Rio de Janeiro – É mentiroso quem diz que o Maracanã não assusta. O estádio já foi maior, mais imponente e mais decisivo, é verdade. Com times melhores, então, o efeito do Maraca era quase irresistível. Que o diga aquele imenso Flamengo de Zico, Júnior (que, quem diria, será hoje meu companheiro de cabine na transmissão da Globo), Adílio e Leandro. Quem enfrentou aquele time diz que quando a torcida começava a gritar, não havia como segurar aqueles caras de vermelho e preto.
- Paulo Autuori reclama do gramado do Maracanã: “É vergonhoso”
- Fortalecido, Atlético encara o Flamengo em jogo com cara de Libertadores
Hoje, o estádio é menor, sem a mesma magia. O Flamengo é forte, mas não é invencível. E o Atlético chega para o jogo das 21h45 desta quarta-feira (12) pronto para suportar a pressão. “Sabendo sofrer”, para usar a palavra da moda. “Não dá para vencer no futebol sem sofrer”, disse Eduardo da Silva na entrevista coletiva da terça-feira (11). Ele não está errado. Mas o que eu espero ver – e imagino que os torcedores do Furacão que estão aqui no Rio e os que assistirão a partida pela TV – é um time que não precise sofrer tanto para jogar.
E para isso, é preciso querer mais. Claro que, dentro do contexto do Grupo 4 da Copa Libertadores, empatar no Maracanã é um excepcional resultado. Se o colombiano Wilson Lamuoroux apitar o final da partida, e lá estiver um resultado igual para Mengo e Furacão, o saldo será positivo. Mas isso não significa que o Atlético tem que jogar para empatar. Muito pelo contrário.
Paulo Autuori falou na coletiva sobre ter uma natureza tática que não pode ser desprezada. Inclusive, quando perguntado sobre “jogar no contra-ataque” – quer dizer, se ficaria esperando o Flamengo atacar -, garantiu que o Atlético será o mesmo que vem atuando desde o início da temporada. E que, segundo ele, está mais maduro do que nas primeiras partidas da Libertadores. Espero que isso signifique uma equipe que não abdique tão facilmente da bola, que não largue a criança na mão do adversário para que ele brinque.
Contra um time que tem qualidade no passe como o Flamengo – desde a defesa, com Réver e Trauco, passando por William Arão e Mancuello e chegando em Diego, esse um cara acima da média -, é preciso evitar que eles tenham a posse de bola. E não há melhor forma de fazer isso do que ficar com a bola. Então, que Lucho, Rossetto, Nikão e Eduardo da Silva possam trocar passes, possam ter chance de controlar o jogo, evitar que os donos da casa imponham um ritmo. Porque se deixar o Fla dominar, aí vem torcida, vem pressão e tome jogo em cima de Guerrero.
E nessa hora há quem sempre diga – “ah, mas o Atlético tem a melhor defesa do Brasil”. Tem, sim. A zaga rubro-negra voltou a funcionar. Weverton segue sua ótima fase, Jonathan é ótimo lateral e Thiago Heleno e Paulo André retomaram a boa fase. E ainda terá Deivid para perseguir Diego até na bandeirinha de escanteio. Mas pensar em apenas parar o Flamengo é pouco. E pensar em contar só com a defesa é menos ainda. É preciso querer mais, é preciso fazer mais. E é possível fazer isso. Mesmo que no final o Furacão empate. E a gente vai achar um resultado positivo.
Leia também: Os bastidores do confuso Campeonato Parananese!