O Atlético entra em campo neste domingo (29), às 16 horas, no estádio do Café, contra o Londrina, assombrado pelo fantasma de um vexame histórico.
Além de cumprir com sua obrigação e torcer pela ajuda de terceiros, o Furacão terá de lidar com a possibilidade de repetir um fracasso histórico.
Em 1980, o clube da Baixada disputou com outras 11 equipes o Torneio da Morte. Se não triunfar no norte do estado, além de torcer para o Foz segurar o Cascavel, reviverá um de seus maiores vexames 35 anos depois.
Nivaldo Carneiro, comentarista esportivo e ex-jogador daquele time, sente um aperto no peito ao lembrar daquele fracasso.
“Não gosto nem de lembrar. É muito ruim jogar um torneio como esse, principalmente para quem está acostumado e jogar sempre disputando o título. São jogos muito desmotivadores”.
Na ocasião, o Atlético terminou a primeira fase, de um campeonato de 20 clubes, na 10ª colocação. Os oito primeiros seguiram na luta pelo título e os 12 últimos jogaram pela permanência na elite.
“Cheguei em 79 e o time foi montado para ser campeão, como agora. O time não correspondeu, alguns jogadores foram embora e todos se desmotivaram. Foi muito difícil”, segue Carneiro, ícone rubro-negro dos anos 80.
Ele não poupa críticas ao atual time. “Eu acho que pela desorganização da diretoria, que não soube que time escalar, merece [lutar contra o rebaixamento]. Os caras estavam de folga, tinham voltado de viagem e foram escalados para resolver. Aquela derrota para o Foz [0 x 1 na Arena] abalou”, disse.
A cicatriz de 80 só não foi mais profunda por causa de um apoio financeiro. Num Brasil em que a inflação mostrava índices de 60% ao mês e salários defasados, o pagamento dos “bichos” era prática comum. “O Valmor Zimermann, que veio a ser presidente depois, prometeu o que hoje seria uns R$ 200 por vitória, pagos ainda no vestiário. Aquilo fez uma diferença absurda para nós”, lembrou. O Atlético foi o campeão do torneio, com 12 vitórias em 22 jogos.
Para evitar que novamente tenha que lutar para não ser rebaixado, o Atlético tem de vencer o Londrina e torcer para que o Cascavel não vença o Foz. Assim chega aos 14 pontos e supera a Serpente, classificando-se para a próxima fase. Caso fracasse, disputa com outras quatro equipes, em turno e returno, a chance de permanecer na elite. Os dois piores serão rebaixados.
“Quem quase rebaixou fomos nós e nós tivemos que levantar. Conseguimos deixar aquele ano menos vergonhoso”, completa Nivaldo. E acrescenta. “Tem de dar uma olhadinha para Foz, mas precisa ganhar do Londrina. E vai ser bem difícil. Espero que não passem pelo que tivemos que passar, será uma marca negativa”.