisiva, corajosa e eficaz seja adotada. Algo precisa ser feito. E logo. Para tanto, contamos com o apoio da verdadeira torcida atleticana e de todos os entes que de algum modo atuam nesse processo. É justamente por um futuro de segurança, conforto e paz dentro e fora dos estádios e com o retorno das famílias que o Clube propõe esta união pela extinção das torcidas organizadas e o fim da violência no desporto”, completa a nota.

Leia abaixo a nota na íntegra:

O Clube Atlético Paranaense, por suas mesas diretoras do Conselho Administrativo e Deliberativo, vem a público manifestar seu posicionamento pela extinção das torcidas organizadas, a começar dentro de seu próprio patrimônio, no Estádio Joaquim Américo Guimarães.

As torcidas organizadas foram concebidas como agrupamento de torcedores que se reuniam com um único propósito: torcer pacificamente pelo seu time do coração e manifestar tão somente sua paixão nos estádios de futebol. E hoje, o que temos?!

Temos torcidas organizadas que precipuamente utilizam o pretexto de torcida para criar tumultos, pânico, violência e incitar o ódio entre semelhantes através de seus cânticos., O Clube é apenas um subterfúgio para justificar licitamente sua existência.

Atualmente, as torcidas organizadas existem para explorar economicamente símbolos, imagens e tradição do Clube. São seus verdadeiros concorrentes no mercado. Para essas torcidas, mais importante do que estar presente no estádio torcendo pelo Furacão é hastear faixas e bandeiras próprias e vestir suas camisas, com a única finalidade de expor a sua marca. Vestir a camisa do CAP, não satisfaz.

É fácil constatar. Recentemente, a Diretoria proibiu inicialmente o acesso de adereços das organizadas e, após diversas justificativas de que o estádio estava ficando uma “geladeira”, autorizou, como medida de exceção, a utilização das baterias. Não foi o suficiente. Hoje a torcida mantém “protesto”, agora pela liberação das tão importantes faixas, camisas e bandeiras próprias.

Ora, mais uma vez fica evidenciado que torcer pelo Atlético é mero pretexto.

Nosso Clube (hoje líder no ranking de punições por mau comportamento) e o futebol brasileiro já suportaram demais os prejuízos causados por estas instituições piratas, com a morte de inocentes, espancamentos, rixas, perda de mandos de campo, portões fechados, o esvaziamento dos estádios pelas famílias, proibição da venda de bebidas etc. Vale lembrar e pontuar alguns casos que motivam por si só o presente manifesto:

1) Perda de 09 mandos de campo, sendo 04 com portões fechados, multa de R$ 80 mil, mais um prejuízo direto e indireto estimado em R$ 5 milhões (perda de receitas como bilheteria, custos/prejuízo financeiro e técnico de jogar fora), 25 ações judiciais movidas por torcedores pelo Brasil todo, inclusive uma Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público de Santa Catarina em face do CAP com o valor da causa de R$ 10 milhões, em decorrência da violência protagonizada pelas organizadas do CAP e Vasco na cidade de Joinville, em dezembro de 2013;

2) Perda de 02 mandos de campo e multa de R$ 30 mil em razão da briga entre as Torcidas “Os Fanáticos” e “Ultras” no Atletiba realizado na Vila Capanema, em outubro de 2013;

3) Perda de 01 mando de campo e multa de R$ 20 mil por conta de brigas no Atletiba ocorrido em julho de 2009;

4) Perda de 01 mando de campo em jogo contra o Corinthians pela Copa do Brasil e multa de R$ 10 mil, em abril de 2009;

5) Apedrejamento ao ônibus do Clube e ameaças a toda comissão técnica quando da ida ao aeroporto pela Primeira Liga, em março 2016;

6) Ameaças públicas ao Atleta do Clube, Walter Henrique da Silva, em abril de 2016;

7) Cuspe de torcedor, sócio do setor FAN, no goleiro Vanderlei Farias da Silva do Santo Futebol Clube, em junho de 2016.

É a morte do entretenimento civilizado.

A prática inaceitável de agir com violência fez surgir aberrações. Como explicar a escolta policial das torcidas para que caminhem por lados opostos? Existe algo mais brutal e animalesco?!

Criou-se uma falsa dependência destas torcidas organizadas que “gritam”, “fazem barulho”, mas, ao mesmo tempo, cometem atos de violência e prejudicam demais os seus clubes. Isso não pode mais existir. E entre esta falsa dependência e o retorno das famílias, o Clube Atlético Paranaense opta por esta última.

Famílias nos estádios estão se tornando fato raro. E cada vez mais será, caso nenhuma providência incisiva, corajosa e eficaz seja adotada. Algo precisa ser feito. E logo. Para tanto, contamos com o apoio da verdadeira torcida atleticana e de todos os entes que de algum modo atuam nesse processo. É justamente por um futuro de segurança, conforto e paz dentro e fora dos estádios e com o retorno das famílias que o Clube propõe esta união pela extinção das torcidas organizadas e o fim da violência no desporto.

Vamos mostrar que é possível outro modelo para torcer por nosso Furacão, com festa, alegria, civilidade e amor ao Atlético. É o que realmente importa e é o que o futebol precisa.

Afinal, a camisa rubro-negra do Furacão, esta sim, só se vest,e por amor.

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